Tratamentos com
imunoterapia, que estimulam as defesas naturais do corpo, abrem novas
possibilidades para o controle de tumores em estágio avançado
Embora ainda pouco divulgado, o câncer
de bexiga está entre os tumores que mais acometem os brasileiros. Segundo
estimativas do INCA (Instituto Nacional de Câncer), são estimados 9.480 mil
novos casos, sendo que é o sétimo tumor que mais acomete os homens¹. No mundo,
são mais de 430 mil casos atualmente.
O carcinoma de células transicionais é o
tipo de tumor mais comum, com mais de 90% dos casos segundo o INCA, e afeta as
células do tecido interno da bexiga. De acordo com o
Dr. André Fay, Chefe do Serviço de Oncologia do Hospital São Lucas da
PUCRS, esse tipo de câncer é mais frequente em homens, sendo que o principal
fator de risco é o tabagismo, responsável por 65% dos casos².
“O tabagismo aumenta em três
vezes a chance de desenvolver um tumor de bexiga” comenta o especialista. “Após
inaladas, as substâncias químicas presentes no cigarro entram na corrente
sanguínea e são filtradas pelos rins. Quando a urina chega à bexiga, alguns
componentes químicos do cigarro ainda estão presentes, contribuindo para
danificar as células da região” explica.
O Dr. Fay destaca ainda que
os principais sintomas de alerta são sangue e espuma na urina, dor ao urinar e
episódios frequentes de infecção urinária. “É importante salientar que os
sintomas do câncer de bexiga podem ser confundidos com outras enfermidades
menos graves, por isso todos os sinais de alerta não devem ser ignorados e
investigados por um especialista” afirma.
Reativando o
sistema imune
Segundo o Dr. André Fay, a maior parte dos pacientes é
diagnosticada quando a doença já está localmente avançada, o que traz diversas
limitações ao tratamento. “Em tumores de bexiga, a média de idade para o
diagnóstico é de 70 anos, faixa etária em que o tratamento tradicional com
quimioterapia por vezes não é considerado mais uma opção segura, seja pela
idade avançada, ou outras condições clínicas associadas” explica. Nesses casos,
o tratamento com imunoterápicos vêm se mostrando uma alternativa promissora. Em
linhas gerais, essa vertente de tratamento estimula o próprio sistema
imunológico do paciente a atacar as células cancerosas.
Para entender melhor o
mecanismo de funcionamento da imunoterapia neste tipo de tumor, é importante
saber o papel da proteína PD-L1 nessa história: O ligante PD-L1 está presente
na superfície das células cancerosas, e seu papel é inibir as células imunes
que atacariam as células tumorais. “Imagine que o tumor é um “soldado”, que
libera proteínas, ou ligantes, que se encaixam aos receptores dos linfócitos T
– que integram o sistema imune – e impedem que eles iniciem um ataque. A ação
dos imunoterápicos bloqueia os ligantes da doença. Consequentemente, o sistema
imune se vê livre para começar a combater as células cancerosas” explica o Dr.
Fay.
A análise da proteína PD-L1 ajuda os especialistas a identificar
quais pacientes podem se beneficiar desse tipo de terapia. Estudos clínicos tem
demonstrado que a expressão de PD-L1 pelos tumores de bexiga pode estar
associado a um maior benefício clínico dos pacientes³. Nesse contexto,
especialistas enxergam com otimismo os desafios para o tratamento do câncer de
bexiga. “A última década tem sido a mais promissora em avanços para esse tipo
de tumor. Estamos observando ganhos que eram impensáveis algumas décadas atrás,
com tratamentos que demonstram maior precisão e eficácia relacionada a uma
incidência menor de reações adversas, o que é um ganho importante para o
bem-estar do paciente” finaliza o especialista.
AstraZeneca
Referências:
- Instituto Nacional do Câncer (INCA) http://www.inca.gov.br/estimativa/2018/sintese-de-resultados-comentarios.asp <acesso em 20.04.018>
- Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP)
http://www.icesp.org.br/sala-de-imprensa/noticias/291-cigarro-e-responsavel-por-65-dos-casos-de-cancer-de-bexiga-em-homens
<acesso em 05.01.2018>
- Powles et al. JAMA Oncol. 2017 Sep 14;3(9):e172411.
Nenhum comentário:
Postar um comentário