quinta-feira, 12 de abril de 2018

Neurociência e o processo de aprendizagem


Como driblar o cansaço, manter-se motivado e garantir sua concentração com táticas para aprender mais rápido? Especialista do Colégio Salesiano dá dicas para turbinar os estudos


Nos últimos anos, inúmeros estudos foram realizados para compreender de maneira mais objetiva atividades cerebrais e como elas influenciam no comportamento humano. E é justamente nesse contexto que se encaixa a Neurociência, que corresponde à área que estuda o sistema nervoso central, bem como suas funcionalidades, estrutura, fisiologia e patologias. Esse conjunto é responsável por construir as atividades do corpo humano, sejam elas voluntárias ou não. Assim, a neurociência diz respeito à inteligência, aos sentimentos, à capacidade de tomar decisões que um indivíduo possui. O foco da neurociência cognitiva são as capacidades mentais do ser humano: seu pensamento, aprendizado, inteligência, memória, linguagem e percepção. Isso se dá por meio da atenção, da associação, da memória, da imaginação, do pensamento, da linguagem ou dos cinco sentidos.

Com base nisso, as sensações e a percepção do indivíduo norteiam os estudos da Neurociência Cognitiva, ou seja, como uma pessoa adquire conhecimento a partir das experiências sensoriais a que é submetida. Uma música, um aroma, o gosto de uma comida, uma imagem ou uma sensação corporal: tudo isso está englobado, sendo responsável por captar os dados do ambiente e levá-los ao cérebro. A capacidade de manter e trabalhar com informações, focar pensamentos, filtrar distrações e mudar as engrenagens é chamada de função executiva e de autorregulação – um conjunto de habilidades que depende de três tipos de atividades cerebrais: memória de trabalho, flexibilidade mental e autocontrole. As crianças não nascem com essas capacidades – elas devem ser estimuladas para desenvolvê-las. As funções executivas, como outras evolvendo o Sistema Nervoso, apresentam um processo de maturação, que segundo pesquisadores, atingirão seu cume no início da idade adulta – influenciando nesse processo a regulação emocional, as funções cognitivas e o aprendizado. 

Elas estão atreladas ao processo de captação de conhecimento, desenvolvimento de comportamento social e regulação das emoções. Portanto, a neurociência e a educação precisam andar juntas e nós, profissionais da educação, devemos nos informar para planejar as ações para o desenvolvimento integral dos alunos.

Avaliações neuropsicológicas são um método de investigação das relações entre cérebro e comportamento, especialmente, das disfunções cognitivas associadas aos distúrbios e diferentes lesões associados ao Sistema Nervoso Central. O processo visa identificar pessoas em níveis de risco para o desenvolvimento de doenças neurais ou padrões de desempenho anormal. A avaliação é composta por entrevistas, observações e testes psicológicos, que auxiliam no diagnóstico clínico do paciente assim como na estimativa da evolução, prognóstico, delineamento de programas de reabilitação e acompanhamento de tratamento farmacológico e psicossocial. Não existe ainda, no entanto, uma metodologia ou instrumento para avaliação neuropsicológica das funções executivas. Esse ainda é um grande desafio para a neurociência e para os profissionais de educação. Os sintomas de comprometimento de tais funções são dificuldades de planejamento, falta de insight, apatia, perseverança, agitação, dificuldade de concentração, capacidade de tomar decisões limitadas e despreocupação com as normas sociais. Percebe-se uma relação entre estrutura e função, algo está fora da normalidade. Essas disfunções se dão por alterações na região cortical ou subcortical, mas também podem se desencadear a partir de lesões no tálamo e região pré-frontal.





Fábio Moraes  - Coordenador Pedagógico do Ensino Fundamental e Médio do colégio Liceu Coração de Jesus, o professor Fábio Aurélio de Moraes é especialista em Neurociência aplicada à educação pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.
www.liceucoracaodejesus.com.br


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