Surtos de infecção de Hepatite A, doenças
gastrointestinais, gripe e outras viroses respiratórias costumam ocorrer
durante o carnaval. Higienizar corretamente as mãos reduz as chances de
transmissão
“Atrás
do trio elétrico, só não vai quem já morreu!". Caetano Veloso em 1969 já
cantava um dos principais clichês de carnaval: o grande número de pessoas na
rua. No ano passado, a Prefeitura Municipal de Salvador contabilizou 2,5
milhões de foliões na cidade. Rio de Janeiro e São Paulo receberam 6 milhões e
3,5 milhões de turistas, respectivamente, segundo dados da Rio Tour e da
Prefeitura paulista. Com tanta gente na rua, não deve faltar animação para a
folia, e nem os perigos de contaminação por agentes microbianos. Doenças
respiratórias virais (Exemplo: adenovírus, rinovírus, parainfluenza e VSR ) e Hepatite A são algumas das
doenças que potencialmente podem ocorrer sob forma surto neste carnaval.
Júlia
Kawagoe, docente do Mestrado Profissional em Enfermagem da Faculdade Albert
Einstein e consultora técnico – científica da B.Braun Brasil, explica que as
mãos a principal via de transmissão nesses casos. “Nós nos contaminamos ao
tocar em superfícies como corrimão de escada, suporte de ônibus/ trens/ metrô,
entre outros e mexer em água contaminada. Com a nossa mão contaminada,
inconscientemente tocamos nariz, boca ou olhos. E após isso, ainda continuamos
tocando outras pessoas e outras superfícies e perpetuando a cadeia de
transmissão de micro-organismos", explica a especialista.
Ainda
segundo Júlia, o cuidado nas relações sexuais deve ser redobrado, já que
doenças como a hepatite A podem ser transmitidas também através da relação
sexual. “Além da necessidade do uso de preservativos para se proteger dessas
doenças e também de uma possível gravidez indesejada, a proteção por meio da
vacina é fundamental inclusive para adultos”. A especialista ressalta que como
a doença pode ser transmitida através do contato, as crianças também devem ser
imunizadas. “Para crianças de até 5 anos a vacina é gratuita”.
Outro
modo de transmissão de agentes microbianos, especialmente os vírus que causam
gripe e resfriados, ocorre pelos perdigotos contaminados durante o espirro e a
tosse. "As mãos se contaminam ao cobrir a boca e o nariz, e se não forem
higienizadas, podem contaminar as superfícies do ambiente a serem tocados logo
a seguir”.
Banheiros
químicos também são vilões disfarçados nessa esfera de contaminação, já que a
falta de água para higienização das mãos acaba por alimentar a cadeia.
"Parasitoses intestinais e até hepatite A podem ser transmitidas nesses
casos. A dica para reduzir os riscos é levar um frasco de álcool gel pequeno no
bolso ou na bolsa, para usar sempre que for utilizar o banheiro", afirma.
Alimentos
também não estão imunes à contaminação. "Uma das ocorrências comuns nesta
época do ano é a gastrenterocolite aguda (GECA), cujo quadro inclui vômitos e
diarreia (podendo causar desidratação), devido à manipulação e consumo de
alimentos produzidos sem condições higiênicas e má conservação.
Lembrando que
entre os alimentos, as bebidas (leite, água – gelo também, sucos, batidas)
também podem ser fonte de infecção. Os alimentos podem se contaminar durante e
após o seu preparo, e ao ser consumido. As bactérias (Salmonella spp) ou suas
toxinas (Staphylococcus aureus),
e mesmo os agentes virais (norovírus, adenovírus) podem causar infecções
intestinais".
COMO
SE PREVINIR
Para
tentar fugir de imprevistos e aproveitar a festa do Momo até o fim, a
especialista cita algumas práticas que podem auxiliar no combate dessas
doenças. São elas:
-Ao
tossir e espirrar, cubra a boca e nariz com lenço de papel. Descarte o lenço em
uma lixeira, e higienize as mãos – lavando-as com água e sabonete, ou
friccionando-as com preparação alcoólica. Caso não tenha lenço de papel e não
tiver recursos para higienizar as mãos, não deve tossir ou espirrar nas mãos –
elas ficarão contaminadas e irão contaminar superfícies aos serem tocadas.
Neste caso, tussa ou espirre na parte interna do cotovelo.
-Não leve as mãos à boca, olhos ou nariz. Evitará se
contaminar.
-
Atenção a alimentos e bebidas: não consuma alimentos se desconfiar da
procedência, qualidade, acondicionamento e conservação térmica. A água deve ser
tratada/filtrada, mesmo sob forma de gelo.
- Proteja-se nas relações sexuais utilizando preservativo.
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