terça-feira, 28 de novembro de 2017

Doença pulmonar grave ainda é desconhecida na região sul do país



 Apesar de ter alta incidência de doenças respiratórias, 4 a cada 5 pessoas não conhecem a Fibrose Pulmonar Idiopática, doença crônica e grave que causa enrijecimento progressivo dos pulmões


Os dados do DATASUS apontam que, entre agosto do ano passado e agosto deste ano, a região sul ocupou a terceira posição em número de internações por conta de doenças do aparelho respiratório[i]. O estado do Paraná, por exemplo, apresenta o dobro de internações feitas no Rio de Janeiro. Especialistas destacam que a incidência de doenças respiratórias costuma ser maior no Sul devido ao clima frio e úmido dessa região. Isso porque o ar fica mais propício à proliferação de vírus e a umidade do ar é favorável para o surgimento de mofo e fungos, fatores que podem agravar o quadro de pacientes com doenças respiratórias. 

A pesquisa Panorama da Saúde Respiratória do Brasileiro, encomendada pela farmacêutica Boehringer Ingelheim ao IBOPE Inteligência[ii], alerta que algumas dessas doenças ainda não são conhecidas pela população. É o caso da Fibrose Pulmonar Idiopática (FPI), condição rara, grave e crônica que afeta os pulmões, provocando o enrijecimento progressivo do órgão. Os dados revelam que 4 a cada 5 pessoas não sabem nada a respeito da Fibrose Pulmonar Idiopática na região sul do país. 

Além disso, 42% dos entrevistados da região acreditam que a FPI é grave, mas não sabem que ela pode ser fatal. “A doença é caracterizada pelo surgimento de cicatrizes, que chamamos de ‘fibroses’, nos pulmões, que perdem sua elasticidade e a capacidade de movimento para a respiração adequada. A condição se desenvolve em pouco tempo e o paciente perde a capacidade pulmonar progressivamente”, aponta o Dr. Adalberto Rubin, pneumologista da Santa Casa de Porto Alegre (RS). A FPI tem como principais sintomas a falta de ar e a tosse seca, facilmente atribuídos ao envelhecimento, tabagismo[iii] e outras doenças cardíacas e respiratórias, o que pode confundir o diagnóstico.

O desconhecimento da doença e de seus sintomas tem como consequência a dificuldade do diagnóstico, como explica o Dr. Rubin: “Por ser uma doença rara, sobre a qual os pneumologistas ainda têm pouco conhecimento e os dados sobre sua incidência exata ainda não foram coletados, o diagnóstico da Fibrose Pulmonar Idiopática costuma ser difícil e demorado.

 Infelizmente, é comum que os pacientes só tenham o diagnóstico 2 ou 3 anos após o início dos sintomas”. A FPI atinge entre 14 e 43 pessoas em cada 100 mil no mundo[iv]. Ainda não existem dados específicos sobre a prevalência da doença no Brasil, mas estima-se que seja entre 13 e 18 mil casos por 100.000 habitantes[v]. Devido à similaridade dos sintomas da Fibrose Pulmonar Idiopática com os de outras doenças respiratórias e mesmo cardíacas, estima-se que 50% dos pacientes com FPI sejam diagnosticados de forma equivocada[vi].

A Fibrose Pulmonar Idiopática ainda é de causa desconhecida. Contudo, é mais comum entre fumantes ou ex-fumantes e em pessoas que foram expostas a poluentes ambientais ou no trabalho. Geralmente, a doença é mais prevalente em homens e acomete principalmente pessoas com idade superior a 50 anosiii.

 Essa característica gera um alerta para a população sulina, que apresenta um aumento significativo da sua população idosa. Só na primeira década do século XXI, houve um crescimento de 47% da proporção de pessoas com idade acima de 60 anos no estado[vii]. “O envelhecimento da população e o fato de que a região sul do Brasil apresenta uma das maiores taxas de internamento por doença respiratória no país indicam a necessidade de conscientizar a população sobre essas doenças”, reforça o Dr. Rubin. Os fatores ambientais também podem contribuir para o desenvolvimento da FPI. Na parte sul do estado de Santa Catarina, há uma concentração de indústrias de extração de carvão[viii], que pode provocar o aparecimento de doenças pulmonares.

Embora 86% da população do sul não conheça a existência de tratamento para a Fibrose Pulmonar Idiopáticaii, já existe medicamento que desacelera a progressão da doença em 50%. “O nintedanibe, lançado no Brasil em 2016, representa a esperança para pacientes com a doença. Estudos mais recentes mostram que existem alguns pacientes que conseguiram estabilizar a doença durante o tratamento”, explica o Dr. Adalberto Rubin.



Sobre a pesquisa PANORAMA DA SAÚDE DO BRASILEIRO
Para entender melhor o panorama da saúde respiratória do brasileiro, a Boehringer Ingelheim do Brasil encomendou ao IBOPE Inteligência a coleta de dados de uma pesquisa nacional com homens e mulheres entre 18 e 65 anos das classes A, B e C, de todos os estados do Brasil. O principal objetivo era realizar um levantamento sobre o quanto a população conhece as doenças respiratórias, suas percepções sobre sintomas, tratamentos e impacto nas atividades de rotina, além de saber mais sobre o comportamento de quem respondeu apresentar alguma(s) dessas doenças. A pesquisa, feita via entrevistas por telefone assistida por computador com 2.010 pessoas entre 22 de maio e 04 junho de 2015, demonstrou que 44% dos brasileiros apresentam sintomas respiratórios (tosse, falta de ar, chiado no peito, coriza) que, geralmente, são percebidos como manifestações de doenças como asma, bronquite, DPOC (doença pulmonar obstrutiva crônica).



Boehringer Ingelheim
www.boehringer-ingelheim.com.br e www.facebook.com/BoehringerIngelheimBrasil

 


[ii] Pesquisa “Panorama da Saúde do Brasileiro”, encomendada pela Boehringer Ingelheim do Brasil para o Ibope Inteligência, 2015.

[iii] RUBIN, Adalberto Sperb, et al. "Diretrizes de doenças pulmonares intersticiais da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia." Jornal Brasileiro de Pneumologia 38.suppl. 2 (2012): S1-S133.

[iv] Raghu G, Weycker D, Edelsberg J, Bradford WZ, Oster G. Incidence and prevalence of idiopathic pulmonary fibrosis. Am J Respir Crit Care Med 174 (7), 810 - 816 (2006).

[v] Baddini-Martinez, José, and Carlos Alberto Pereira. "Quantos pacientes com fibrose pulmonar idiopática existem no Brasil?." Jornal Brasileiro de Pneumologia 41.6 (2015): 560-561.

[vi] Collard HR, Tino G, et al. Respir Med 2007;101:1350–4.

[vii] Gottlieb, Maria Gabriela Valle, et al. "Envelhecimento e longevidade no Rio Grande do Sul: um perfil histórico, étnico e de morbi-mortalidade dos idosos." Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia 14.2 (2011): 365-380.

[viii] Fonseca, Fernanda Rodrigues, and Cíntia Honório Vasconcelos. "Estudo da distribuição de doenças respiratórias no estado de Santa Catarina, Brasil." Cad Saúde Colet 19.4 (2011): 454-460.





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