Foi em 7 de setembro de 1822 que o
Brasil conquistou autonomia política, ao ser declarado independente por D.
Pedro I – que viria a ser o primeiro imperador do país. A separação de Portugal
custou aos cofres públicos dois milhões de libras esterlinas. Como não tinha
dinheiro em caixa, foi feito um empréstimo à Inglaterra, o que deu origem à
dívida externa brasileira.
A Independência não provocou rupturas
sociais. A escravidão e a estrutura agrária mantiveram-se. Uma das principais
causas para a independência foi a insatisfação da elite rural em relação à
falta de liberdade econômica e às altas taxas de impostos exigidas pela
metrópole. É bom lembrar que todo o comércio internacional deveria ser
realizado com Portugal, o que chegou a causar uma grave crise de abastecimento.
O certo é que, em relação aos nossos
vizinhos, o Brasil foi um dos últimos a conseguir emancipação política:
Colômbia (1810); Venezuela (1811); Argentina (1816); Chile (1818) e Peru
(1821). Esse atraso, de certa forma, afetou vários setores, especialmente o
processo educacional. No período colonial, a educação básica esteve sempre
atrelada à ação jesuítica. Só no século XIX, com a chegada da Família Real ao
Brasil, criaram-se os dois primeiros cursos superiores, de medicina e
engenharia.
Mas a educação continuou em segundo
plano, gerando uma população com altas taxas de analfabetismo e carência de
profissionais de nível superior, diferentemente do que ocorria nas colônias
espanholas. Em 1538, foi criada a Universidade de São Domingos, na República
Dominicana, e em 1551, a do México e a de Lima, no Peru. A Universidade Federal
do Amazonas, considerada a primeira do Brasil, só surgiu em 1909. E a de São
Paulo, a mais importante do país, apenas em 1932, fruto da iniciativa de
lideranças paulistas, entre os quais Júlio de Mesquita Filho, mandatário do
jornal O Estado de S. Paulo.
Apesar de ter criado um gargalo no
ensino – ainda não resolvido até hoje –, o legado da Independência insere na
sociedade uma mensagem de liberdade e civismo, tão importante para que a
população enfrente as mazelas sociais e siga seu caminho rumo ao
desenvolvimento sustentável.
Luiz Gonzaga Bertelli - presidente do
Conselho de Administração do CIEE, do Conselho Diretor do CIEE Nacional e da
Academia Paulista de História (APH).
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