Todo concurso público do Poder Judiciário deve
incluir questões sobre os direitos de pessoas com deficiência. Desde a edição
da Resolução
n. 230/2016 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), o tema constou em, pelo
menos, 15 editais para ingresso nos quadros de pessoal de tribunais federais, estaduais,
eleitorais e trabalhistas. A inovação faz aniversário neste sábado (22/7).
Dois órgãos exigiram o assunto ainda em 2016: o
Tribunal Regional do Trabalho da 20ª Região (SE) e a Fundação de Previdência
Complementar do Judiciário (Funpresp-Jud). Neste ano, outros 13 exames preveem
o tópico.
Antes, direitos de pessoas com deficiência eram
cobrados em provas para áreas específicas. O tema constava em campos como
engenharia, serviço social e atendimento ao público. Agora, a matéria surge
como tópico básico para todos os cargos, de nível médio e superior, em, ao
menos, cinco provas de tribunais a serem aplicadas até o fim do ano.
População crescente
Cerca de 15% da população global — mais de um
bilhão de pessoas — possui algum tipo de deficiência, estima a Organização
Mundial de Saúde (OMS). A taxa sobe à medida que a população envelhece e
doenças crônicas avançam, segundo o órgão. Entre brasileiros, o índice é de
23,92%, de acordo com o Censo 2010.
"É um grande segmento que o juiz precisa
conhecer, bem como o médico e o arquiteto. Não podem ficar sem esse
conhecimento básico", afirma a superintendente do Instituto Brasileiro dos
Direitos da Pessoa com Deficiência (IBDD), Teresa Costa. "Também é
importante que o técnico saiba que um surdo tem o mesmo direito de ser atendido
que os demais. O cadeirante, por exemplo, pode precisar de ajuda com um
degrau", completa.
Cerca de 500 causas ligadas a pleitos de
deficientes tramitam no Judiciário fluminense, assistidas pelo IBDD. Acesso à
saúde, interdições clínicas e acessibilidade em meios de transporte estão entre
as principais requisições. "São casos que chegam à Justiça toda hora,
direitos básicos à dignidade e à sobrevivência", relata a superintendente.
"Exigir esse conhecimento é um avanço
incrível. Só faz crescer a noção de igualdade na sociedade", define
Teresa. "O Brasil tem uma das legislações mais modernas na área. No
entanto, não consegue fazer com que seja respeitada", diz.
O próprio
teor da resolução é requisitado em prova de concurso, ao lado de leis como o
Estatuto da Pessoa com Deficiência. O texto instituiu comissões permanentes de
acessibilidade e inclusão em todo o Judiciário. Determinou, ainda, a remoção de
barreiras físicas e de comunicação, e que no mínimo 5% do quadro de cada órgão
interprete língua de sinais.
Isaías Monteiro
Agência CNJ de Notícias
Agência CNJ de Notícias
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