A pesquisadora do universo feminino, também
palestrante e escritora Alice Schuch, não crê em absoluto que todo o mundo está
destinado ao protagonismo e nem que tenha obrigação de fazê-lo. O tema de dar a
alma ao outro é um clichê na avaliação dela, um rito bastante recorrente nas
relações sociais.
Seguidamente se ouve essa frase, que pode ser da
professora aos seus alunos, da profissional ao cliente, da mãe para os filhos:
“eu me dou para você”, “me sacrifico por você”, “dou a você a minha alma!”. Em
primeiro lugar precisaria ser demonstrado que a alma daquela pessoa é
complementar ao outro.
Dar-se totalmente não é protagonismo de acordo com
as regras da vida, esse conceito de dar-se, sacrificar-se ou dar a própria alma
carece absolutamente de fundamento.
“Não temos necessidade da alma de outrem ou de dar
a nossa alma para viver com alegria. Posso ajudar o outro, porém sempre
enquanto outro para que não aconteça a substituição, e nesse caso a
interferência. Assim sendo podemos, provisoriamente, auxiliar o cliente o aluno
ou o filho”, explica.
A inteligência quer a realização do potencial total
de si mesma de acordo com a própria especificidade e medida e não lhe convém
aceitar doações ou interferências estranhas a si. “O essencial é resgatar a
mulher que você deixou de ser ou descobrir quem ainda você não conseguiu ser. É
preciso encontrar quem você é”, completa Alice Schuch.
“Somente o que me faz bem merece espaço na minha
vida. Habituadas que fomos a não desfrutar dos nossos êxitos e protagonismo
pessoal e sim seguir o mandato histórico de doar-nos, ser e viver através de
outros, muitas de nós abre invisíveis caminhos que possibilitam o sucesso
alheio em detrimento do nosso e logo a seguir nos ressentimos daquelas vitórias
que não protagonizamos”, observa.
Repetir o clichê “atrás de todo o grande homem está
uma grande mulher” seria como erguer um monumento ao soldado desconhecido, que
depois de dar-se, sacrificar-se e doar a própria vida, permaneceria anônimo.
“Tudo na vida tem prazo de validade! Ah, mas era
tão lindo! Sim, pode ser. Mas não sou eu hoje! Não me convém, porque muita
coisa mudou, o filho cresceu, o neto nasceu, troquei de trabalho, ou de
amigos...”, alerta. A ordem é andar em frente!
Alice Schuch - Palestrante, escritora e pesquisadora do universo
feminino.
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