segunda-feira, 15 de maio de 2017

Moda entre jovens, narguilé pode comprometer saúde bucal



Narguilé, ou cachimbo d’água, é tradicionalmente usado em países do Oriente Médio, Norte da África e Sul da Ásia. Em anos recentes, se popularizou bastante na Europa e nas Américas, principalmente entre os jovens – que, em sua maioria, acreditam que o narguilé é menos prejudicial do que o cigarro. Mas uma coisa é certa: não há uso seguro quando o assunto é tabaco. Sendo assim, a Organização Mundial da Saúde já se posicionou, considerando o uso do narguilé um problema de saúde pública – principalmente pela alta exposição ao monóxido de carbono (CO), que atinge também os fumantes de segunda mão em sessões duradouras. Estudos conduzidos na Arábia Saudita já revelaram grande impacto no sistema cardiorrespiratório dos usuários, mas também um aumento das doenças periodontais – que se caracterizam por um conjunto de condições inflamatórias que afetam a gengiva e podem levar, com o tempo, à perda dos tecidos de suporte dos dentes.

De acordo com Fábio Coracin, vice-diretor do Departamento de Patologia Oral e Maxilofacial da APCD (Associação Paulista de Cirurgiões-Dentistas), uma gengiva saudável costuma apresentar-se firme, cor de rosa, não sangra facilmente e cobre toda a raiz dos dentes – que estão bem presos no osso de suporte pelas fibras de ligamento. “Como qualquer outro produto derivado do tabaco, o narguilé contém nicotina e as mesmas 4.700 substâncias tóxicas do cigarro convencional. Sendo assim, os usuários têm risco aumentado para lesões na boca e na gengiva. Seu uso prolongado também predispõe o paciente ao câncer de boca e à perda dos dentes – limitando muito a qualidade de vida dos pacientes durante o tratamento. Por isso, o uso do narguilé deve ser totalmente desestimulado entre jovens e adultos”.

No Brasil, pesquisa divulgada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) em 2008 já apontava mais de 300 mil usuários de narguilé – número que aumentou consideravelmente nos últimos anos. De acordo com o cirurgião-dentista,  surgem pelo menos dez mil novos casos de câncer de boca no Brasil todos os anos. “Além do fumo – seja ele um cigarro, um cachimbo ou um narguilé – outros fatores de risco são importantes para predispor ao câncer oral: histórico familiar, idade superior a 50 anos e consumo excessivo de álcool. Por isso, quem se enquadra nesse perfil deve dobrar os cuidados com a saúde bucal, estando atento ao aparecimento de feridas que não cicatrizam dentro de uma semana, manchas brancas, vermelhas ou pretas, além de dificuldade de deglutição e sangramento. Quando o diagnóstico é feito precocemente, a cura pode ser total. Infelizmente, as pessoas normalmente recorrem a um cirurgião-dentista quando a lesão está em estágio avançado – o que compromete o diagnóstico e o tratamento”.





Dr. Fábio Luiz Coracin - cirurgião-dentista, vice-diretor do Departamento de Patologia Oral e Maxilofacial da APCD (Associação Paulista de Cirurgiões-Dentistas) – www.apcd.org.br

Fontes:


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