Narguilé, ou cachimbo
d’água, é tradicionalmente usado em países do Oriente Médio, Norte da África e
Sul da Ásia. Em anos recentes, se popularizou bastante na Europa e nas
Américas, principalmente entre os jovens – que, em sua maioria, acreditam que o
narguilé é menos prejudicial do que o cigarro. Mas uma coisa é certa: não há
uso seguro quando o assunto é tabaco. Sendo assim, a Organização Mundial da
Saúde já se posicionou, considerando o uso do narguilé um problema de saúde
pública – principalmente pela alta exposição ao monóxido de carbono (CO), que
atinge também os fumantes de segunda mão em sessões duradouras. Estudos
conduzidos na Arábia Saudita já revelaram grande impacto no sistema
cardiorrespiratório dos usuários, mas também um aumento das doenças
periodontais – que se caracterizam por um conjunto de condições inflamatórias
que afetam a gengiva e podem levar, com o tempo, à perda dos tecidos de suporte
dos dentes.
De acordo com Fábio
Coracin, vice-diretor do Departamento de Patologia Oral e Maxilofacial
da APCD (Associação Paulista de Cirurgiões-Dentistas), uma gengiva saudável
costuma apresentar-se firme, cor de rosa, não sangra facilmente e cobre toda a
raiz dos dentes – que estão bem presos no osso de suporte pelas fibras de
ligamento. “Como qualquer outro produto derivado do tabaco, o narguilé contém
nicotina e as mesmas 4.700 substâncias tóxicas do cigarro convencional. Sendo
assim, os usuários têm risco aumentado para lesões na boca e na gengiva. Seu
uso prolongado também predispõe o paciente ao câncer de boca e à perda dos
dentes – limitando muito a qualidade de vida dos pacientes durante o
tratamento. Por isso, o uso do narguilé deve ser totalmente desestimulado entre
jovens e adultos”.
No Brasil, pesquisa
divulgada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) em 2008
já apontava mais de 300 mil usuários de narguilé – número que aumentou
consideravelmente nos últimos anos. De acordo com o cirurgião-dentista,
surgem pelo menos dez mil novos casos de câncer de boca no Brasil todos os
anos. “Além do fumo – seja ele um cigarro, um cachimbo ou um narguilé – outros
fatores de risco são importantes para predispor ao câncer oral: histórico
familiar, idade superior a 50 anos e consumo excessivo de álcool. Por isso,
quem se enquadra nesse perfil deve dobrar os cuidados com a saúde bucal,
estando atento ao aparecimento de feridas que não cicatrizam dentro de uma
semana, manchas brancas,
vermelhas ou pretas, além de dificuldade de deglutição e sangramento. Quando
o diagnóstico é feito precocemente, a cura pode ser total. Infelizmente, as
pessoas normalmente recorrem a um cirurgião-dentista quando a lesão está em
estágio avançado – o que compromete o diagnóstico e o tratamento”.
Dr. Fábio
Luiz Coracin - cirurgião-dentista,
vice-diretor do Departamento de
Patologia Oral e Maxilofacial da APCD (Associação Paulista de
Cirurgiões-Dentistas) – www.apcd.org.br
Fontes:
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