Enquanto olhos
da nação se voltam para o presidente, investigações em cima da administração do
Grupo são ofuscadas
Aparentemente o Grupo JBS
está mesmo de mudança para os Estados Unidos. A recente delação dos
controladores do Grupo JBS, Joesley e Wesley Batista, contra o governo Temer
lançaram incertezas políticas e econômicas ao cenário brasileiro. Enquanto os
olhos da nação se voltam para as investigações em cima do presidente Michel
Temer, o país cega os olhos para as inúmeras investigações em cima do Grupo JBS.
Aproximadamente 80% das
operações da empresa já estão no exterior, sendo que 56 de suas fábricas estão
nos EUA e são responsáveis por mais da metade de suas vendas globais. Os
proprietários do Grupo já estão no país, em Nova York, onde a base de operações
só aumenta. Em dezembro passado a empresa realizou um IPO na Bolsa de Nova
York, dando início a um amplo processo de realocação que claramente retira a
administração geral da empresa de solo brasileiro.
Quem abriu a IPO foi a JBS
Foods International, com sede na Holanda. Ainda em 2016 eles tentaram migrar
sua sede para a Irlanda, algo que só não foi possível graças à oposição do
Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social - BNDES. A ida para os
EUA, que não pode ser considerado paraíso fiscal, como a Irlanda o foi na
época, parece ter sido a saída.
O silêncio do BNDES foi
questionado, na época, como apoio aos negócios praticados em benefício da
família Batista Sobrinho. O órgão ligado ao
Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, foi notificado
sobre os atos da administração do JBS onde os administradores do Grupo
favoreceram seu próprio banco, o Banco JBS S/A, hoje Banco Original. A acusação
é de ter utilizado recursos da empresa de capital aberto para alavancar os
negócios do Original e da JBS Negócios Agropecuários.
A interpelação
indagava à Presidência do BNDES se ela apoiava os atos da família controladora
do JBS ou se adotaria medidas para afastar o controlador da administração do
frigorífico. Nada foi feito, e agora o Grupo, que continua sendo investigado em
diversas operações como a Lava Jato e a Carne Fraca, solta uma delação
devastadora para a economia e administração do país, e se prepara para
deixa-lo. Enquanto isso seu acionista, BNDES, continua calado.
A CVM, assim como
o Banco Central, foi acionada pelo advogado Nacir Sales, porque o JBS não pode
realizar negócios em benefício de seus controladores, uma vez que a empresa
possui milhares de acionistas que compraram ações na BOVESPA. O interesse dos
investidores do mercado de capitais é protegido pela CVM, órgão regulador que
por isso mesmo é chamada de “xerife do mercado”. “O BNDES não poderá manter a
sua atitude de indiferença, ainda mais agora dado o cenário, sob pena de a
própria administração incorrer em responsabilidade”, afirma Sales.
Quando dos fatos
denunciados, o Ministro Henrique Meirelles era Presidente do Banco Central do
Brasil, e a representação levada ao BACEN na mesma época dava conta que o Banco
Original jamais poderia ter sido fundado da forma que foi, já que seu primeiro
presidente, Geraldo Dontal, era réu no processo do Mensalão Mineiro, não
preenchendo a condição legal da "reputação ilibada". Além disso, não
poderia ter se utilizado de uma companhia de capital aberto, o maior
frigorífico do mundo, para alavancar um banco particular da família
controladora do Grupo JBS.
Após sair da
presidência do Banco Central, o Ministro Meirelles, sem dar notícias de haver
punido publicamente o Banco JBS, veio a presidir a empresa que é dona do
Original e controla o Frigorífico JBS. “Com a situação atual, nos resta saber
quanto mais a justiça irá se cegar diante das ações do grupo”. São mesmo muitas
coincidências curiosas envolvendo o Grupo, que aparentemente é quem mais se
beneficia de sua “delações das delações”.
Nacir
Sales
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