quinta-feira, 4 de maio de 2017

A sociedade da intolerância




Manifestações de intolerância têm sido registradas em diversas regiões do mundo. Guerras, atentados, crimes por ódio racial ou divergências religiosas, xenofobia, homofobia e tantos outros eventos marcam, há tempos, a convivência humana com intolerância e preconceito. Com a modernização e o advento da internet, casos de intolerância também são registrados nas redes sociais, como Facebook, Twitter e Instagram. Ofensas às mulheres, políticos, negros, deficientes e LGBTs são os que possuem maior registro na web.

Ainda que a globalização seja positiva no mundo contemporâneo, ela pode contribuir na disseminação da intolerância, uma vez que muitas ideias são difundidas indiscriminadamente para todos que possuem acesso à rede. Há uma imensa facilidade em se espalhar ideias e ideologias deturpadas, criando, assim, formas de discriminação e intransigência que resultam, na maioria, em coação, opressão e violência. 

A intolerância, seja ela de qualquer espécie, fere o artigo 7º da Declaração Universal dos Direitos Humanos, e se caracteriza pela falta de informação e vontade em se conhecer e respeitar as diferenças em crenças, opções sexuais e opiniões.

Um exemplo claro de conflitos relacionados à intolerância ocorreu na década de 1990 quando os sérvios da Bósnia-Herzegovina iniciaram um conflito étnico e religioso, ao declararem o território independente da ex-Iugoslávia. Nos Estados Unidos, a vitória do atual presidente Donald Trump gerou uma onda de intolerância pelo país, com o crescimento do ódio contra imigrantes, negros, homossexuais, mulçumanos e mulheres .Por meio de uma campanha lançada em 2015, as Nações Unidas vêm atuando pela aplicação dos princípios de inclusão, tolerância e do entendimento mútuo contra a discriminação, principalmente nas questões que envolvem a islamofobia, e contra o ódio.

Países em guerra ou com ideologias radicais não são os únicos que registram casos de intolerância pelo mundo. No Brasil, por haver a característica de ser um país multicultural, também crescem os registros de violência relacionados ao preconceito e à discriminação. Desde a época do Brasil Colônia, a diferença racial e a diversidade religiosa, em especial o Candomblé e a Umbanda, trazida pelos africanos escravizados, são motivos de intolerância no país. Os sentimentos de ódio e intolerância também estão presentes quando há distinção entre ricos e pobres, preconceito contra moradores de determinadas regiões, homossexuais e travestis, portadores de doenças transmissíveis ou a incitação da mídia contra o governo. 

As várias ocorrências de agressões públicas e invasões com quebra-quebra refletem a percepção de um Estado ineficiente, associado à tradição do desrespeito aos Direitos Humanos.  Diversas leis brasileiras estabelecem a igualdade e regem os crimes de preconceito, discriminação e intolerância praticados contra as pessoas. Entretanto, faz-se necessária e urgente a aplicação desses regimentos para que os registros relacionados à intolerância sejam combatidos no país.  
Constata-se, portanto, que a intolerância é um fenômeno antigo e mundial que vem causando implicações e sofrimento a toda sociedade contemporânea. É necessário e urgente que tenhamos mais conhecimento das causas e efeitos dessas manifestações para que possamos atuar pela disseminação da tolerância e pela transformação do pensamento atual.  





Renato Savy - advogado sócio do escritório Ferraz Sampaio e Dutra



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