sábado, 22 de abril de 2017

Metade dos cerca de 12 milhões de brasileiros que tem diabetes não sabem que têm a doença



Segundo especialista, agenda cheia e falta de dinheiro são fatores que dificultam diagnóstico precoce e tratamento adequado



De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), 422 milhões de adultos viviam com diabetes até o ano de 2014 em todo o mundo, um montante que corresponde à 8,5% da população mundial. Para efeito de comparação, em 1980 esse total era de 108 milhões, representando um aumento de 290% em menos de 30 anos. O órgão ainda aponta que metade destes pacientes está dividida entre cinco países: China, Índia, Estados Unidos, Brasil e Indonésia.

Embora seja uma doença crônica, que pode ser controlada, a diabetes ainda é considerada fator de risco para complicações como cegueira e amputação de membros, em decorrência da falta de diagnóstico precoce e tratamento adequado. Um dos principais agravantes para tanto pode ser o acesso dos pacientes à saúde tanto antes dos primeiros sinais da diabetes quanto depois.

É o que aponta uma estimativa da Sociedade Brasileira de Diabetes (SDB). Segundo Marco Krakauer, Diretor de Novas Tecnologias da SBD, cerca de metade das 12 milhões de pessoas que têm diabetes no Brasil não sabem que apresentam a doença. Fatores como falta de tempo e problemas financeiros também são motivos apresentados para a negligência da doença. Mais do que trazer danos ao paciente, o diagnóstico tardio ainda eleva o custo com gastos de saúde, tanto nas famílias como no sistema público de saúde. No Brasil, os custos com internações no SUS por complicações decorrentes do diabetes chegaram a R$92 milhões em 2015, de acordo com a OMS.

Propiciando acesso
Em um cenário como o esperado, de cada vez mais pacientes com diabetes precisando de diagnóstico e acompanhamento, novas tecnologias que propiciem esse acesso à saúde são decisivas para definir como o País lidará com a chamada “epidemia de diabetes”. Com a capacidade laboratorial insuficiente para o volume de testes que seriam necessários para esse controle, a tecnologia Point of Care (POC) aparece como uma das principais alternativas.

Esses testes rápidos, também chamados de exames laboratoriais remotos, permitem a realização de exames confiáveis no local do atendimento, utilizando apenas uma pequena amostra de sangue ou urina do paciente. Por esse motivo, o diagnóstico é mais rápido e permite o acompanhamento correto e mais eficaz para pacientes com doenças como a diabetes.

“Por demandar apenas um aparelho pequeno, essa tecnologia é usada para fazer exames rápidos e pode ajudar muito no tratamento das pessoas com diabetes, especialmente aquelas que têm dificuldade para ir a suas consultas ou mesmo ao laboratório realizar seus exames. Além disso, o imediatismo do Point of Care ajuda a combater a evasão dos pacientes, que por motivos diversos acabam não retornando ao médico ou mesmo ao laboratório para buscar seus resultados", explica Krakauer.

Segundo ele, a tomada de decisão do médico é outro fator importante e extremamente dependente da estrutura de diagnóstico, uma vez que diminui problemas como deslocamento do paciente e a demora no resultado do exame. “O POC também acaba propiciando uma condição melhor de trabalho, pois o especialista não precisa ficar aguardando muito tempo para ministrar um tratamento ou sugerir alguma mudança de dieta do paciente com diabete. A grande vantagem disso é antecipar as modificações de tratamento, economizar no tempo, levar mais acesso ao tratamento ao paciente quem não tem e, em termos de saúde pública, economizar o dinheiro do sistema”, finaliza.




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