Seu país está
em declínio? Mais de 57% das pessoas de 22 países concordam total ou
parcialmente. A percepção negativa é o lado ruim da pesquisa global realizada
no final de 2016 pelo instituto Ipsos, a terceira maior empresa de pesquisa e
inteligência do mundo, com sede em Paris. Os campeões da visão positiva são Índia
(22%) e Canadá (38%). O lado bom é que 67% confiam na recuperação dos
respectivos países, entre os quais se incluem nossos vizinhos Argentina, México
e Peru, ao lado de nações europeias, asiáticas e africanas.
O Brasil
desponta em quinto lugar entre os otimistas, com 80% apostando na retomada do
desenvolvimento – o que é ótimo sinal, pois a confiança no futuro é um dos
pilares para o sucesso das medidas saneadoras da economia. É difícil discordar
da avaliação de Danilo Cersosimo, diretor da Ipsos no Brasil, que explica essa
esperança pelo desejo de mudança expresso em alguns resultados das últimas no
Brasil e nos Estados Unidos, por exemplo, em que discursos antipolítica e “do
novo” foram base das plataformas dos candidatos vitoriosos.
Uma confirmação do
descrédito na política: 69% dos brasileiros sentem que políticos e partidos não
se importam com a população. Pior, a média dos países pesquisados reflete
praticamente a mesma percepção, com 64%, ainda segundo a pesquisa Global
Advisor.
É de preocupar
essa tendência antipolítica no cenário internacional, quando graves questões –
como o terrorismo, a imigração em massa, a escalada das guerras civis, a
degradação ambiental, a quebra de direitos humanos – pedem soluções
negociadas e implementadas por governantes acatados pelos governados. O Brasil,
felizmente, não sofre com boa parte desses problemas, mas aqui estamos num
momento delicado do combate à corrupção, que mobiliza a opinião pública, mas
também pede uma urgente reforma política, que assegure maior eficiência ao
Estado, abra espaço para lideranças comprometidas com o bem de todos e coloque
a sociedade na firme rota de redução das desigualdades que tanto nos
envergonham.
Luiz Gonzaga Bertelli - presidente do Conselho de
Administração do CIEE
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