quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

Chega de choro: adaptação da criança à escola deve ser gradual e espontânea, independente da idade dela



Ao conduzir o processo de adaptação da criança à escola, os pais costumam sofrer mais do que a própria criança, gerando nela estresse e insegurança. Que tal tratar o início das aulas com mais naturalidade?



Pátio interno da Faces Bilíngue


Vai começar a época do choro. Com o início do ano letivo, crianças de diversas idades sentem-se abandonadas pelos pais na porta da escola e se recusam a entrar, muitas vezes em um ambiente que já conhecem do ano anterior. Quando a escola é nova ou é o primeiro ano do pequeno, então, a situação é pior e pode perdurar por semanas. “Tudo será novo e o que é novo realmente pode ser assustador, ao menos no começo. Essa adaptação precisa ser trabalhada, principalmente nas crianças menores, mas os mais velhos também precisam do apoio dos pais”, ensina Katarina Bergami, Pedagoga, Coordenadora Educacional da Faces Bilíngue, escola situada no bairro de Higienópolis, em São Paulo, que há quase 20 anos educa crianças dos quatro meses aos dez anos.

As escolas costumam oferecer aos pais um período de adaptação e eles devem ajudar seus filhos neste momento, acompanhando-os nos primeiros dias, especialmente os menores. “É um erro a escola determinar o tempo que o adulto deve acompanhar a criança na adaptação, até porque cada criança e cada adulto demoram mais ou menos para se adaptar ao novo e para confiar na escola. Sabemos que, na segunda ou terceira semana, os pequeninos já se adaptaram, enquanto os maiorzinhos levam dois ou três dias. Em muitos casos, não é uma questão de idade, mas de personalidade. De qualquer maneira, o ideal é não determinarmos um tempo, mas deixamos as famílias à vontade”.


Cada idade, uma necessidade

Katarina Bergami conta como costuma acontecer a adaptação por cada faixa etária:


Berçário

Em geral, as mães ou avós fazem a adaptação da criança ao berçário. “Temos câmeras no berçário, para que a família acompanhe o bebê o tempo todo”, comenta Katarina. O familiar do bebê pode ficar em período de adaptação o tempo em que achar necessário, acompanhando todos os processos realizados com a criança.


Crianças em idade pré-escolar

Quando a criança é maiorzinha e interage com a sua turma, é normal que fique no colo de seu familiar nos primeiros momentos. A professora e o próprio familiar a estimulam a participar das atividades, sem forçá-la, e ela vai criando coragem e confiança nas pessoas, no ambiente e nas outras crianças, preparando-se para estar ali sem a presença de seu familiar. “Em diversos momentos, ela se afasta do adulto, interage com as outras crianças, as brincadeiras, os objetos e o professor, depois volta ao colo do familiar. Aos poucos, aquela pessoa da família fica cada vez menos necessária na escola e pode deixar a criança. A adaptação é tranquila e sem traumas”.


Crianças em idade escolar

A adaptação é mais rápida nesta idade, mas também varia de criança para criança. “Aos poucos, a criança pede que o adulto não a acompanhe mais. Em geral, em dois ou três dias, essa presença não é mais necessária e há, também, aquelas crianças mais independentes, que se despedem dos pais no primeiro dia, sem que haja qualquer necessidade de adaptação.


A adaptação familiar

Katarina Bergami diz que, muitas vezes, a insegurança é da própria família. “Os pais precisam entender que seus filhos não são incapazes, impotentes. As crianças, mesmo quando não sabem falar, conseguem se comunicar por gestos e sons. Não passarão fome, sede ou sofrerão agressões. Essa adaptação da família é necessária, mas é muito mais psicológica do que prática. É preciso deixar que o processo ocorra naturalmente e confiar em quem cuidará da criança, para que ela também confie na escola”, aconselha.





Katarina Bergami  - educadora,  Coordenadora Educacional da Faces Bilíngue - é paulistana, descendente de pai húngaro (da Transilvânia, atual Romênia) e mãe alemã. Fala, lê e escreve húngaro e alemão fluentemente, assim como o Inglês. Estudou na Escola Waldorf Rudolf Steiner, em São Paulo. Graduou-se em 1982 em Química, pelo Mackenzie. Tem Mestrado em Psicopedagia pela Leibniz Universität Hannover - School of Education (concluído em 1986). Em 1997, realizou o sonho de ter sua escola de educação infantil construtivista, com muitas ideias oriundas da escola Waldorf. Nascia a Carinha de Anjo, que atualmente se chama Faces – uma escola bilíngue de Educação Infantil e Ensino Fundamental I. Katarina coordena as atividades pedagógicas e educacionais.
A Faces Bilíngue é uma escola situada no bairro de Higienópolis, em São Paulo, que atende crianças do berçário (a partir dos 4 meses) ao 5º ano. Com metodologia Sócio-Construtivista, a Faces oferece aos alunos a programação pedagógica pela manhã e atividades eletivas no período da tarde, como inglês, natação, robótica, balé, judô, música, teatro e muitas outras para o desenvolvimento pleno de seus alunos - www.faces.net.br .



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