Nos
últimos anos, registramos mudanças significativas no mercado de trabalho.
Questões como qualidade de vida, realização pessoal e flexibilidade de horários
afetam cada vez mais as escolhas dos jovens profissionais. Além disso, os
avanços na tecnologia também contribuíram para a criação de novas tendências.
Diante desse cenário, as organizações e as formas de se fazer negócios têm
buscado na inovação seu acelerador competitivo.
Seguindo
essa dinâmica, o local de trabalho também passa por mudanças. Como fuga aos
ambientes fechados e regrados de grande parte das empresas, o home office surgiu enquanto saída para a redução de
gastos e para conciliar o trabalho e a família de forma mais prática, flexível
e prazerosa. Outra tendência nessa linha são os coworkings ou
espaços colaborativos para trabalho, em sua maioria, ambientes inovadores e
criativos que permitem maior interação entre pessoas de diferentes nichos de
mercado, permitindo a troca de experiências.
Uma
pesquisa realizada pelo Ekonomio, em parceria com B4i e a Coworking Brasil,
analisa o mercado de coworking desde 2007 quando havia
apenas 6 locais registrados com esse perfil e identificou, no fim do ano
passado, um total de 238 espaços ativos de coworking. Do total,
o estado de São Paulo lidera a lista concentrando 95 espaços colaborativos para
trabalho, e enquanto Minas Gerais possui 23 locais, o estado no Paraná disputa
o terceiro lugar com Rio de Janeiro registrando 20 espaços de coworking. Somente no universo de 141 locais que
participaram da pesquisa da Ekonomio foram contabilizadas mais de 6 mil
posições de trabalho.
As
vantagens dessa tendência representam muito mais do que proveitos para esses
profissionais, são um ganho maior para toda a humanidade quando consideramos o
impacto ambiental dessas atitudes na otimização de recursos. Quando um grupo se
reúne para compartilhar os mesmos recursos, temos menos escritórios funcionando
e uma redução considerável dos custos com construção, energia, água, internet,
além do impacto na geração de resíduos. No caso dos home
offices há ainda a ausência de emissões de gases na atmosfera
gerados na locomoção e que tanto impactam as grandes cidades.
Segundo
dados recentes divulgados pelo Observatório do Clima, as emissões de gases do
efeito estufa no Brasil cresceram 3,5% em 2015 em relação a 2014, chegando a
1,927 bilhão de tonelada de CO2. Dentre os fatores estão o desmatamento, a
geração de energia, o uso de produtos combustíveis, a agropecuária, entre outros.
Porém, um dado alarmante trata da poluição resultante da disposição de resíduos
que teve ligeira elevação de 0,3%. Apesar de representar apenas 3% do CO2
brasileiro, descobrir o que faremos com a quantidade de lixo gerado é uma
incógnita que afeta, principalmente, os grandes centros urbanos.
Segundo
acordo firmado na 21ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro
das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 21) realizada em 2015 em
Paris, o Brasil deve reduzir em 43% a emissão de gases até 2030. Esse também é
o prazo para alcançarmos os Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável, dentre os quais há metas que dialogam diretamente com essas
novas tendências de mercado como o ODS 7 que fomenta o incentivo às energias
renováveis; o ODS 11 que defende a necessidade de tornar as cidades e as
comunidades mais sustentáveis; o ODS 12 que trata do consumo responsável; e o
ODS 13 sobre o combate às mudanças climáticas.
Por isso,
a economia compartilhada e as mudanças de comportamento se mostram como
alternativas importantes na busca por soluções significativas. Nessa conta
talvez ainda não esteja claro se é a tecnologia que está contribuindo para um
comportamento mais sustentável ou se é a necessidade de mudança que está nos
forçando a rever nossas atitudes, mas o que importa é que o resultado seja
positivo. Ainda é pouco, mas já é animador pensar que estamos no caminho certo.
Norman de Paula Arruda
Filho - presidente do Instituto Superior de Administração e Economia (ISAE) e
do Capítulo Brasileiro do PRME da ONU.
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