sexta-feira, 7 de outubro de 2016

O eleitor das capitais nas eleições de 2016



As pesquisas eleitorais de intenção de voto sobre as eleições municipais mostravam o que se confirmou nas urnas: o segundo turno em Curitiba. A dúvida maior na reta final estava em quem disputaria o segundo turno com o candidato Rafael Greca: Fruet ou Leprevost? É fato que a reeleição do atual prefeito Gustavo Fruet se mostrava comprometida desde julho de 2015, quando sua gestão foi desaprovada por 62% dos curitibanos, segundo a pesquisa do Instituto Paraná Pesquisas. De lá para cá ele não conseguiu reverter esse quadro de insatisfação e, pior, se colocou como o candidato de maior rejeição eleitoral entre os eleitores da capital.

Podemos presumir que o atual prefeito e outros que tentavam a reeleição estão provando daquilo que Nicolau Maquiavel, filósofo italiano do século XV, alerta no livro O Príncipe: “conquistar o poder é fácil, difícil é conservá-lo”. Sobretudo nos dias de hoje em que a reeleição para os prefeitos está se tornando cada vez mais difícil. É o que mostrou em 2013 o levantamento feito pelo Valor Data, a partir do cruzamento de dados do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e da Confederação Nacional dos Municípios (CNM). Naquele levantamento o índice de reeleição dos prefeitos no país desabou consideravelmente, entre 2004 a 2012, nos 100 municípios que mais evoluíram no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Em 2004 o índice de reeleição foi de 82%; em 2008, caiu para 68% e em 2012, para 48%.

Portanto, nas eleições de 2 de outubro se consumou algo já esperado. Entre as 26 capitais, 18 terão o segundo turno, entre as quais estão Curitiba, Goiânia, Vitoria, Belo Horizonte, Porto Alegre, Campo Grande, Aracaju, Rio de Janeiro e Florianópolis. Aliás, estas são as dez capitais que lideram o ranking de bem-estar urbano no Brasil, publicado dia 27 de setembro, de acordo com o levantamento do Observatório das Metrópoles e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Dentre os indicadores de qualidade analisados neste levantamento estavam mobilidade urbana, condições ambientais, condições habitacionais, serviços coletivos urbanos e infraestrutura.         

Ou seja, esses dados confrontados aos resultados das urnas nas disputas para prefeitos em 2016 mostra a boa tendência do eleitor nas capitais em exigir cada vez mais dos governantes que tentam a reeleição ou que indicam possíveis sucessores no governo. E que sirva de lição para os prefeitos vencedores deste ano.



Doacir Gonçalves de Quadros -  professor de Ciência Política e do mestrado acadêmico em Direito do Centro Universitário Internacional Uninter.


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