O
cargo de CIO (sigla
em inglês para Chief Information Officer) surgiu inicialmente como uma evolução
do cargo de diretor de TI das organizações. Originalmente, esta mudança de
nomenclatura visava traduzir o aumento da importância de uma posição que antes
focava apenas no planejamento da área de TI das empresas. Tal readequação foi
necessária na medida em que as tecnologias evoluíram e acabaram permeando, de
maneira contundente, todas as áreas de negócio de uma organização ao ponto de
muitas vezes ser impossível dissociar os processos críticos de uma companhia
das ferramentas que os instrumentalizam. Um exemplo disso são as instituições
financeiras. Alguém consegue imaginar algum banco sendo competitivo sem
internet banking? E neste ciclo de mudanças, o perfil do executivo na posição
de CIO precisa evoluir – ou já o deveria ter feito.
E o
presente está muito distante disso quando vemos que ainda permanece como padrão
na maioria das grandes empresas brasileiras ter o CIO respondendo para o CFO
(Chief Financial Officer) e não para o CEO (Chief Executive Officer). Isso
acontece porque, culturalmente, a função de TI ainda é vista no Brasil como uma
geradora de despesas e não como uma viabilizadora de estratégias de negócios,
como acontece nos Estados Unidos e nos países europeus com maiores índices de
competitividade.
Esta
característica fica ainda mais evidente na edição mais recente da pesquisa
anual realizada pelo Gartner com os CIOs latino-americanos, que mostrou que a
otimização de custos está entre as principais preocupações dos executivos da
região. O estudo mostra que a atuação desses profissionais ainda está focada na
busca por melhorias da eficiência operacional e diminuição dos gastos. Questões
importantes, mas que não são, em sua essência, estratégias de crescimento de
uma empresa.
Para
vencer essa resistência não basta achar que o problema está apenas na cultura
ou em um possível engessamento imposto por outros stakeholders, como o CEO, CFO
ou acionistas. As verdadeiras barreiras são justamente as características que
fizeram o sucesso dos executivos de TI no passado, como o alto nível de
especialização técnica e foco na gestão de orçamento. O novo CIO precisa ser
mais generalista, entender dos principais direcionadores de cada área de
negócio para poder apoiar os seus pares nos seus desafios corporativos. Ele
necessita também conhecer profundamente o segmento de mercado que a sua empresa
está inserida para ser capaz de usar as novas tecnologias naquilo que gerará o
maior valor para seus clientes, funcionários e comunidade.
Veja o
exemplo de um CIO cliente da TOTVS. Funcionário de uma grande construtora, ele
recebeu uma proposta para atuar em um segmento totalmente diferente, o de
alimentos. Recentemente, ele comentou que está tendo que reaprender quase tudo
em relação a função de CIO, apesar dos muitos anos de experiência na função,
pois as necessidades de seu novo mercado alvo exigem outras habilidades e
impõem desafios diferentes. Como sua formação e atuação profissional nunca
estiveram restritas às questões técnicas, mas sim complementadas por
capacitações em negócios e em finanças, e porque ele enxergou desde o começo
que seu desempenho dependia fundamentalmente da sua rápida capacidade de
aprendizado e readequação, em pouco tempo de transição, ele conquistou a
confiança do presidente e do C-level da companhia. E é exatamente isso que as
grandes empresas querem: o vice-presidente estratégico e não apenas o “cara de
TI”.
O
mercado está cada vez mais competitivo e os executivos com uma experiência mais
abrangente, sem deixar para trás o DNA tecnológico, saem na frente. A adaptação
para este perfil é o ponto crucial nesta mudança de paradigma e a oportunidade
de se tornar fundamental na empresa. Desta forma, os CIOs poderão fazer com que
a área de TI deixe de ser apenas um departamento de suporte ao dia a dia da
operação e passe a ser uma área essencial aos objetivos do negócio, ajudando as
companhias a atingirem suas metas.
Em um
mundo em que tendências como a transformação digital já estão modificando as
relações profissionais e a dinâmica dos resultados de uma companhia, o CIO que
compreender mais rapidamente o seu papel estratégico será o executivo que
conquistará um lugar cativo ao lado do CEO.
Alexandre Azevedo -
diretor da unidade TOTVS Private
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