Painel gigante
será grafitado na Câmara Municipal de São Paulo, em 23 de setembro, para
alertar sobre os riscos a que as crianças são expostas quando há ingestão de
bebidas alcoólicas na gestação. Também será apresentada pesquisa inédita sobre
o tema
O início da Primavera será
marcado por um dia de conscientização sobre os riscos a que as crianças são
expostas quando há ingestão de bebidas alcoólicas durante a gestação. Em 23 de
setembro, a partir das 10h, a Câmara Municipal de São Paulo receberá uma ação
da campanha #gravidezsemalcool, da Sociedade de Pediatria de São Paulo, cujo
objetivo principal é alertar a comunidade, e em especial as futuras mães, a
respeito de um problema que se agrava a cada ano: a Síndrome Alcoólica Fetal
(SAF).
Pediatras e grafiteiros famosos
estarão unidos a fim de transmitir conhecimento de forma lúdica, porém
assertiva. Sob o mote “Gravidez sem álcool: trabalhando por um futuro melhor”,
Binho Ribeiro, um dos pioneiros do street art na América Latina, ilustrará um
mural de 9 metros quadrados. Binho, cujos desenhos espalham-se por quase todos
os estados brasileiros e por diversos países do mundo, coordenará um grupo de
mães grafiteiras, que o auxiliarão na elaboração da obra.
Além de conferir o trabalho do
renomado artista, os presentes poderão esclarecer todas as dúvidas acerca da
Síndrome Alcoólica Fetal e dos riscos que a bebida alcoólica acarreta no
desenvolvimento a curto e longo prazo da criança. Médicos estarão à disposição
da população, para dirimir eventuais dúvidas e orientar.
Pesquisa inédita
Reforçando o objetivo de tornar a
Campanha uma multiplicadora de informações acerca da doença, também haverá
panfletagem, com folders contendo dados fundamentais para compreender a SAF.
Aliás, para dar dimensão ao problema, será divulgada pesquisa inédita, com
entrevistas de 1115 médicos pré-natalistas, Traça um panorama sobre a posição
dos profissionais e das pacientes quanto à Síndrome, revelando quantos sabem
sobre a SAF e qual o percentual de gestantes que consomem bebidas alcoólicas
recebem no consultório.
Movimentação política
Os médicos irão participar de uma
audiência com o presidente da Câmara, Antonio Donato (PT), para reivindicar a
aprovação imediata do Projeto de Lei 33/2014, do vereador Gilberto Natalini
(PV), que visa, por meio de campanha permanente, levar à população informação
adequada quanto aos riscos da ingestão de bebida alcoólica durante a gestação.
A campanha #gravidezsemalcool
contra a Síndrome Alcoólica Fetal (SAF),
promovida pela Sociedade de
Pediatria de São Paulo, com apoio institucional da
Marjan Farma, e cooperação da
Associação de Ginecologia e Obstetrícia do
Estado de São Paulo SOGESP,
Conselho Regional de Medicina do
Estado de São Paulo, Academia
Brasileira de Neurologia, Associação Paulista
de Medicina e Associação
Brasileira das Mulheres Médicas.
Sobre a SAF
A exposição pré-natal a qualquer
tipo e quantidade de bebida alcoólica pode acarretar problemas graves e
irreversíveis ao bebê. Eles podem revelar-se logo ao nascimento ou mais
tardiamente e perpetuam-se pelo resto da vida. A Síndrome Alcoólica Fetal (SAF)
apresenta diversas manifestações, desde malformações congênitas faciais,
neurológicas, cardíacas e renais, mas as alterações comportamentais estão sempre
presentes. Contabiliza, mundialmente, de 1 a 3 casos por 1000 nascidos vivos.
No Brasil não há dados oficiais do que ocorre de norte a sul sobre a afecção;
entretanto, existem números de universos específicos.
Para ter uma ideia, no Hospital
Cachoeirinha, um estudo com 2 mil futuras mamães apontou que 33% bebiam mesmo
esperando um bebê. O mais grave: 22% consumiram álcool até o dia de dar à luz.
“É fundamental ressaltar que o
melhor caminho é realmente a prevenção” completa a Dra. Conceição Aparecida de
Mattos Ségre, do Grupo de Prevenção dos Efeitos do Álcool na Gestante, no Feto
e no Recém-Nascido da Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP). “Não há
qualquer comprovação de uma quantidade segura de bebida alcoólica que proteja a
criança de qualquer risco. Neste caso, a gestante ou a mulher que pretende
engravidar deve optar por tolerância zero à bebida alcoólica”.
Características
O conjunto de efeitos decorrentes
do consumo de álcool, em qualquer dosagem ou período da gravidez, é chamado de “espectro
de distúrbios fetais relacionados ao álcool”, que inclui a SAF. A frequência
dessas implicações varia conforme etnia, genética e até mesmo a quantidade
ingerida. Isso não significa que todos os bebês expostos serão afetados, mas a
probabilidade é alta.
“Bebês com SAF têm alterações
bastantes características na face, as chamadas dismorfias faciais. Além disso,
faz parte do quadro o baixo peso ao nascer devido à restrição de crescimento
intrauterino, e o comprometimento do sistema nervoso central. Essas são as
características básicas para o diagnóstico no período neonatal”, comenta
Claudio Barsanti, presidente da SPSP.
No decorrer do desenvolvimento
infantil, o dismorfismo facial atenua-se, o que dificulta o diagnóstico tardio.
Permanece o retardo mental (QI médio varia de 60 a 70), problemas motores, de
aprendizagem (principalmente matemática), memória, fala, transtorno de déficit
de atenção e hiperatividade, entre outros. Adolescentes e adultos demonstram
problemas de saúde mental em 95% dos casos, como pendências com a lei (60%);
comportamento sexual inadequado (52%) e dificuldades com o emprego (70%).
Diagnóstico e Tratamento
Em São Paulo, o Grupo da SPSP
cria ações para conscientizar os pediatras, com distribuição de material em
eventos científicos, publicações disponíveis na internet aos associados da SPSP
e cursos voltados para equipes multidisciplinares de capacitação para
reconhecimento e condutas nesses casos.
Nos Estados Unidos e Canadá,
existe um teste que identifica produtos do álcool no mecônio ou cabelo do
recém-nascido. É uma técnica de alto custo, que ainda não está disponível no
Brasil.
“Vale lembrar que os efeitos do
álcool ocasionados pela ingestão materna de bebidas alcoólicas durante a
gestação não têm cura, por isso vale a máxima: o quanto antes parar, melhor
para o bebê, sua família e a sociedade. O diagnóstico precoce da doença e a instituição
de tratamento multidisciplinar ainda na primeira infância podem abrandar suas
manifestações”, completa a Dra. Conceição.
Manhã de Grafite na Câmara
Municipal de São Paulo
Data: 23 de setembro
Horário: 10h às 13h
Local: Câmara Municipal de
São Paulo – Auditório Freitas Nobre
Endereço: Palácio Anchieta
- Viaduto Jacareí, 100 - Bela Vista, São Paulo - SP
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