sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Estudo liga obesidade infantil na idade de 9-11 anos ao diabetes gestacional



O diabetes gestacional pode também influenciar a genética fetal, de forma a influenciar a expressão de genes que dirigem o acúmulo de gordura corporal ou do metabolismo relacionado


Nova pesquisa publicada no Diabetologia (revista da Associação Europeia para o Estudo da Diabetes [EASD]) mostra um aumento do risco de obesidade na infância na idade de 9-11 anos quando a mãe teve diabetes gestacional durante a gravidez.

“A obesidade infantil aumentou dramaticamente, tanto nos países desenvolvidos, quanto nos países em desenvolvimento. Os fatores ambientais pré-natais, perinatais e pós-natais têm impacto direto sobre a  obesidade infantil. Alguns estudos descobriram que a exposição intrauterina ao diabetes mellitus gestacional (DMG) coloca os descendentes em risco aumentado de resultados adversos de longo prazo, incluindo a obesidade”, afirma o pediatra e homeopata Moises Chencinski (CRM-SP 36.349).

Esta nova análise é baseada no The International Study of Childhood Obesity, Lifestyle and the Environment (ISCOLE), um estudo transversal multinacional realizado em centros urbanos e suburbanos em 12 países. O estudo incluía dados de 7.372 crianças, após a exclusão de crianças com dados incompletos, restaram 4.740 crianças. Cada um dos 12 países contou com os seguintes números de crianças com idades entre 9-11 anos: Austrália: 386/ Brasil: 354/ Canadá: 443/ China: 413/ Colômbia: 700/ Finlândia: 401/  Índia: 414/ Quênia: 289/ Portugal: 533/ África do Sul: 120/  Reino Unido: 324 e EUA: 363.

O diabetes gestacional foi diagnosticado de acordo com os critérios do American Diabetes Association (ADA) ou da OMS. Altura e circunferência da cintura foram medidas, usando métodos padronizados. O peso e a gordura do corpo foram medidos utilizando um analisador de composição corporal portátil.

A prevalência de diabetes gestacional relatada foi de 4,3%. A prevalência global de obesidade infantil, obesidade central e gordura corporal elevada foram de 12,3%, 9,9% e 8,1%, respectivamente. Os autores, em seguida, usaram um modelo de computador ajustado para vários fatores (idade materna no parto, educação, modo de alimentação infantil, idade gestacional, número de irmãos mais novos, pontuações insalubres da dieta padrão da criança, atividade física de moderada a vigorosa, tempo de sono, tempo de sedentarismo, sexo e peso ao nascer).

“O risco aumentado para as crianças de mães com diabetes gestacional em comparação com mães que não tinham diabetes gestacional foi de 53% para obesidade, 73% para  obesidade central, 42% para  gordura corporal elevada. A associação positiva ainda é significativa para  obesidade central (risco 54% maior) após ajuste adicional para o IMC materno atual, mas não foi mais significativa para a obesidade e para a gordura corporal elevada”, destaca o médico.

Os autores afirmam que: "os mecanismos pelos quais a exposição ao diabetes no útero aumentam o risco de obesidade dos descendentes não são completamente compreendidos. A exposição ao diabetes materno está associada com excesso de crescimento fetal intrauterino, possivelmente,  devido a um aumento da massa e da gordura fetal e das alterações nos níveis hormonais fetais”. Além disso, a exposição ao diabetes materno e aos níveis mais elevados de açúcar no sangue produz o aumento da insulina e da leptina na prole. O diabetes gestacional pode também influenciar a genética fetal, de forma a influenciar a expressão de genes que dirigem a acumulação de gordura corporal ou do metabolismo relacionado.

“O estudo é o primeiro a avaliar a associação entre o diabetes gestacional e a obesidade infantil usando esses dados difundidos e multinacionais. O diabetes gestacional é associado a um aumento do risco de obesidade infantil entre as crianças com idades entre 9-11 anos de 12 países, mas esta associação não era totalmente independente do IMC materno”, observa o pediatra, que é membro do Departamento de Pediatria Ambulatorial e Cuidados Primários da Sociedade de Pediatria de São Paulo.




Moises Chencinski


Nenhum comentário:

Postar um comentário