A Semana Mundial de
Aleitamento Materno faz parte de um movimento mundial em prol da sobrevivência,
proteção e desenvolvimento da criança. Desde a criação em 1948
que a Organização Mundial de Saúde (OMS) desenvolve ações voltadas à
saúde da criança, devido a grande preocupação com a mortalidade
infantil. Em 1991 foi fundada a Aliança
Mundial de Ação pró-Amamentação – WABA. Essa Organização criou no ano de
1992 a Semana Mundial de Aleitamento Materno (SMAM), com objetivo de promover a
amamentação. Ocorre em 120 países e, oficialmente, é celebrada de 1 a 7 de
agosto.
De
acordo com a WABA o cenário atual não apenas justifica mas também exige que
esforços sejam somados para o incentivo ao aleitamento materno: “Nova
evidência apresentada na revista científica Lancet da Grã-Bretanha, confirma que
o aleitamento materno ótimo poderia salvar a vida de 823.000 crianças e
adicionar US$302 bilhões na economia mundial anualmente. A amamentação é a base
para uma boa saúde para todas as crianças tanto a curto prazo como a longo
prazo, e também traz benefícios para a saúde das mulheres que amamentam. No
entanto, as taxas de aleitamento materno no mundo permaneceram estagnadas nas
últimas duas décadas. Além disso, menos de 40% das crianças abaixo de seis
meses de idade são amamentadas exclusivamente no peito. Na verdade, as mulheres
enfrentam muitas barreiras para amamentar. Muitas vezes as mulheres recebem
informações incorretas por parte dos profissionais de saúde, falta de apoio a
amamentação no círculo familiar, não têm acesso ao aconselhamento qualificado
para a amamentação, enfrentam a promoção agressiva de alimentos para lactentes
e criança de primeira infância, como também de mamadeiras e bicos, ou são
forçadas a voltar a trabalhar logo após o nascimento da criança. Todas estas
barreiras tornam extremamente difícil para as mulheres a amamentação exclusiva
por seis meses (sem líquidos e alimentos adicionais) e a continuação da amamentação
por dois anos ou mais, como recomendado pela Organização Mundial de Saúde”.
Este ano a SMAM irá concentrar
nos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) que os governos ao redor
do mundo se comprometeram a alcançar até 2030, nos quais o aleitamento materno
pode contemplar direta ou indiretamente. Os ODS foram criados a partir dos
Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) e cobrem uma gama de questões
sobre ecologia, economia e equidade. Os novos ODS pretendem combater as causas
da pobreza e oferecer uma visão de desenvolvimento que funcione para todas as
pessoas em todos os lugares.
Entre os objetivos: Educação
de qualidade (amamentação e a alimentação complementar de boa qualidade
contribuem significativamente para o desenvolvimento mental e cognitivo e,
portanto, ajudam no aprendizado), Enfrentar a Pobreza (o aleitamento materno é
um alimento natural e barato para os bebês e crianças da primeira idade. É
acessível para todos e não existe um custo para o orçamento familiar em oposição
à alimentação artificial) e Consumo e Produção responsável (a amamentação é uma
fonte de nutrição e sustento saudável, viável, não poluente e não predatória de
recursos naturais). Demais: Fome zero; Boa saúde e bem estar; Igualdade de
gênero; Água potável e saneamento; Segurança e energia limpa; Trabalho Decente
e crescimento econômico; Indústria, inovação e infraestrutura; Redução das
desigualdades; Cidades e comunidades sustentáveis; Ação contra as mudanças
climáticas; Vida submarina; Vida na terra; Paz, justiça e instituições fortes;
Alianças para atingir os objetivos.
Torna-se evidente que o
incentivo ao aleitamento materno pode contribuir para um desenvolvimento
sustentável: um presente que não comprometa a qualidade de vida das futuras
gerações. Esta reflexão permite avaliar o impacto que a amamentação tem não
apenas na saúde do bebê, da mãe e da família, mas suas implicações sociais,
econômicas, ecológicas e globais.
Amamentar é reduzir
morbidades, mortalidade, desigualdades, violência, danos ambientais. Amamentar
é econômico, cultural; é orgânico, é natural. É uma prática sustentável que
precisa ser apoiada, incentivada e protegida.
Solange
Lisboa – pediatra, formada há mais de 30 anos pela Santa Casa de São Paulo.
Atualmente atua nas cidades de Vinhedo, Valinhos e São Paulo.
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