Estudo divulgado no jornal escandinavo Medicine
& Science in Sports revelou que atletas têm um risco muito maior de
erosão dental do que os não-atletas. Além disso, aqueles que treinam várias
vezes por semana têm mais cárie do que os esportistas com ritmo moderado de
treinos. Concentrado nos triatletas – que praticam corrida, natação e ciclismo
– o estudo identificou que esse grupo consome muito carboidrato em forma de
bebida esportiva, gel e barra durante os treinos. Isso faz com que o pH da boca
se torne ácido e aumenta as chances de cárie e erosão dental.
De acordo com Neide Coto, diretora do
departamento de prótese bucomaxilofacial da APCD (Associação Paulista de
Cirurgiões-Dentistas), as bebidas esportivas atendem a uma necessidade dos
atletas, já que, depois de treinos intensos, a hidratação com esse tipo de
bebida repõe minerais e normaliza a quantidade de açúcar no sangue. Mas elas
podem fragilizar a estrutura dos dentes, porque são capazes de levar o pH da
saliva a uma acidez que põe em risco a integridade dos dentes. “Atletas de alto
nível deveriam se acostumar a revezar entre isotônico e água, a fim de
neutralizar a acidez da bebida esportiva. A quantidade de bochechos com água
corrente e escovação dental desses profissionais também deveria ter atenção
especial”.
Além de cárie e da instalação de
hipersensibilidade dentinária (dor ao ter contato com bebidas quentes ou
geladas), esses alimentos com alto teor de açúcar também podem provocar mau
hálito. “O ideal é que o esportista ande sempre com uma garrafinha recarregável
para encher com água filtrada ao longo dos treinos”.
Até mesmo Nigel Carter, presidente da Oral
Health Foundation alertou os atletas olímpicos a cuidar com mais zelo do
“sorriso campeão” antes e durante os jogos Rio-2016. Pesquisa divulgada no British
Journal of Sports Medicine, realizada logo após os jogos olímpicos de
Londres-2012, mostrou que 55% dos atletas tinham cárie. Além disso, três em
cada quatro atletas tinham gengivite – que é o primeiro estágio da doença
periodontal. O mais preocupante é que 15% deles já tinham atingido um nível de
periodontite (inflamação da gengiva) com danos irreversíveis.
A cirurgiã-dentista da APCD sustenta que
os atletas olímpicos, por serem modelos para jovens do mundo inteiro, deveriam
demonstrar maior preocupação com a saúde bucal, visitar um cirurgião-dentista
regularmente, e escovar os dentes pelo menos três vezes ao dia – fazendo uso de
pasta fluoretada. Vale ressaltar que escovar os dentes é um hábito que deve
durar no mínimo dois minutos para que a higienização seja eficiente, sem deixar
de limpar bem a língua também para evitar o acúmulo de açúcar e,
consequentemente, de bactérias que vão fragilizando a saúde bucal.
Com esse exemplo, as novas gerações de
atletas olímpicos terão uma saúde bucal muito melhor. “Para que isso aconteça,
ações junto a categorias de base de várias modalidades esportivas estão sendo
realizadas com o intuito de orientar e esclarecer quanto à importância da saúde
bucal para a manutenção do desempenho esportivo”, conclui Neide Coto.
Dra. Neide Coto - cirurgiã-dentista, diretora
do departamento de prótese bucomaxilofacial da APCD (Associação
Paulista de Cirurgiões-Dentistas) – www.apcd.org.br
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