quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Atletas olímpicos deveriam cuidar melhor dos dentes



Estudo divulgado no jornal escandinavo Medicine & Science in Sports revelou que atletas têm um risco muito maior de erosão dental do que os não-atletas. Além disso, aqueles que treinam várias vezes por semana têm mais cárie do que os esportistas com ritmo moderado de treinos. Concentrado nos triatletas – que praticam corrida, natação e ciclismo – o estudo identificou que esse grupo consome muito carboidrato em forma de bebida esportiva, gel e barra durante os treinos. Isso faz com que o pH da boca se torne ácido e aumenta as chances de cárie e erosão dental.

De acordo com Neide Coto, diretora do departamento de prótese bucomaxilofacial da APCD (Associação Paulista de Cirurgiões-Dentistas), as bebidas esportivas atendem a uma necessidade dos atletas, já que, depois de treinos intensos, a hidratação com esse tipo de bebida repõe minerais e normaliza a quantidade de açúcar no sangue. Mas elas podem fragilizar a estrutura dos dentes, porque são capazes de levar o pH da saliva a uma acidez que põe em risco a integridade dos dentes. “Atletas de alto nível deveriam se acostumar a revezar entre isotônico e água, a fim de neutralizar a acidez da bebida esportiva. A quantidade de bochechos com água corrente e escovação dental desses profissionais também deveria ter atenção especial”.

Além de cárie e da instalação de hipersensibilidade dentinária (dor ao ter contato com bebidas quentes ou geladas), esses alimentos com alto teor de açúcar também podem provocar mau hálito. “O ideal é que o esportista ande sempre com uma garrafinha recarregável para encher com água filtrada ao longo dos treinos”.

Até mesmo Nigel Carter, presidente da Oral Health Foundation alertou os atletas olímpicos a cuidar com mais zelo do “sorriso campeão” antes e durante os jogos Rio-2016. Pesquisa divulgada no British Journal of Sports Medicine, realizada logo após os jogos olímpicos de Londres-2012, mostrou que 55% dos atletas tinham cárie. Além disso, três em cada quatro atletas tinham gengivite – que é o primeiro estágio da doença periodontal. O mais preocupante é que 15% deles já tinham atingido um nível de periodontite (inflamação da gengiva) com danos irreversíveis.

A cirurgiã-dentista da APCD sustenta que os atletas olímpicos, por serem modelos para jovens do mundo inteiro, deveriam demonstrar maior preocupação com a saúde bucal, visitar um cirurgião-dentista regularmente, e escovar os dentes pelo menos três vezes ao dia – fazendo uso de pasta fluoretada. Vale ressaltar que escovar os dentes é um hábito que deve durar no mínimo dois minutos para que a higienização seja eficiente, sem deixar de limpar bem a língua também para evitar o acúmulo de açúcar e, consequentemente, de bactérias que vão fragilizando a saúde bucal.

Com esse exemplo, as novas gerações de atletas olímpicos terão uma saúde bucal muito melhor. “Para que isso aconteça, ações junto a categorias de base de várias modalidades esportivas estão sendo realizadas com o intuito de orientar e esclarecer quanto à importância da saúde bucal para a manutenção do desempenho esportivo”, conclui Neide Coto.




Dra. Neide Coto - cirurgiã-dentista, diretora do departamento de prótese bucomaxilofacial da APCD (Associação Paulista de Cirurgiões-Dentistas) – www.apcd.org.br

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