terça-feira, 26 de julho de 2016

Preenchimentos estéticos viram um problema quando aplicados em grandes quantidades




“As cirurgias plásticas para retiradas desses produtos podem conter a infecção, melhorar as deformações, mas não removem 100% do produto, que continua a se movimentar pelo corpo”.

É verdade que algumas cirurgias plásticas são importantíssimas para a saúde do paciente, mas os incríveis números de procedimentos realizados no Brasil mostram que o brasileiro é também bastante vaidoso. Segundo o relatório de 2011 do ISAPS, 14,2% de todas as cirurgias plásticas no mundo foram realizadas no Brasil, ficando atrás apenas dos EUA, com 17,2%.

A busca pelo corpo perfeito, no entanto, esconde armadilhas muitas vezes irreversíveis e que podem levar à morte. É o caso de quem opta por esculpir o corpo através de produtos injetáveis como silicone líquido ou outros produtos semelhantes, que trazem problemas à saúde quando aplicados em grandes quantidades.

Segundo o cirurgião plástico Luiz Paulo Barbosa, especialista pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, todas as pessoas que se submetem a esse tipo de procedimento mais cedo ou mais tarde apresentarão algum problema. “E apesar de conseguirmos fazer uma retirada parcial dos produtos através de cirurgias, jamais será possível a sua remoção total”, alerta.

Essas substâncias preenchedoras são atrativas porque prometem tornear o corpo, enrijecer a pele, dar fim as estrias e celulites, além de dar volume e esculpir certas regiões do corpo. Quando utilizadas em pequenas quantidades, mais comumente no rosto para atenuar rugas e linhas de expressão, podem sim trazer benefícios. Porém, o problema está quando utilizadas em grandes quantidades.

“Todos estes produtos, em pelo menos 80% dos casos, apresentarão problemas futuros, que vão desde uma simples inflamação, que você consegue reduzir com o uso de corticoides, até infecções de difícil controle com antibióticos, às vezes necessários altos doses por longo tempo”, explicou o especialista.

Outro problema gravíssimo é a movimentação desse tipo de produto pelo corpo, alterando fatalmente e deformando as regiões, principalmente no contorno das nádegas. É comum também observar que essas transformações podem causar placas endurecidas pelo corpo e, muitas vezes, chegam até o pé causando inchaço e aquela aparência de pés de elefante.

Ainda segundo dr. Luiz Paulo Barbosa, “é muito comum o aparecimento de manchas vermelhas e arroxeadas na pele onde se encontra o produto. Além disso, é possível haver o desencadeamento de distúrbios circulatórios comprometendo principalmente a circulação dos membros inferiores”.

Antes de se submeter a tais promessas a base de substâncias injetáveis, o cirurgião plástico aconselha a pensar no futuro. “Aconselho a todas as pessoas que pretendam se submeter à aplicação de produtos infetáveis no corpo que não o façam, mesmo que tenha sido um presente. Se o desejo de mudar o contorno corporal existir, procure um bom cirurgião e submeta-se a inclusão de próteses de mamas, nádegas, panturrilha, etc, procedimentos muito mais seguros e também reversíveis”.

Vale lembrar que as cirurgias para retirada desses produtos são feitas com o intuito de amenizar dores, desconfortos, diminuir os problemas circulatórios, melhorar as deformações, diminuir a incidência de inflamações, mas dificilmente consegue-se que não mais apareçam por conta dessa movimentação das substâncias pelo corpo. Além disso, é importante enfatizar que essas cirurgias resultam em grandes cicatrizes feitas nas proximidades dos locais afetados.

Outros produtos injetáveis:


O silicone industrial ou mesmo o silicone médico purificado - usado para fabricação de colírios e outros produtos - são proibidos para injeções no corpo desde os anos 80.

A toxina botulínica, comumente utilizada para diminuir os movimentos dos músculos da testa e das rugas em volta dos olhos (pés de galinha), acaba sendo bastante injustiçada entre os preenchedores. “É comum ouvirmos dizer que tal pessoa está ‘botocada’ porque apareceu com a bochecha muito rechonchuda ou com os lábios aumentados demais. O fato é que isso é resultado de aplicação exagerada de outros preenchimentos e não da toxina, ela não serve para isso”, explicou Dr. Luiz Paulo Barbosa, que ainda destaca que ela é utilizada para tratamento de sudorese axilar excessiva e pequenas rugas ao redor da boca. Sua desvantagem é o seu efeito que tem durabilidade de ação em torno de 6 a 8 meses.

Já o ácido hiaulurônico, o único produto que pode ser usado com segurança em qualquer local do corpo, normalmente só é utilizado no rosto, pois as embalagens têm apenas 1 ml, o que inviabilizaria inclusive financeiramente um procedimento maior como a aplicação de 1.000 ml no corpo.  Outra desvantagem é o fato de ser um produto absorvível que precisa de reposição entre 8 a 18 meses, dependendo da metabolização de cada indivíduo.



Dr. Luiz Paulo Barbosa - Formado pela Universidade Federal do Pará, especialista reconhecido pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e Associação Médica Brasileira, membro também da ISHRS - Internacional Society of Hair Restoration Surgery (Transplante Capilar) e da Associação Brasileira de Cirurgia de Restauração Capilar. Foi um dos cirurgiões plásticos pioneiros a ir para a França, em 1981, aprender a técnica de Lipoaspiração com o criador da mesma, Prof. Dr. Yves Gerard Illouz e trazê-la ao Brasil. Entre suas especialidades destacam-se: lifting facial (rejuvenescimento da face), rinoplastia (cirurgia de nariz), transplante capilar, lipoaspiração e lipoescultura, aumento (prótese) de mamas e nádegas, cirurgias de reposicionamento e redução de mamas, entre outras cirurgias estéticas.

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