Coordenadora do ambulatório de
Mastologia da Unifesp – Simone Elias - ministrará seminário que mostra como a conduta após
a mamografia muda a história da paciente
Especialista ainda explica: “autoexame não é prevenção”
Muito se fala sobre
autoexame, mamografia e a importância do diagnóstico precoce do câncer de mama,
mas o que poucos sabem é o caminho que uma mulher percorre ao receber a notícia de uma
anormalidade na mamografia.
De acordo com a coordenadora do ambulatório
de Mastologia da Unifesp – Universidade Federal de São Paulo, a
especialista Profa. Simone
Elias, o assunto ainda é desconhecido pela maioria e causa pânico. “A mulher
geralmente se desespera quando há alguma alteração na mamografia, mas na
maioria das vezes essa alteração pode ser um cisto, nódulo ou calcificações
benignas e não ser câncer”, explica. No entanto, o diagnóstico preciso é
fundamental para diminuir a mortalidade da doença, já que é o câncer mais comum
entre as mulheres, com estimativa para o ano de 2016 de quase 58.000 casos
novos no Brasil.
A especialista explica que
- após os 40 anos - a mulher deve fazer a mamografia anualmente. “Autoexame não
é prevenção e é indicado
quando o acesso à mamografia é muito difícil ou inexistente. A prevenção,
conhecida como prevenção secundária, é o diagnóstico precoce do câncer de mama
feito pela mamografia, que detecta a doença em sua fase inicial e diminui a
mortalidade pela doença.
Outro ponto, câncer de mama não é
necessariamente genético: “a realização da mamografia está indicada para
qualquer mulher a partir dos 40 anos, mesmo aquelas sem histórico familiar”,
explica. Para analisar a mamografia, existe uma
padronização mundial chamada de BI-RADS, que analisa as características das
lesões mamárias e estima o risco de ser câncer. BI-RADS 4ou 5 são encaminhados
para a biopsia.
Biopsias mudam caso a caso
A biopsia é a retirada de uma parte da
área suspeita revelada pela mamografia para análise. Existem basicamente 4
tipos de biopsia: cirúrgica, PAAF (agulha fina), core biopsia (fragmento) ou
biopsia a vácuo, cada uma indicada para um tipo de lesão ou caso. Escolher a
certa é fundamental para o diagnóstico preciso.
A especialista explica que
a biopsia cirúrgica - quase sempre feita com a paciente sob anestesia geral, é
ainda a mais utilizada no país, porém “é bastante invasiva, com maior
possibilidade de complicações”, afirma.
O método mais recente é a biopsia assistida a vácuo
– feita sob anestesia local, minimamente invasiva, guiada por um equipamento de
imagem para direcionar a agulha até o alvo a ser estudado. Esse tipo de biopsia
é a melhor para os casos de microcalcificações agrupadas e irregulares. “A
biopsia a vácuo retira para análise uma amostra maior da lesão e, em algumas
vezes, pode remover toda lesão”. Assim, se consegue evitar que 70-80%
das mulheres com achados inicialmente suspeitos façam uma cirurgia
desnecessária”, explica. “Infelizmente, ainda é pouco usada no Brasil,
apesar de reduzir os custos de internação, complicações e custos sociais”.
A palavra biopsia assusta, mas a especialista
tranquiliza quem está passando por isso. “Quando a lesão é categoria BI-RADS 4,
apenas 1 a cada 5 casos é câncer, e quanto menor a lesão maior as chances de
cura e tratamentos menos agressivos. O médico deve
saber conduzir bem o caso para garantir o diagnóstico adequado e a qualidade de
vida da mulher”, explica.
Seminário
Médico
A especialista ministra
nos meses de agosto e setembro treinamentos com médicos para orientar os
especialistas sobre os tipos de biópsias disponíveis e como a conduta certa
muda a história da paciente. São Paulo é a terceira em incidência na doença, só
perdendo para Porto Alegre e Rio de Janeiro.
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