Para especialista em direito administrativo, servidores engajados
com o bem comum são fundamentais para desenvolvimento do País
Cerca de um ano antes da suspensão dos concursos públicos,
anunciada em setembro do ano passado, pelos ministros Joaquim Levy (Fazenda) e
Nelson Barbosa (Planejamento), o Centro de Seleção e de Promoção de Eventos
(CESPE) organizava o maior concurso da história do país. No total, a banca
responsável pelo edital registrou mais de 1,1 milhão de inscritos naquele que
viria a ser o último concurso da Caixa Econômica Federal antes da medida.
Para Thiago Donnini, mestre em Direito do Estado e professor do
Instituto Brasileiro de Educação em Gestão Pública (Ibegesp), esse número
recorde de inscritos já não surpreende. “Trata-se de uma tendência observada há
alguns anos”. Ele observa, também, uma dimensão preocupante na crescente busca
por trabalho na área pública: “por vezes, essas carreiras são vistas tão
somente pela busca de uma segurança financeira ou, o que é pior, pela percepção
de que no ambiente estatal haveria pouca cobrança por resultados”.
Para o especialista, a ideia de que o ambiente estatal oferece facilidades e comodidades não encontradas na iniciativa privada ainda é reforçada por conta de ineficiências crônicas do Poder Público. “As consequências desse tipo de convicção são nefastas. Aqueles que têm o sonho da carreira pública movidos por percepções como essas representam um pesadelo para a cidadania e para o desenvolvimento do país. Pois reforçam uma cultura avessa à inovação e ao empreendedorismo dentro do ambiente estatal”, diz Donnini.
Por outro lado, existem aqueles que almejam exercer sua vida profissional em órgãos ou entidades estatais com a finalidade de realmente construir instituições mais sólidas. “Um objetivo de ordem financeira será legítimo se estiver aliado à dimensão do desafio institucional. No Brasil, os órgãos e entidades estatais precisam de muita dedicação e esforço de seus servidores para adquirir ou manter credibilidade institucional”, afirma o professor do Ibegesp.
Logo, além do desejo individual, a pessoa que está se preparando
para um concurso público precisa alinhar o seu interesse com a vontade de
enfrentar desafios. “Se essa disposição, que está diretamente
relacionada ao compromisso de construir um país mais justo e desenvolvido,
estiver presente nos sonhos dos que almejam carreiras públicas, ainda que ao
lado do desejo por segurança financeira, podemos dizer que o ‘sonho’ de ser
servidor é legítimo”, ressalta.
Ele conta ainda que a palavra “servidor” não é usada por
acaso, pois o desejo efetivo de servir ao País deve estar presente. “Isso é fundamental
para dar sentido à função que ele venha a desempenhar no ambiente estatal, o
que deve ser feito, claro, em contínuo processo de
aperfeiçoamento pessoal. A necessidade de seguir se aperfeiçoando
será fundamental para o servidor público avançar na sua carreira. É um dos
requisitos básicos para a sua promoção e que deve repercutir, é claro, no
fortalecimento da instituição à qual se vincula”, finaliza Donnini.
Sobre
o Ibegesp
O Instituto Brasileiro de Educação em Gestão Pública é
uma associação educacional e científica sem fins lucrativos, instituída com o
objetivo de disseminar as melhores práticas de gestão pública por intermédio da
educação continuada. Assim, junto a profissionais capacitados para dissertar
sobre diversos temas é promovida a eficácia dos procedimentos internos e
elevado o nível da prestação de serviços públicos aos cidadãos. Para mais
informações, acesse: www.ibegesp.org.br
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