quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Rotina das grandes cidades pode afetar o coração





Segundo cardiologista do HCor, estresse gerado por fatores como trânsito, violência ou excesso de trabalho, favorecem o aumento da pressão arterial e a liberação de hormônios que podem comprometer seriamente a saúde cardíaca

Além de enfrentar uma intensa rotina de trabalho, quem vive em uma metrópole precisa lidar diariamente com fatores bastante desgastantes como o trânsito e a violência. Embora muitos tenham se acostumado ao ritmo dos grandes centros urbanos, enfrentar a rotina dentro deles gera muito mais do que um desgaste físico e emocional. “O estresse vivido por quem mora na cidade geralente causa um aumento da pressão arterial e da frequência cardíaca, além de provocar a liberação de hormônios que também podem prejudicar o coração”, diz a cardiologista do HCor – Hospital do Coração, Dra Magaly Arrais. 
Dra Magaly explica que em função do estado de tensão e alerta contínuo do corpo, o cérebro sofre alterações que levam a uma liberação de altos níveis de hormônios que geram instabilidade no organismo e podem provocar espasmos na artéria coronária, que irriga o coração, além de lesionar células cardíacas, conhecidas como miócitos, por causa do aumento dos radicais livres. “O excesso de hormônios como o cortisol e a adrenalina, por exemplo, aumentam os batimentos cardíacos e elevam a pressão arterial. Por isso, pessoas predispostas ou com problemas cardíacos podem sofrer infartos e até vir a óbito, caso sejam expostos a altos níveis de tensão e ansiedade", explica a cardiologista do HCor. 

Sintomas de estresse   
Para enfrentar a rotina urbana de maneira saudável, é preciso se cuidar. Por isso, a gerente de psicologia do HCor, Silvia Cury, explica como identificar sinais de tensão que podem indicar níveis mais altos de estresse. “Estresse é uma condição de desequilíbrio do funcionamento físico e mental e pode ocorrer quando o indivíduo precisa lidar e se adaptar constantemente com situações diversas e frequentes para serem superadas o tempo todo”, diz a psicóloga. “Fatores como pressão ou competição profissional, violência, insegurança, mudanças na rotina familiar, questões pessoais mal resolvidas ou perdas financeiras podem desencadear o problema”, revela Silvia. 
De acordo com a psicóloga, os sintomas que indicam níveis mais altos de estresse podem aparecer em estágios, nem sempre percebidos pelas pessoas. Primeiramente há a fase de alerta onde o evento estressor está presente e o individuo nem sempre consegue lidar com ele. Nesta fase pode ocorrer tensão física e emocional, dores musculares, irritabilidade, sensibilidade emocional, ansiedade e inquietação. O estágio seguinte é o da resistência onde, o evento estressor, que gera o estresse, está presente o tempo todo e nem sempre o indivíduo tem alternativas de enfrentamento para aquela situação. Nesta fase, pode surgir cansaço e perda de memória, dificuldade de atenção e concentração e aumento da ansiedade, aumento da pressão arterial.
"Quando o indivíduo não consegue se adaptar ao evento estressor e esgota todo seu repertório adaptativo e de possíveis respostas ele entra na fase da exaustão", explica Silvia. "Nesse estágio pode haver consequências mais graves como infarto, doenças de pele como psoríase e até morte súbita. Outras repercussões podem aparecer como: falta de interesse sexual, impotência, distúrbio menstrual, erupções dermatológicas, queda de cabelo, perda ou ganho de peso, desânimo e depressão", revela.

Alivie a tensão
Para lidar com esses problemas, é importante saber gerenciar o estresse. É fundamental reconhecer os próprios sentimentos, os sintomas de estresse, reconhecer as próprias limitações e procurar apoio de especialistas que auxiliem a enfrentar o problema, caso o indivíduo não consiga fazer isto sozinho. O especialista pode ajudar o indivíduo a reconhecer suas fragilidades e ajudá-lo a lidar com elas através dos mecanismos de enfrentamento da situação.  Outras dicas importantes: desfrutar de momentos que tragam prazer e relaxamento, praticar atividade física, ter uma vida social saudável e tirar férias uma vez ao ano. "Vale lembrar que a ingestão de bebida alcoólica, cigarro e o excesso de comida não auxiliam a pessoa. O ideal é buscar o equilíbrio emocional de maneira saudável", finaliza a psicóloga do HCor.

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