quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

GLAUCOMA: Adesão ao tratamento pode despencar




Interrupção do fornecimento de colírio gratuito pelo governo deve  torna o tratamento inviável para 20% dos portadores. Conheça as terapias que podem diminuir o uso dos colírios.

Maior causa de cegueira no mundo, o glaucoma, responde por 12% das perdas de visão entre brasileiros de acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde). Doença sem sintoma, geralmente surge depois dos 40 anos e  está em ascensão no Brasil por causa do envelhecimento da população. A estimativa do CBO (Conselho Brasileiro de Oftalmologia) é de que 1,2 milhão de brasileiros tenham glaucoma
Em 90% dos casos, a doença é caracterizada pelo aumento da pressão intraocular. A principal  terapia é o uso contínuo de colírios que são caros. Por isso, segundo o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto do Instituto Penido Burnier muitos pacientes entrarem em pânico com a interrupção do fornecimento de colírio gratuito a partir deste mês,  anunciada pelo governo. Isso porque, o uso descontinuado da medicação causa cegueira irreparável. O médico explica que a perda da visão não acontece de um dia para outro. É decorrente do aumento da pressão intraocular que , dificulta a irrigação sanguínea da retina e provoca a morte de suas células, bem como do nervo óptico. Não há levantamento no Brasil sobre a atual adesão ao tratamento. Mas o especialista lembra que antes do governo iniciar a distribuição gratuita dos colírios, mais da metade dos portadores só usavam o primeiro frasco recebido durante o diagnóstico. Como acontece em outras especialidades medicas um dos maiores problemas é o engavetamento das receitas.
A boa notícia para quem tem glaucoma é que uma metanálise de 32 estudos recentemente publicada pela Cochrane mostra que a cirurgia de catarata reduziu  a pressão intraocular e o uso de colírio entre pessoas que vinham fazendo o tratamento corretamente. Queiroz Neto explica que isso acontece porque a catarata aumenta a espessura do cristalino e dificulta a circulação do humor aquoso. "A substituição do cristalino por uma lente intraocular flexível melhora esta circulação", afirma. O especialista destaca que a cirurgia de catarata exige um rigoroso controle da pressão intraocular nos meses que antecedem o procedimento, durante a cirurgia e no pós-operatório, não podendo ser considerada uma alternativa terapêutica para o glaucoma apesar do efeito benéfico sobre a doença.
Redução
Os estudos mostram que a cirurgia de catarata teve um efeito moderado sobre a pressão intraocular e  uso de colírio. Os índices revelados pela Cochrane são:
Tipo de Glaucoma
Redução da pressão
Redução de colírio
Glaucoma de ângulo aberto
13%
12%
Glaucoma pseudo-esfoliativo
20%
35%
Glaucoma agudo de ângulo fechado
30%
58%
Glaucoma crônico de ângulo fechado
71%
Raramente foi necessário
usar colírio
O oftalmologista ressalta que a pressão normal do olho é de 10 a 21 mmHg. Para cada milímetro acima disso o risco de lesões no nervo óptico aumenta em até 13%.
Laser pode interromper uso de colírio
Queiroz Neto afirma que a aplicação de laser também conhecida como trabeculoplastia seletiva  pode diminuir e em alguns casos até interromper o uso de colírio para glaucoma. Ele explica que o laser pode aumentar o escoamento do humor aquoso, líquido que preenche o globo ocular. Por isso, diminui a pressão interna do olho. O procedimento, comenta, é seguro, tem baixo custo e é realizado em apenas cinco  minutos por olho. O médico alerta que o glaucoma pode ter recidiva em pessoas que a terapia elimina a doença. Por isso. a recomendação para os maiores de 40 anos é consultar um oftalmologista anualmente. Muitas doenças oculares só apresentam sintomas quando já estão bem avançadas.


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