quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Conheça os riscos dos tratamentos que adiam a puberdade das meninas





Especialista do Delboni Medicina Diagnóstica afirma que a menarca, ou primeira menstruação, só é precoce quando acontece antes dos oito anos de idade

Existe uma preocupação exagerada com a puberdade precoce das meninas, fazendo com que muitos pais solicitem aos médicos a indicação de remédios para o retardamento da primeira menstruação (menarca, no jargão médico). Estes remédios são vendidos sem prescrição nas farmácias e, quando usados sem o acompanhamento devido, podem trazer malefícios à saúde. É o alerta de Myrna Campagnoli, endocrinopediatra que integra o corpo clínico do Delboni Medicina Diagnóstica.
De acordo com a médica, a puberdade precoce não é tão frequente, entretanto, a puberdade normal tem começado cada vez mais cedo, sendo que essas duas condições não devem ser confundidas. “Só é considerado um caso precoce o início da puberdade antes dos oito anos”, revela.
Os principais sinais são o aumento das mamas, pelos pubianos e axilares, odor axilar, crescimento acelerado, além de aumento da oleosidade da pele, espinhas e acne. “Ou seja, as meninas que iniciam o desenvolvimento dos caracteres sexuais secundários com menos de oito anos provavelmente precisarão de tratamento com medicação específica. Depois desta idade, pode ser uma condição normal e, muitas vezes, não se faz necessário o tratamento”, afirma.
A médica reforça que a menarca a partir dos dez anos de idade é normal e, muitas vezes, não precisa ser postergada. “A indicação de tratamento para retardar a puberdade e a menarca é individualizada, pois depende de vários fatores. Esta avaliação deve sempre ser realizada por um endocrinopediatra”, alerta. A Dra. Myrna revela que, se não for por puberdade precoce, o tratamento para adiar a menarca só será realmente indicado para alguns casos. “Tomar remédio para retardar a menstruação interfere no eixo hormonal, no crescimento e no desenvolvimento da criança”.
A endocrinopediatra acredita que, entre os vários motivos de preocupação dos pais com relação à puberdade, existem três que são mais comuns. O primeiro, e compreensível, é que a primeira menstruação realmente está acontecendo mais cedo do que nas gerações anteriores. “As meninas hoje menstruam entre os dez e doze anos. Há algumas décadas, o mais comum era acontecer entre os treze e os 16 anos. E isso assusta alguns pais”, declara.
O segundo motivo é a ideia de que, ao atrasar a primeira menstruação, os pais estariam favorecendo o crescimento da menina, em termos de estatura. “Retardar a menarca nem sempre vai fazer com que a criança cresça mais. O grande crescimento das meninas, chamado estirão, acontece antes da primeira menstruação e os hormônios da puberdade têm papel importante neste processo. E, ao contrário do que muitos acreditam, a menarca não significa o fim do crescimento”, explica.
Por fim, a Dra. Myrna menciona o receio dos pais de que a puberdade predisponha a uma sexualização precoce destas meninas. Para proporcionar tranquilidade durante este processo, a médica sugere manter o acompanhamento pediátrico regular e realizar os exames de rotina, conforme solicitado pelo seu médico. Com isso, de acordo com a especialista, é possível identificar o início do processo de puberdade e avaliar a sua normalidade. E, se for necessário, a menina será indicada a consultar o especialista para uma opinião mais criteriosa.
“Devemos evitar a supervalorização da estatura, receios sociais e questões estéticas como preditores de ‘normalidade’ e indicação de tratamento”, pondera a médica. O diagnóstico da puberdade precoce se baseia na história clínica, no exame físico, nas dosagens hormonais basais e seriadas (prova hormonal), e nos exames de imagem.


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