quinta-feira, 18 de junho de 2015

Excesso de barulho nas grandes cidades é um dos grandes vilões da audição




Surdez precoce pode ser consequência dos ruídos diários a que estamos expostos, nas ruas, no trabalho e até em casa 
O barulho diário dos aviões que pousam e decolam de Congonhas, em São Paulo, atinge diretamente cerca de 31 mil pessoas que moram  em "zonas de ruído com níveis inaceitáveis", impróprias para habitação, no entorno do aeroporto, segundo um mapeamento feito pela Anac - Agência Nacional de Aviação Civil. São moradores de 9.951 casas dos airros de Moema, Jabaquara e Itaim, além de 30 "receptores críticos", como escolas e hospitais.
A fonoaudióloga Isabela Carvalho, da Telex Soluções Auditivas, alerta que não só perto de aeroportos, mas em muitos locais nos grandes centros urbanos, medições de ruído mostram alarmantes 90 decibéis. O nível máximo de conforto é de 55 decibéis no período diurno e de 50 decibéis no período noturno. "Nessa intensidade de 90 decibéis, após quatro horas diárias de exposição, o indivíduo terá sua acuidade auditiva afetada".
Embora haja protestos de moradores de bairros próximos a aeroportos, no cotidiano as pessoas parecem estar a cada dia mais resignadas ao barulho em excesso, dentro e fora de casa. Resultado: estão aumentando os casos de surdez e a perda auditiva está acontecendo mais cedo e não só na velhice, como tempos atrás. Devido ao estresse causado pelo local barulhento, o indivíduo pode sentir também dores de cabeça, problemas estomacais, insônia e aumento da pressão arterial.
“No caso de perda auditiva, como existem pessoas mais suscetíveis aos altos ruídos do que outras, o ideal é consultar um médico otorrinolaringologista, fazer um exame chamado audiometria para detectar se já existe algum grau de perda auditiva e obter as orientações necessárias para prevenir ou impedir o agravamento do problema”, orienta a fonoaudióloga.
Os casos de surdez vêm crescendo vertiginosamente por causa da poluição sonora. Quem mora em grandes cidades percebe o quanto incomoda o barulho do trânsito, de uma buzina, de uma obra. O pior é que, dentro de casa, muitas vezes, o som alto das TVs, rádios e outros aparelhos é prática corriqueira, que também pode afetar a audição. As lesões no sistema auditivo podem ocorrer após uma exposição rápida ou prolongada ao ruído. Isso vai depender da predisposição do indivíduo, do tipo e da intensidade do som.
Na maioria das vezes, o uso de aparelho auditivo devolve a capacidade de ouvir. Mas quando a indicação é o uso de prótese para audição, alguns pacientes se sentem punidos por isso. "Em muitos casos, quando a pessoa procura tratamento, o caso já está mais grave. A perda de audição acontece de maneira lenta e progressiva e, com o decorrer dos anos, a deficiência atinge um estágio mais avançado", explica Isabela Carvalho.
Cabe ao fonoaudiólogo indicar qual tipo e modelo de aparelho é indicado para atender às necessidades do deficiente auditivo. O aparelho será então regulado para tornar os sons audíveis e confortáveis para o paciente. 
A fonoaudióloga conclui com um alerta importante. "A perda auditiva induzida por ruído é cumulativa. Qualquer dano à audição vai se somando ao longo do tempo. Os efeitos podem não ser sentidos de imediato e a percepção do problema auditivo pode vir tarde demais. A exposição frequente ao barulho pode levar, com o tempo, à perda permanente e irreversível da audição”.
Fonte Sonora
Nível em Decibéis
Vento balançando folhas suavemente
10 dB
Jardim Silencioso
20 dB




Quarto Silencioso
30 dB
Violino tocando muito baixo
30 dB
Música tocando baixo
40 dB
Conversa em tom normal
60 dB
Aparelho de Ar Condicionado a 6 metros
60 dB
Voz Humana a 1 metro
70 dB
Campainha do telefone
70 dB
Aspirador de Pó
80 dB
Caminhão Pesado a 15 metros
90 dB
Sirene de polícia
90 dB
Caminhão de coleta de lixo
100 dB
Serra Circular
100 dB
Bate estacas
110 dB
Banda de Rock, Discoteca
120 dB
Buzina de carro
120 dB
Jato na decolagem
140 dB
Limiar da Dor
140 dB

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