Atualização do registro de
doadores de medula e infraestrutura para realização do procedimento são algumas
das fragilidades apontadas pela Sociedade Brasileira de Transplante de Medula
Óssea
A atualização dos dados cadastrais de potenciais doadores
brasileiros de medula óssea tem sido um dos principais desafios à realização
dos transplantes de medula óssea. Embora haja atualmente mais de três milhões
de pessoas listadas no Registro de Doadores de Medula Óssea (REDOME), o que
coloca o País em terceiro lugar no ranking mundial de base de dados, atrás dos
Estados Unidos (sete mi) e Alemanha (seis mi), a entrave consiste na
localização destes doadores.
De acordo com o Centro de Transplante de Medula Óssea (CEMO)
do Instituto Nacional de Câncer (Inca), responsável pelo REDOME, a dificuldade
está nos dados informados, que geralmente estão desatualizados. Segundo o órgão
o percentual de desatualização está em torno de 30% a 35%. Para reverter este
cenário o CEMO anunciou no início deste ano a criação de projeto de fidelização
de doadores, no qual a pessoa poderá por meio de um site atualizar seus dados,
além de obter informações sobre o processo de doação e do procedimento em
si.
A Sociedade Brasileira de Transplante de Medula Óssea
(SBTMO) apoia esta iniciativa e manterá seus estímulos empreendidos junto aos
médicos transplantadores e população no sentido de conscientizar quanto a
importância de manter o registro sempre atualizado. A entidade esclarece que o
doador compatível é peça fundamental para o paciente que necessita de um
transplante de medula, opção terapêutica capaz de reverter o prognóstico de
pacientes com doenças benignas e malignas (cânceres), como linfomas, leucemias,
mieloma múltiplo, síndrome mielodisplásica, tumores sólidos e, até mesmo,
doenças autoimunes.
Além do Registro
Outro desafio, conforme esclarece a SBTMO, vai além do
registro e é crucial para o procedimento ser efetivado. Segundo a Sociedade
ainda há uma fragilidade no que cabe ao acesso aos leitos para efetivar o
procedimento na modalidade “alogênico” – quando o doador é aparentado ou não
aparentado. Muitas vezes o paciente encontra o doador compatível, mas não há
local para realizar o procedimento. “A fragilidade enfrentada hoje é que o
número de pacientes é muito maior em relação à capacidade física instalada no
País para a realização desse tipo de procedimento, sem falar na formação e
disponibilidade de equipes multiprofissional especializada, fundamental
para o sucesso dos transplantes”, avalia a presidente da SBTMO, Lucia
Silla.
No início de 2015 foi anunciado pelo Ministério da Saúde
(MS), o incremento de 230 mil reais no campo do transplante de medula óssea (TMO).
A perspectiva é de até 2016 triplicar a capacidade de realizar o procedimento
na modalidade alogênico (quando o doador é aparentado ou não aparentado) por
meio da criação de novos leitos no País, o que elevaria a oferta atual de 88
para 250 leitos.
Lucia avalia que a medida é positiva e resultado de uma
reivindicação já antiga da Sociedade, em defesa dos transplantadores e
pacientes, que têm lutado nos últimos ois anos pela criação de mecanismos de
aumento da capacidade física de transplantar no País. Entretanto, a presidente
da entidade reforça que ainda é necessário estabelecer um processo de
manutenção da qualificação dos serviços e equipes de transplante para atender à
demanda gerada. Por ser um procedimento de alta complexidade, é preciso ainda
que haja uma definição quanto ao ressarcimento dos
centros transplantadores que realizarem o TMO alogênico. “Esperamos que
este incremento contribua com a mudança do cenário fragilizado do acesso aos
leitos. Muitas vezes o paciente encontra o doador compatível, mas não há local
para realizar o transplante”, relata Lúcia.
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