A
dengue se tornou uma epidemia no país e fora dele. A questão é tão grave que o
Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês) dos Estados Unidos emitiu alerta aos americanos para o
risco de contrair dengue e malária em
viagens ao Brasil. Em nosso país, o número de casos registrados em 2015 já é
240% maior que o registrado no mesmo período do ano passado. Até o dia 28 de
março deste ano, o país registrou cerca de 460 mil casos da doença, enquanto no
ano passado, no mesmo período, foram 135 mil. Números impressionantes foram
divulgados recentemente pelo Ministério da Saúde. Segundo o órgão brasileiro,
em média, são registrados 220 casos
por hora.
Com
esse aumento de casos, consequentemente, o número de mortes por complicações da
doença também avançou 29% em relação ao mesmo período do ano passado. Neste
ano, 132 pessoas já morreram por causa da dengue. Em 2014, foram 102. Mas será
que a forma como tratamos o lixo contribui para este surto de dengue?
A gestão correta do lixo e a
existência de um plano de gerenciamento de resíduos são elementos fundamentais
para que os índices de doenças, entre elas a dengue, diminuam nos municípios.
Como exemplo, podemos usar a cidade de Nazaré Paulista, em São Paulo. De acordo
com o Ministério do Meio Ambiente, a cidade possui um Plano de Gestão de
Resíduos ativo. Até agora, a região não registrou nenhum caso da doença. O
levantamento também mostra que em cidades onde não há um plano de gestão de
resíduos, os casos de dengue dispararam.
O lixo pode ser um grande
criadouro da dengue. Imaginemos, então, o nefasto efeito de milhões de
recipientes jogados indiscriminadamente nas ruas, terrenos baldios, quintais,
rios, margens de córregos e canais. São registrados casos de criadouros do
mosquito até em folhas de bananeiras caídas e expostas que acumulam pequenas
poças de água da chuva.
Vivenciamos isso
recentemente em várias regiões do país com a greve dos garis. Nesse período, o
acúmulo de centenas de milhares de toneladas de lixo dispostos nas vias e
logradouros públicos foi enorme. Com a água da chuva formam-se as pequenas
poças.
Segundo a Cetesb,
atualmente, no Estado de São Paulo, são produzidos cerca de 40 mil toneladas
diárias de resíduos sólidos domiciliares. É nítido que a falta de tratamento ou
a disposição final precária desses resíduos causam problemas envolvendo
aspectos sanitários, ambientais e sociais, tais como a disseminação de doenças,
dentre elas a dengue, a contaminação do solo e das águas subterrâneas e
superficiais, a poluição do ar pelo gás metano, etc.
As autoridades tem sua
parcela de responsabilidade em tudo o que está acontecendo, mas nós também
podemos agir. Devemos olhar atentamente o lixo gerado. O que precisa ficar
claro é que a melhor forma de lutar contra a doença é a prevenção. Gestão do
lixo e tratamento correto é a melhor forma de prevenir. O número crescente de
casos da doença prova que precisamos olhar com mais atenção e cuidado para o
que acontece ao nosso redor. Temos responsabilidade nesta epidemia. Se não
cuidarmos agora, o tempo vai cobrar.
Francisco
Oliveira - Engenheiro Civil e Mestre em Mecânica dos
Solos, Fundações e Geotecnia e fundador da Fral Consultoria. http://www.fralconsultoria.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário