domingo, 8 de março de 2015

Relação com genética reforça importância dos medicamentos para obesidade




Dois estudos que apontam genes que influenciam a obesidade indicam que problema precisa de tratamento farmacológico
 
A possível relação entre obesidade e genética é mais um indicador da importância do tratamento medicamentoso para a doença, de acordo com o Dr. Durval Ribas Filho, médico nutrólogo e presidente da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN). Os resultados de dois recentes estudos, publicados pela Revista Nature, em fevereiro, e que envolveram 300 mil pessoas, apontaram que a predisposição genética está entre os fatores que podem influenciar essa condição. Dessa forma, segundo o médico nutrólogo, a relação com a genética comprova que a obesidade não é apenas uma consequência de hábitos não saudáveis, e sim uma doença crônica, como defende a Organização Mundial de Saúde (OMS).
Os dois estudos foram coordenados pela professora de medicina preventiva, Ruth Loos, do Hospital Monte Sinai, nos EUA. Os pesquisadores mostraram que 140 pontos do nosso genoma estão ligados à doença, o que reforçou as teorias da origem genética. Foram identificados 49 genes, dos quais 33 influenciam a proporção entre cintura e quadril. “As pessoas que possuem a cintura maior do que o quadril apresentam mais gordura acumulada em torno dos órgãos abdominais, o que aumenta os riscos de terem problemas como diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares”, explica o médico nutrólogo.
Para o Dr. Ribas, somados todos os fatores de riscos associados à obesidade às recentes descobertas que relacionam a genética à doença, é preciso ponderar que, quando o paciente não apresenta resultados na perda de peso habitual – com dieta e exercícios físicos –, o tratamento medicamentoso deve ser considerado. “Nem todo obeso come muito e nem todo magro come pouco. O que sabemos, pela nossa experiência e seriedade, é que são pacientes que precisam do tratamento adequado, mesmo que ele seja através de medicação controlada”.
No Brasil, há ainda em curso um debate em torno dos medicamentos inibidores de apetite que agem no sistema nervoso central. Mesmo aprovado o decreto que libera sua comercialização, os produtos ainda não estão à disposição da população, e a agência reguladora exige que as indústrias farmacêuticas apresentem novos estudos para a requisição dos registros, mesmo considerando os que já foram expostos em 2011. Para o presidente da ABRAN, a predisposição genética para a obesidade deve ser levada em consideração. “Se existe ligação entre os genes e a disposição para a obesidade, este é mais um motivo para considerá-la como uma doença a ser tratada corretamente”.
Dados do Vigitel 2013 (pesquisa do Ministério da Saúde sobre fatores de risco e prevenção de doenças crônicas) revelam que 50,8% dos brasileiros estão acima do peso e que, destes, 17,5% são obesos, o equivalente a mais de 17,5 milhões pessoas. A obesidade pode ser associada a riscos aumentados de problemas cardiovasculares e um dos principais fatores para o diabetes, e também de alguns tipos de câncer. Um estudo da União Internacional de Combate ao Câncer (UICC) mostrou que 30% dos casos de câncer nos países ocidentais são causados pela combinação da má alimentação com o sedentarismo, que também traz como consequência o sobrepeso.
 

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