terça-feira, 10 de março de 2015

O piso salarial dos professores aumentou, mas os profissionais ainda precisam ser muito mais valorizados no país




O Ministério da Educação (MEC) anunciou um reajuste de 13% no piso salarial dos professores, elevando, desde janeiro, o valor de R$ 1.697 para R$ 1.917,78. O piso é relativo à jornada de 40 horas semanais para professores de escola pública com formação de nível médio.
O cálculo do aumento do piso docente é feito de acordo com as regras da Lei do Piso, aprovada em 2008. O reajuste é baseado na variação do valor anual mínimo pago por aluno matriculado nos anos iniciais do Ensino Fundamental de escolas urbanas. Esta quantia é definida pelo Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb).
É fato que o aumento salarial cumpriu a lei, mas é necessário ir além. Em um tempo em que nós, a sociedade como um todo e as autoridades educacionais, buscamos uma escola que atenda mais e melhor à população que dela faz uso, é preciso fortalecer uma política de valorização de educadores, com melhores condições de trabalho, salário e formação continuada, para que a pátria seja, de fato, educadora. Sabemos das dificuldades do país, mas é preciso acelerar o processo, antes que seja tarde demais.
Esse incentivo precisa vir lá do começo. É preciso que os jovens sejam motivados a serem professores e encontrem incentivo e sentido no magistério. Só assim eles serão empenhados e acreditarão no seu potencial, de forma a fazer diferença em seu trabalho. Valorizar o magistério é essencial para que os professores possam realizar suas tarefas com dignidade.
É evidente que apenas oferecer um salário maior não irá comprometer nem qualificar o corpo docente, visto que possibilidades culturais e de lazer são também fundamentais; é essencial haver políticas de ampliação das remunerações. Isso, aliado a políticas de avaliação externa de docentes, discentes e gestores, que indiquem intervenções técnicas de nossos gestores públicos, a fim de dar saltos na qualidade da escola pública.
O investimento na formação e valorização dos professores trará melhores perspectivas para o futuro da educação, já que a intervenção pedagógica adequada dos educadores faz quase toda a diferença na escola. Todos defendem a ideia de que a atividade docente se torna cada vez mais complexa e exigente; no entanto, também é consensual a ideia de que a carreira docente com um estatuto social decadente, formação fragilizada e remuneração baixa não atrai à profissão os estudantes mais qualificados, nem anima os melhores profissionais a se manterem nas escolas públicas.
Acredito que, em educação, não há uma solução milagrosa para tudo; então, é preciso combinar diferentes alternativas e esforços. Pensando de um modo mais amplo, há quatro caminhos para melhorar a situação da educação brasileira: qualificar continuamente o professor; continuar a melhoria da distribuição de renda; investir na educação infantil e alfabetização para que as crianças sejam incluídas em nossa sociedade letrada; e escolher materiais didáticos melhores, que deem chance ao aluno de ter acesso a conteúdos de qualidade.
Para alcançar esse objetivo, é necessário que todos trabalhem unidos. Sem a cooperação do poder público – gerando políticas eficazes –, da iniciativa privada – produzindo conteúdos de qualidade para alunos de todas as classes sociais – e das associações de classe – auxiliando na formação continuada –, não será possível melhorar de fato a qualidade da educação do nosso país.

Francisca Romana Giacometti Paris - pedagoga, mestra em educação, diretora de serviços educacionais da Saraiva e ex-secretária de Educação de Ribeirão Preto (SP)

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