sábado, 6 de dezembro de 2025

Sono bagunçado nas férias: como lidar com adolescentes que dormem tarde e acordam mais tarde

“O descanso também precisa ter ritmo”, afirma Valma Souza, diretora do PB Colégio e Curso

 

A cena se repete em muitas casas quando chegam as férias: o adolescente vira a noite vendo série, conversando com amigos, jogando ou simplesmente aproveitando a liberdade que não tem durante o ano letivo. Acorda mais tarde, perde a noção do relógio e reorganiza o corpo do jeito que quer. Para os pais, surge a dúvida clássica: até onde isso é normal? 

Para Valma Souza, diretora do PB Colégio e Curso, o fenômeno é natural. O corpo do adolescente funciona em outro ritmo biológico, especialmente entre os 13 e os 17 anos. A diferença é que, durante o ano letivo, a escola obriga um horário. Nas férias, o corpo escolhe seu próprio tempo. “O adolescente aproveita a primeira janela real de liberdade. Ele não está sendo preguiçoso. Está regulando o corpo como o corpo dele naturalmente funciona nessa fase”, explica. 

Valma destaca que parte da tendência de dormir tarde vem das mudanças hormonais típicas da adolescência, que alteram o ciclo circadiano e empurram a sonolência para mais tarde. Com isso, o jovem passa a ter mais energia no fim do dia e menos no início da manhã, algo incompatível com o calendário escolar, mas totalmente compatível com as férias.
 

O ponto de atenção

Para a especialista, o problema não é dormir tarde. O problema é perder o ritmo ao ponto de prejudicar humor, convivência, alimentação e disposição. Quando a rotina vira caos, o corpo sente e a irritabilidade aparece. “As férias pedem descanso, não desregulação completa. O adolescente pode se ajustar, mas precisa de um fio de ritmo, nem que seja mínimo”, orienta Valma. 

Ela reforça que impor regras rígidas não funciona. O adolescente interpreta como controle. Por isso, o caminho mais saudável é trabalhar com acordos e previsões, nunca com imposições.
 

Como ajustar sem transformar em conflito

Valma sugere que os pais evitem brigas diretas sobre sono e, em vez disso, criem pequenas âncoras na rotina: uma atividade pela manhã em alguns dias, refeições em horários combinados, luz natural entrando no quarto, convites para programas leves fora de casa. O objetivo não é fazer o adolescente acordar cedo todos os dias, mas evitar que o relógio biológico se distancie demais da vida real. 

Ela também explica que o ajuste para o novo ano letivo acontece melhor de forma progressiva.

“Se a família tenta virar o relógio do adolescente de um dia para o outro, vira um campo de batalha. Se começa com 20 ou 30 minutos de ajuste por dia, o corpo acompanha sem sofrimento”, afirma.
 

Quando o sono vira sinal de outra coisa

Dormir demais ou muito tarde pode, em alguns casos, indicar cansaço emocional acumulado. Nas férias, o adolescente finalmente encontra espaço para desacelerar depois de um ano intenso. Por isso, observar comportamento, humor e apetite é tão importante quanto observar o relógio.
 

Estratégias que ajudam a recuperar o equilíbrio do sono

Valma explica que ajustar o sono nas férias não é sobre “disciplinar” o adolescente, mas sobre criar um ambiente que o corpo dele aceite com mais naturalidade.
 

Algumas ações simples que funcionam bem nessa fase:

• Incentivar luz natural pela manhã para ajudar o corpo a despertar sem pressão.

• Manter refeições em horários minimamente regulares.

• Propor atividades leves fora de casa, que ajudam a marcar o dia.

• Estimular pausas à noite para desacelerar antes de dormir.

• Fazer o ajuste para o ano letivo de forma gradual, nunca abrupta.


Para Valma, o ponto central é olhar para o adolescente com compreensão, e não com cobrança.

“Quando entendemos que o corpo do jovem opera em outro ritmo, conseguimos estabelecer acordos mais leves e eficientes. Não é sobre controlar o sono. É sobre ajudá-lo a voltar ao ritmo sem sofrimento”, conclui Valma Souza, diretora do PB Colégio e Curso.


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