Em meio à
proximidade do verão e às altas taxas de radiação solar típicas de um país
tropical como o Brasil, a Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO)
reforça a importância da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de pele,
o tipo de tumor mais frequente no país e no mundo. A adoção de hábitos de
proteção diária, o reconhecimento dos sinais de alerta e o acesso ao tratamento
adequado podem evitar casos avançados, com menos danos e maior chance de cura
A campanha Dezembro Laranja marca o movimento de conscientização sobre o
câncer de pele, destacando o uso diário de proteção solar, o acompanhamento
dermatológico e a identificação precoce de alterações suspeitas na pele. Neste
contexto, a Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO) listou 16 fatos
essenciais que ajudam a dirimir dúvidas e orientar a população e profissionais
da saúde sobre os principais cuidados para reduzir casos avançados.
De acordo com o Instituto Nacional de Câncer
(INCA), o câncer de pele é o mais comum no Brasil, com estimativa de 220.490
novos casos de câncer de pele não melanoma para 2025, além de 8.980 novos casos
anuais de melanoma, o tipo mais agressivo. Na avaliação de Alberto Julius Alves
Wainstein, cirurgião oncológico e membro da SBCO, este é um tipo de câncer que
muitas das vezes é evitável. “Muitos dos fatores de risco ligados ao câncer de
pele podem ser prevenidos, principalmente ao evitar a exposição solar sem
proteção”, explica.
Embora a maioria dos casos ocorra em pessoas sem histórico familiar da doença, cerca de 10% dos melanomas estão associados a síndromes hereditárias, como o melanoma familial. Conforme reforça a SBCO em seus materiais educativos, pele clara com muitas pintas ou sardas, uso de câmaras de bronzeamento, falta de proteção solar adequada, atividades ao ar livre sem proteção e idade avançada são fatores de risco relevantes.
Confira abaixo 16 fatos essenciais sobre o câncer de pele:
- O
câncer de pele é o tumor mais frequente no Brasil e no mundo
Ele responde por cerca de 27% a 30% de todos os
tumores malignos registrados no país, somando os tipos melanoma e não melanoma.
- Existem
dois grandes grupos: câncer de pele não melanoma e melanoma
Conforme explica a SBCO, o câncer de pele não
melanoma é o mais incidente e, em geral, o de menor letalidade, enquanto o
melanoma é menos frequente, porém muito mais agressivo. O tipo não melanoma
acomete células que não produzem melanina; já o melanoma nasce dos melanócitos,
responsáveis pela pigmentação da pele, cabelos e olhos. Essa diferença celular
ajuda a entender por que o comportamento clínico e o risco de metástase são tão
distintos entre os dois grupos.
- O
câncer de pele não melanoma é muito comum e pode causar danos permanentes
se não tratado
O carcinoma basocelular representa cerca de 80% dos
casos de câncer de pele não melanoma e costuma se desenvolver nas camadas mais
profundas da epiderme. O carcinoma espinocelular acomete as camadas mais
superficiais, principalmente nas áreas mais expostas ao sol como rosto,
orelhas, lábios e dorso das mãos. Apesar de apresentarem, em geral, baixa taxa
de mortalidade, esses tumores podem causar deformidades importantes, invasão
local e necessidade de cirurgias mais extensas quando o diagnóstico é tardio.
- O
melanoma é menos frequente, mas responde por grande parte das mortes
Embora represente cerca de 4% a 5% dos tumores
cutâneos, o melanoma é responsável por aproximadamente 40% das mortes por
câncer de pele. Quando detectado em fase inicial, a taxa de cura ultrapassa
90%, mas cai para menos de 50% em tumores com espessura superior a 4
milímetros. Isso mostra como o momento do diagnóstico é decisivo para o
desfecho da doença e por que qualquer alteração suspeita na pele deve ser
valorizada.
- Os
sintomas vão além da “pinta feia” e incluem feridas que não cicatrizam
Os sinais de alerta incluem manchas que coçam,
descamam ou sangram, pintas que mudam de tamanho, formato ou cor e feridas que
não cicatrizam em algumas semanas, especialmente em áreas expostas ao sol. No
câncer de pele não melanoma, é comum o surgimento de lesões avermelhadas,
espessas, com crostas ou aspecto de ferida persistente. Já no melanoma, as
lesões tendem a ser mais pigmentadas, mas podem ter apresentações variadas, o
que reforça a importância da avaliação médica.
- A regra
do ABCDE é uma aliada no autoexame da pele
Para facilitar a identificação de lesões suspeitas,
a SBCO e a Sociedade Brasileira de Dermatologia recomendam a regra do ABCDE:
A de Assimetria (metades diferentes da lesão), B
de Bordas irregulares, C de Cor variada (preta, castanha,
avermelhada, azulada ou branca em uma mesma pinta), D
de Diâmetro maior que 6 mm e E de Evolução (mudanças ao longo do
tempo). Se uma pinta ou mancha apresenta uma ou mais dessas características, é
sinal de que precisa ser avaliada por um especialista.
- Nem
todo melanoma é escuro: existem formas pouco pigmentadas
Ao contrário do imaginário popular, melanoma não é
apenas uma pinta preta. O subtipo amelanótico praticamente não tem pigmentação
e pode ser róseo, avermelhado ou de cor semelhante à pele ao redor, o que
dificulta a identificação. Justamente por isso, qualquer lesão nova que cresça,
mude de aspecto ou provoque coceira, dor, sangramento ou descamação merece
atenção, mesmo que não seja escura.
- A
exposição solar inadequada é o principal fator de risco e o dano é
cumulativo
A radiação ultravioleta (UVA e UVB) é a principal
responsável pelo desenvolvimento do câncer de pele. As queimaduras solares na
infância e adolescência aumentam o risco de tumores na vida adulta, pois o dano
se acumula ao longo dos anos. Os raios UVA estão presentes do nascer ao pôr do
sol e se relacionam ao envelhecimento da pele e ao desenvolvimento de alguns
tipos de câncer; já os raios UVB são mais intensos entre 10h e 16h e causam
vermelhidão, queimaduras e aumento importante do risco de tumor.
- Idade,
tipo de pele, histórico familiar e profissão também influenciam o risco
A prevalência de câncer de pele não melanoma é
maior em pessoas de pele clara, acima dos 40 ou 45 anos, que trabalharam por
muitos anos ao ar livre sem proteção. No entanto, conforme alertam
especialistas, a média de idade ao diagnóstico vem diminuindo, em parte por
hábitos de exposição solar intensa e uso de bronzeamento artificial. Ter
histórico familiar de melanoma, imunidade baixa ou síndromes genéticas
específicas também aumenta o risco, exigindo vigilância redobrada.
- Todas as etnias podem ter câncer de pele, mas algumas regiões têm
incidência maior
O câncer de pele pode acometer pessoas de todos os
tons de pele, inclusive negras. Embora peles claras sejam mais vulneráveis aos
danos da radiação ultravioleta, pessoas negras e orientais podem desenvolver tumores
em áreas menos comuns, como plantas dos pés e palmas das mãos.
No Brasil, a região Sul concentra o maior número de
casos de melanoma, em razão do predomínio de fototipos claros. No cenário
internacional, países como Austrália e Nova Zelândia lideram as estatísticas da
doença, o que reforça o impacto da combinação entre clima e características
genéticas da população.
- Prevenção passa por filtro solar diário e barreiras físicas de
proteção
Proteção solar não é só “assunto de praia”. O uso
de filtro solar com fator de proteção (FPS) de, no mínimo, 30, reaplicado a
cada duas horas ou após entrar na água e suar excessivamente, é recomendado
sempre que se estiver ao ar livre, mesmo em dias nublados. Chapéus de abas
largas, óculos escuros com proteção UV, roupas com tecido específico ou de
trama mais fechada e permanecer em áreas sombreadas são medidas simples, mas
decisivas para reduzir o risco de câncer de pele ao longo da vida.
- O
tipo de barraca e a faixa de horário fazem diferença na proteção
Nem toda sombra protege da mesma forma. Barracas de
praia feitas de algodão ou lona podem absorver até metade da radiação
ultravioleta, oferecendo proteção mais confiável. Já barracas de nylon deixam
cerca de 95% dos raios UV atravessarem o material. Por isso, mesmo na sombra, é
indispensável usar filtro solar e evitar se expor nos horários de maior risco,
entre 10h e 16h (ou 17h, em horário de verão), quando a radiação UVB é mais
intensa.
- Bronzeamento
artificial é comprovadamente cancerígeno e não é opção segura
Cabines de bronzeamento artificial utilizam
lâmpadas que emitem radiação ultravioleta em níveis que podem ser ainda mais
nocivos do que a exposição direta ao sol. No Brasil, essa prática é proibida
para fins estéticos justamente pelo risco de câncer de pele. Mesmo assim, ainda
persiste o mito de que um “bronzeado de base” seria protetor, o que não é
verdadeiro: qualquer escurecimento da pele é sinal de dano celular. A
recomendação das entidades médicas é clara: bronzeamento artificial não deve
ser utilizado.
- O
diagnóstico está cada vez mais preciso, graças a exames específicos
O primeiro passo costuma ser o exame clínico da
pele, realizado por dermatologista ou cirurgião oncológico. Para aprofundar a
avaliação, a dermatoscopia utiliza lentes de aumento e iluminação especial para
analisar estruturas que não são visíveis a olho nu. Tecnologias como
microscopia confocal in vivo e dermatoscopia digital permitem registrar imagens
em alta resolução e acompanhar a evolução das lesões ao longo do tempo,
contribuindo para decidir se é necessário remover a área suspeita.
- A
confirmação do tipo de câncer depende sempre da análise em laboratório
O diagnóstico definitivo é feito por biópsia, com
remoção parcial ou total da lesão e posterior exame anatomopatológico. Esse
exame identifica se o tumor é melanoma ou não melanoma, qual o subtipo, a
espessura e outras características que ajudam a definir o prognóstico e o
tratamento. Em alguns casos, técnicas complementares, como estudo de mutações
genéticas e análises de proteínas (proteômica), auxiliam no planejamento
terapêutico e na escolha de medicamentos-alvo, especialmente nos melanomas mais
avançados.
- Tratamento
é, em geral, cirúrgico e funciona melhor quando o tumor é descoberto cedo
Na maioria dos casos de câncer de pele não
melanoma, uma cirurgia relativamente simples, em consultório ou centro
cirúrgico, é suficiente para remover a lesão com margens de segurança e obter
altas taxas de cura. Em alguns quadros, podem ser utilizados tratamentos como
terapia fotodinâmica, criocirurgia ou imunoterapia tópica. Já no melanoma, a
abordagem é eminentemente cirúrgica: além da excisão da lesão, pode ser
necessária a biópsia do linfonodo sentinela e, em situações selecionadas, a
associação com imunoterapia, quimioterapia ou radioterapia.
Atenção permanente
O desafio do câncer de pele no Brasil exige atenção
contínua, especialmente em um país tropical com altos índices de radiação solar
durante todo o ano. Na avaliação de Wainstein, informação de qualidade e
vigilância cutânea são elementos centrais para mudar esse cenário. “Além de ser
um câncer potencialmente evitável, a boa notícia é que a maioria dos casos pode
ser identificada em estágios iniciais, desde que haja atenção às mudanças na
pele e o paciente mantenha acompanhamento regular com especialista”, reforça o
cirurgião oncológico.
Conforme destaca o especialista, o tratamento
costuma ser simples e altamente eficaz quando o diagnóstico é feito
precocemente, sendo a cirurgia a principal abordagem terapêutica. Na maioria
dos casos, a remoção completa da lesão é suficiente para garantir a cura e
evitar procedimentos mais complexos. “O tratamento cirúrgico é rápido e seguro,
mas, dependendo do tipo e da profundidade do tumor, outras abordagens podem ser
recomendadas, como terapias tópicas, radioterapia ou imunoterapia. O mais
importante é que o paciente seja avaliado precocemente para definir a melhor
estratégia”, conclui Wainstein.
SAIBA MAIS
https://sbco.org.br/cancer-de-pele-tudo-que-voce-precisa-saber/
https://sbco.org.br/como-e-feito-o-diagnostico-do-cancer-de-pele/
https://sbco.org.br/saiba-mais-sobre-o-cancer-de-pele-nao-melanoma/
https://sbco.org.br/como-e-feito-o-diagnostico-de-melanoma/
https://sbco.org.br/o-que-e-melanoma-e-como-identificar-uma-lesao-suspeita/
https://sbco.org.br/cancer-pele-melanoma-maligno/
https://sbco.org.br/atualizacoes-cientificas/melanoma-responde-por-4-entre-10-mortes-alerta-sbco/
Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica - SBCO

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