quinta-feira, 18 de dezembro de 2025

DE REDES SOCIAIS ABERTAS A TAXAS MILIONÁRIAS: O QUE MUDOU NA IMIGRAÇÃO AMERICANA EM 2025

 Com políticas mais caras e rígidas, os brasileiros enfrentam revisões, detenções e controle ampliado. Especialista em imigração explica as principais mudanças em 2025, e o que esperar em 2026.

 

O ano de 2025 ficará marcado como o período em que os Estados Unidos passaram pela maior guinada migratória. A volta de Donald Trump à Casa Branca, em 20 de janeiro, desencadeou uma reestruturação completa das políticas de imigração, impactando vistos de trabalho, turismo, estudo, refúgio e permanência. No primeiro ano, o governo já promoveu aumentos de taxas, suspendeu processos de asilo, restringiu entrevistas consulares e proibiu a entrada de cidadãos de 19 países com o objetivo de reduzir a chegada de estrangeiros e iniciar a maior operação de deportações americana.

Só em 2025, o número de brasileiros deportados pelos Estados Unidos atingiu o maior patamar desde o início da série histórica da Polícia Federal, em 2020. Entre janeiro e 1º de outubro, 2.262 pessoas foram devolvidas ao Brasil, alta de 37% em relação ao total de 2024. No mesmo período, 24 voos de deportação já haviam sido realizados, com previsão de outros 12 até dezembro. O ritmo semanal deve consolidar 2025 como o ano com mais deportações de brasileiros, superando o recorde anterior, de 2021. Em paralelo, os EUA lidam com o maior contingente de imigrantes já registrado: cerca de 60 mil pessoas em centros de detenção, contra 39 mil no início do ano, impulsionados pela meta do governo de realizar até 3 mil prisões por dia.

“O que estamos vendo em 2025 não é apenas um ajuste administrativo, é uma mudança de lógica”, afirma Larissa Salvador, advogada de imigração e CEO da Salvador Law, com escritório sediado na Flórida “A administração Trump passou a tratar a mobilidade internacional como um tema de segurança nacional, e isso altera completamente a postura dos consulados, das agências de fronteira e até das cortes. Para o brasileiro, isso significa processos mais caros, análises mais restritivas e um nível de escrutínio que não víamos há muitos anos”, resume.

Principais mudanças
Entre as alterações que mais afetaram brasileiros estão:

  • Retorno da entrevista obrigatória para todos os solicitantes, incluindo crianças menores de 14 anos e idosos acima de 79;
     
  • Limitação do tempo de permanência: quatro anos para estudantes e até 240 dias para jornalistas;
     
  • Exigência de perfis de redes sociais públicos durante a análise de vistos estudantis, ampliando a fiscalização sobre comportamento, conexões e intenções do solicitante;
     
  • Os EUA aprovaram uma regra final que autoriza a coleta de dados biométricos (incluindo fotografia facial) de todos os estrangeiros na entrada e saída do país, com implementação a partir de 26 de dezembro de 2025. Essa coleta será realizada em aeroportos, portos terrestres e marítimos, e outros pontos de entrada e saída autorizados, expandindo o programa que antes operava principalmente em fases piloto e em alguns aeroportos.
     
  • O Teste de Cidadania para Naturalização de 2025 ficou mais rigoroso, o conjunto de perguntas possíveis aumentou de 100 para 128, e agora o candidato precisa responder 20 questões sorteadas na hora, em vez de 10. Para ser aprovado, deve acertar pelo menos 12, o dobro do exigido anteriormente.
     
  • O aumento da taxa do visto H-1B, que passou de US$ 215 para US$ 100 mil por petição. O valor vale somente para solicitações novas, não afetando renovações nem quem já possui o visto ativo.
     
  • O governo Trump também planeja começar a exigir que turistas estrangeiros isentos de visto divulguem histórico de redes sociais dos últimos cinco anos antes de entrarem nos Estados Unidos, segundo um comunicado oficial.
     
  • Outro ponto marcante de 2025 foi o lançamento do ‘Gold Card’, programa que permite residência permanente a estrangeiros que pagarem US$ 1 milhão. A versão corporativa, voltada a funcionários patrocinados, custa o dobro.


Cenário para 2026

Para quem pretende iniciar um processo de visto no próximo ano, Larissa afirma que é preciso mais cautela: “Quem vai aplicar para 2026 precisa ter uma atenção ainda maior. Histórico migratório limpo, informações totalmente consistentes, documentação robusta e estratégia desde o início serão determinantes. Os erros que antes geravam atrasos agora podem custar a negação do visto”, alerta.

Segundo a especialista em imigração, os programas humanitários também devem enfrentar mais restrições. “O setor de refúgio tende a sofrer endurecimentos, pausas e revisões. Já estamos vendo reanálises de decisões concedidas nos últimos três anos para cidadãos de países considerados de alta preocupação. Asilo e refúgio serão os mais afetados pelas decisões políticas atuais”, destaca.


Para quem mora nos EUA

Para os brasileiros que já vivem no país, a orientação é redobrar os cuidados. A atuação do ICE cresceu em 2025, com operações em locais de trabalho, creches, aeroportos e consultas cruzadas a bancos de dados estaduais.
“Hoje, qualquer deslize pode ter consequências sérias. Evitar qualquer envolvimento criminal, não dirigir sem carteira válida, não trabalhar sem autorização quando isso gera registros formais e nunca mentir em formulários é fundamental. O que antes já era arriscado, agora pode significar a diferença entre permanecer ou ser deportado”, ressalta Larissa Salvador.

Ela reforça que quem tem caso pendente deve buscar regularização o quanto antes. “Sem advogado, o processo fica muito mais difícil. O juiz não pode ajudar o requerente a montar o próprio caso, e um erro técnico pode comprometer toda a estratégia.”


Copa do Mundo de 2026

Em relação a Copa do Mundo de 2026, que também será disputada nos Estados Unidos, a advogada explica que grandes eventos costumam criar a impressão de que haverá flexibilizações na entrada, mas que isso não deve acontecer. “A Copa do Mundo pode facilitar procedimentos pontuais para turismo e eventos, mas não muda política migratória. Não haverá abertura para vistos permanentes, asilo ou regularizações internas por causa do evento”, explica.

Segundo ela, é importante que os brasileiros não confundam o aumento do fluxo turístico com uma janela migratória, as regras continuam rígidas e a fiscalização, intensa.


Dra Larissa Salvador - Advogada de imigração tem como missão representar brasileiros que desejam conquistar o Sonho Americano por meio de soluções jurídicas personalizadas. Nascida em Madureira, no Rio de Janeiro, e tendo vivido boa parte da sua vida no Complexo do Alemão (RJ), Larissa passou mais de dez anos em situação ilegal nos Estados Unidos; experiência que despertou sua vocação para o Direito Imigratório. Residente em Boca Raton, na Flórida, Larissa é licenciada pela Ordem dos Advogados (BAR) da Flórida e de Washington DC e está há seis anos à frente da Salvador Law, escritório especializado em imigração, onde atua em processos de vistos para trabalho/negócios, estudo e turismo; defesa em casos de deportação; pedidos de fiança; regularização de status e ações com base no VAWA (Violence Against Women Act). Seu trabalho vem sendo amplamente reconhecido: recebeu o prêmio Top 40 Under 40 pela National Black Lawyers Association; o título de Personalidade Feminina do Ano pelo International Business Institute; e foi nomeada entre os Advogados Mais Influentes de 2025, com destaque no The Washington Post. Atualmente, a Salvador Law se consolida como referência em atendimento a brasileiros nos EUA, oferecendo uma gama completa de serviços jurídicos em imigração. Saiba mais em: Link

 

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