sexta-feira, 14 de novembro de 2025

Dia Nacional de Combate ao Câncer de Próstata: evidências mostram que exercício físico melhora resultados do tratamento e reduz risco de recidiva

 

Uma pesquisa publicada em julho de 2025 na New England Journal of Medicine reacendeu o debate sobre o papel da atividade física no enfrentamento do câncer. O estudo indicou que programas estruturados de exercício após a quimioterapia podem aumentar a sobrevida, reduzir a recidiva e melhorar os desfechos clínicos de pacientes oncológicos. Os achados, embora focados no câncer de cólon, reforçam um novo paradigma que vem sendo discutido por especialistas e que ganha relevância no contexto do Dia Nacional de Combate ao Câncer de Próstata, celebrado em 17 de novembro. 

Para o educador físico e fisiologista do exercício Diego Leite de Barros, há uma mudança clara no entendimento clínico. Se antes o repouso absoluto aparecia como orientação dominante, hoje cresce a compreensão de que o exercício, quando adaptado e monitorado, desempenha papel essencial para a eficácia do tratamento. “Não se trata de substituir terapias, mas de reconhecer que movimento e medicamento atuam de forma complementar e decisiva na evolução do paciente”, ressalta o especialista. 

O estudo publicado pela NEJM acompanhou 889 pacientes durante quase oito anos. Os dados são contundentes: aqueles que participaram de um programa estruturado de exercícios apresentaram 30% menos risco de recorrência e até 40% menos risco de morte em relação ao grupo que recebeu apenas orientações gerais de saúde. A sobrevida global também foi maior. A pesquisa abre espaço para que esse conhecimento seja estendido a outros tipos de câncer — incluindo o de próstata — por meio dos mecanismos comuns envolvidos: redução de inflamação crônica, melhora da imunidade, regulação hormonal e controle do peso. 

Instituições de referência, como o Instituto Nacional do Câncer (INCA), já reconhecem esses benefícios. Segundo posicionamento do Instituto, exercícios regulares — quando alinhados ao estado clínico do paciente — são seguros e podem melhorar aptidão cardiorrespiratória, qualidade de vida, humor, sono e reduzir a fadiga associada ao tratamento. O INCA também aponta que prática física adaptada previne comprometimentos funcionais e, em fase pré-operatória, pode reduzir complicações e tempo de internação. 

Diego reforça que a orientação profissional é indispensável. Para pacientes em tratamento, o ideal é ajustar intensidade, volume e frequência de acordo com as metas estabelecidas pelo médico responsável. “Não existe um treino único. Existe um paciente único”, afirma. Ele explica ainda que a associação entre exercício e queda de imunidade é um equívoco: o que enfraquece o sistema imunológico é o excesso sem recuperação adequada, e não a atividade física em si. 

Histórias reais já ajudam a demonstrar esse novo cenário. Um exemplo é o tatuador, escritor e influenciador digital Gustavo Teixeira, atleta amador da equipe da DLB Assessoria Esportiva, fundada por Diego, e criador do projeto “Esmagando o Câncer”, que já conta com mais de 120 mil seguidores. Em tratamento contra linfoma de hodgkin, desde 2007, ele concluiu um IronMan 70.3 sob acompanhamento profissional, ajustando a carga de treino conforme sua resposta clínica. Gustavo afirma que já passou por vários tipos de tratamento, como rádio e quimioterápicos, além de transplante de medula óssea e segue realizando sessões de imunoterapia. O percurso mostra como o exercício orientado devolve protagonismo ao paciente e melhora a tolerância às terapias. 

No mês dedicado à conscientização sobre o câncer de próstata, o tema ganha relevância por oferecer uma abordagem que ultrapassa a prevenção e inclui o paciente na construção do próprio tratamento. A integração entre exercício físico e oncologia se estabelece como uma frente segura, eficaz e respaldada pela literatura científica.


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