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O
nascimento prematuro de bebês - antes das 37 semanas de gestação - continua
impondo um custo bilionário ao sistema de saúde brasileiro. Segundo
levantamento da Planisa, consultoria especializada em custos hospitalares,
foram gastos cerca de R$ 13,5 bilhões em 2024 com internações de recém-nascidos
prematuros em unidades de terapia intensiva neonatal (UTI). A análise envolveu
uma amostra de 18 mil altas de prematuros que permaneceram internados, em
média, por 14 dias.
Os cálculos foram feitos com base em dados do Sistema de Informações
sobre Nascidos Vivos (SINASC)², do Ministério da Saúde, e no custo mediano da
diária de UTI neonatal em 60 hospitais do país — R$ 2.652 por dia, com
permanência média de 14 dias por recém-nascido. Ao projetar os custos com base
em uma pesquisa da ONG Prematuridade.com, feita com 2.900 famílias de bebês
prematuros entre outubro de 2016 e junho de 2019, que constatou uma média de 51
dias de internação em UTI neonatal, o gasto estimado salta para R$ 32 bilhões.
“Os
dados mostram que a prematuridade causa um enorme impacto financeiro, mas o que
mais preocupa são as consequências de longo prazo para essas crianças, suas
famílias e para a sociedade. É urgente fortalecer políticas de prevenção, como
o planejamento reprodutivo e o acesso a um pré-natal de qualidade”, ressalta a
diretora executiva da ONG Prematuridade.com, Denise Suguitani.
Ela
lembra que muitos bebês prematuros precisam de internações prolongadas e podem
enfrentar complicações graves, como doenças respiratórias, infecções,
dificuldades de alimentação e atrasos no desenvolvimento. “Por trás dos números
existem vidas, bebês, famílias. Pelo menos 12% das crianças nascidas no Brasil
são prematuras, então precisamos urgentemente diminuir esses índices, por meio
do fortalecimento de políticas de prevenção, e garantir que cada um desses
bebês tenha acesso ao melhor, mais moderno e mais humano cuidado, para que
possam não só sobreviver, mas crescer e se desenvolver adequadamente”, reforça
Denise.
Comparações - De janeiro
a setembro de 2025, o Sistema Único de Saúde (SUS) destinou cerca de R$ 13
bilhões às internações de recém-nascidos prematuros em UTI, um valor que
evidencia o peso econômico e social da prematuridade.
Para efeito de comparação, em dez anos, o SUS registrou 1,8 milhão de
internações por sinistros de trânsito, somando R$ 3,8 bilhões em despesas
hospitalares diretas, segundo dados oficiais do Ministério da Saúde. Ou seja,
em apenas nove meses, os gastos com prematuros foram mais de três vezes
superiores ao total desembolsado com as vítimas de acidentes de trânsito em
toda a última década.
Mesmo
considerando dados históricos (como o período de 2004 a 2013, quando as
hospitalizações por acidentes de trânsito custaram cerca de R$ 1,9 bilhão), o
contraste é ainda mais expressivo. Enquanto os acidentes de trânsito mobilizam
grande atenção pública e campanhas permanentes de prevenção, a prematuridade
continua sendo um desafio silencioso e de alto impacto financeiro para o
sistema de saúde. Na avaliação de Denise, questões sociais e culturais agravam
o cenário brasileiro, como a gestação na adolescência, a dificuldade de acesso
a consultas de pré-natal e a alta taxa de cesarianas eletivas. “É preciso
garantir que o cuidado comece antes do nascimento, especialmente para as
mulheres em situação de vulnerabilidade”, endossa a diretora.
“Reduzir a prematuridade é possível, mas exige um compromisso coletivo do poder
público, dos profissionais de saúde e da sociedade. Prevenir é sempre mais
humano e muito mais econômico”, conclui.
Sobre a ONG Prematuridade.com – A Associação Brasileira de Pais, Familiares, Amigos e Cuidadores de
Bebês Prematuros – ONG Prematuridade.com, é a única organização sem fins
lucrativos dedicada, em âmbito nacional, à prevenção do parto prematuro e à
garantia dos direitos dos prematuros e de suas famílias. A ONG é referência
para ações voltadas à prematuridade e representa o Brasil em iniciativas e
redes globais que visam o cuidado à saúde materna e neonatal. A organização
desenvolve ações políticas e sociais, bem como projetos em parceria com a
iniciativa privada, tais como campanhas de conscientização, ações beneficentes,
qualificação de profissionais de saúde, colaboração em pesquisas,
aconselhamento jurídico e acolhimento às famílias, entre outras.

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