sábado, 29 de novembro de 2025

Após revelação de Ana Castela, cirurgiã plástica explica riscos de “colar” a orelha de abano e quando a otoplastia é indicada

A cantora revelou que sofre bullying pela aparência das orelhas e usa cola para escondê-las. Especialista alerta sobre os perigos da prática, esclarece mitos e explica como funciona a cirurgia que corrige a orelha proeminente de forma definitiva

 

A revelação de Ana Castela, que contou usar cola para aproximar as orelhas por causa do bullying sofrido desde a infância, reacendeu o debate sobre orelhas proeminentes a chamada “orelha de abano” e sobre as alternativas seguras para correção. A declaração da cantora viralizou nas redes sociais e despertou dúvidas entre pais, adolescentes e adultos que convivem com a mesma característica.

Para esclarecer o tema, a cirurgiã plástica Dra. Larissa Sumodjo, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), explica que orelhas em abano são causadas por alterações ou aumento da cartilagem e que o uso de adesivos pode até disfarçar temporariamente, mas não corrige a deformidade. “A forma que temos para tratar a condição de maneira efetiva é através da cirurgia, a otoplastia, que aborda exatamente as alterações cartilaginosas. Adesivos apenas levam as orelhas para trás, mas não resolvem o problema”, afirma.

Sobre o hábito mencionado por Ana Castela, a especialista alerta que a prática exige cuidados. “Se forem utilizados produtos próprios para a pele, que não causem alergia, pode-se tentar aproximar as orelhas dessa forma. Mas, qualquer produto não adequado pode causar alergias, ferimentos e lesões cutâneas”, explica. Ela reforça que colas de uso geral são totalmente contraindicadas.

Com o aumento da procura por soluções estéticas rápidas, muitos se perguntam se existem adesivos realmente seguros para esse uso. “O mercado tem lançado produtos supostamente adequados para a pele, mas sempre é preciso verificar se são dermatologicamente testados e fazer um teste prévio para evitar reações”, diz a Dra. Larissa. Ainda assim, ela lembra que nenhum adesivo altera a cartilagem, e por isso o resultado tende a ser limitado e temporário.

A otoplastia, cirurgia que corrige a orelha de abano, é o tratamento definitivo. Pode ser realizada a partir dos 6, 7 anos, quando a cartilagem já está formada e, principalmente, quando a criança demonstra maturidade psicológica para lidar com o procedimento. “Não existe uma restrição absoluta, mas cada caso deve ser avaliado individualmente, considerando medo, ansiedade, aceitação e o impacto emocional da deformidade”, destaca.

O procedimento pode ser feito com sedação ou anestesia geral, a depender da idade, e atua remodelando as cartilagens que deixam as orelhas proeminentes. “A cirurgia ajusta as ‘dobrinhas’ da orelha por meio de pontos estratégicos, o que reduz o afastamento e devolve equilíbrio ao rosto”, explica. O pós-operatório exige o uso de uma faixa compressiva por cerca de um mês, além de evitar dormir de lado e suspender atividades físicas por algumas semanas.

Em casos em que a otoplastia não apresenta o resultado esperado ou quando há recidiva, uma nova avaliação é necessária. “A recidiva pode acontecer, e nesses casos podemos considerar uma nova cirurgia, sempre analisando de forma personalizada”, diz a especialista.

Com a repercussão do relato de Ana Castela, a Dra. Larissa reforça a importância de informação confiável para evitar danos estéticos e dermatológicos. “O incômodo com a aparência das orelhas é real para muitas pessoas, especialmente crianças e adolescentes. Mas, antes de recorrer a soluções improvisadas, é fundamental buscar orientação médica para evitar complicações.”

 

Dra. Larissa Sumodjo Cirurgiã Plástica, pela SBCP
dralarissasumodjo

 

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