Fundadora
da Oliveira Foundation defende que o primeiro passo para transformar pessoas e
sociedades não é ensinar, mas reconhecer o valor de cada indivíduo
Por
muito tempo, acreditei que a educação fosse o primeiro passo para transformar
uma sociedade. Mas, com o passar dos anos e convivendo com milhares de pessoas
em diferentes países e contextos, percebi algo essencial: ninguém aprende,
lidera ou muda quando não se sente valorizado. A verdadeira transformação
começa antes da educação, ela começa pela valorização humana.
Costumo
dizer que não existe aprendizado sem pertencimento. Quando uma pessoa se sente
vista, ouvida e importante, o desejo de aprender surge naturalmente. Mas quando
se sente invisível, desvalorizada e sem propósito, qualquer tentativa de
ensinar se torna apenas transmissão de conteúdo. E o conteúdo, sem sentido, não
gera mudança.
Em
nossos programas na Oliveira Foundation, seja com educadores, jovens ou
lideranças comunitárias, o primeiro movimento nunca é ensinar, mas lembrar às
pessoas do valor que elas têm. No projeto “Eu Cuido de Quem Cuida”, por
exemplo, antes de falarmos sobre metodologias de cuidado ou gestão emocional,
olhamos para quem está à frente das ações e perguntamos: “Você tem se lembrado
do impacto que causa na vida dos outros?” Essa simples pergunta costuma abrir
caminhos profundos de reconexão com o propósito.
O
mesmo acontece com as crianças e adolescentes nos programas de liderança. Antes
de falar sobre futuro, falamos sobre identidade. Antes de falar sobre metas,
falamos sobre sonhos. Quando uma criança descobre que tem valor, ela passa a
acreditar que também pode aprender, crescer e transformar o mundo ao seu redor.
Vejo
muitos discursos defendendo que a educação é a solução para todos os problemas
sociais. E sim, acredito na força da educação. Mas também acredito que a
educação só se torna poderosa quando encontra pessoas emocionalmente
valorizadas. É a valorização que dá sentido ao aprendizado, que desperta o
interesse, que reacende o amor pela vida e pelo conhecimento.
Dados
recentes do United Nations Development Programme (UNDP)
mostram que o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) que mede longevidade,
escolaridade e renda, apresentou retração em 2023 após duas décadas de
avanços contínuos. O relatório destaca o crescimento das desigualdades e o
enfraquecimento do sentimento de pertencimento social, especialmente em países
com baixa coesão comunitária. Isso reforça uma evidência clara: não basta
investir em educação formal sem investir em pessoas. O progresso humano depende
de dignidade e reconhecimento, não apenas de acesso a escolas.
Pesquisas
acadêmicas sobre dignidade e educação apontam que ambientes que valorizam o
aluno como pessoa têm resultados significativamente melhores em engajamento e
desempenho. Um estudo da MDPI (2024), conduzido em escolas da
Califórnia e da Eslovênia, mostrou que 94% dos estudantes afirmaram que
sentir-se valorizado na escola aumenta o interesse em aprender. Essa
constatação confirma o que vivencio todos os dias: antes de transmitir
conteúdo, é preciso garantir que cada pessoa se reconheça como alguém com
valor.
O World
Bank Human Capital Project também traz um dado importante: países que
combinam investimento educacional com políticas de valorização social — como
programas de reconhecimento comunitário, empoderamento juvenil e fortalecimento
emocional — apresentam taxas de desenvolvimento humano até 35% superiores às
que focam apenas em infraestrutura escolar. A valorização, portanto, não é um
complemento, mas um fundamento para que a educação produza transformação real.
Quando
estive recentemente na França, apresentando o trabalho da Oliveira Foundation
em eventos internacionais, fui questionada se acreditava que o primeiro pilar
da transformação era a educação. Respondi sem hesitar não, o primeiro pilar é a
valorização humana. E percebi que essa resposta causa estranhamento porque o
mundo está acostumado a olhar para resultados, e não para pessoas.
Mas
é impossível educar sem antes cuidar. É impossível ensinar sem antes valorizar.
Nenhum sistema educacional será eficaz se as pessoas dentro dele não se
sentirem respeitadas, acolhidas e importantes.
Por
isso, o que defendo e o que guia a atuação da Oliveira Foundation é simples e
direto: a valorização é o ponto de partida; a educação é o caminho que vem
depois.
Quando
valorizamos, despertamos o que há de mais humano nas pessoas: a vontade de
aprender, servir e transformar. E é a partir desse despertar que a verdadeira
mudança acontece.
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Oliveira Foundation:Para saber mais, acesse o site oficial, Instagram:ou pelo canal do youtube.
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