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Consultas e exames oftalmológicos podem auxiliar na identificação da doença e evitar possíveis danos oculares em consequência do tratamento
Estamos
no Outubro Rosa, mês de prevenção do câncer de mama, doença que mata mais de 20
mil mulheres por ano no Brasil, mas que quando descoberto na fase inicial, tem
altas chances de cura. A campanha chama a atenção para a importância da
detecção precoce, por meio da realização anual do exame de mamografia, a partir
dos 40 anos. O Ministério da Saúde recomenda iniciar a precaução ainda mais
cedo se houver casos da doença na família ou ao perceber algum nódulo suspeito
na mama.
A Dra. Lídia Guedes, médica oftalmologista do Hospital de Olhos de
Pernambuco (HOPE), diz que “o Outubro Rosa é uma iniciativa extremamente
importante, que tem conscientizado milhões de brasileiras sobre a importância
de se protegerem do câncer de mama. Mas é preciso que o cuidado com os olhos
também faça parte da saúde integral da mulher, pois além de poder ter
manifestações que afetam estruturas oculares, por meio de metástases, o câncer
de mama muitas vezes envolve tratamentos sistêmicos que podem repercutir na
visão”.
A médica orienta “manter uma avaliação oftalmológica anual com a
realização de exames de rotina, pois eles permitem identificar precocemente
alterações que muitas vezes não causam sintomas nas fases iniciais. Já para
pacientes com histórico familiar da doença ou que utilizam medicações hormonais,
o oftalmologista pode solicitar testes complementares como tomografia de
coerência óptica (OCT) e a retinografia, que ajudam a registrar e acompanhar
detalhes da retina e do nervo óptico ao longo do tempo”.
De acordo com a Dra. Lídia Guedes, “também é muito importante
procurar um oftalmologista caso surjam sinais como baixa de visão, visão
embaçada, dor e vermelhidão ocular, manchas no campo visual, sensação de
pressão nos olhos ou alterações físicas no globo ocular. Esses sintomas devem ser
prontamente investigados, pois podem ser indicativos de um possível tumor no
interior do olho, sendo que a atenção deve ser reforçada nas pacientes
diagnosticadas com câncer de mama”.
A médica reforça ainda que “durante o tratamento oncológico, o acompanhamento
oftalmológico é fundamental, já que alguns medicamentos utilizados, como o
tamoxifeno e outros agentes quimioterápicos, podem causar alterações na retina,
no nervo óptico ou na superfície ocular. Essas substâncias podem causar
sintomas leves como visão turva, ressecamento ocular e desconforto, até
alterações mais sérias, como retinopatia por tamoxifeno ou neuropatia óptica”.
Veja que condições são essas:
- Retinopatia por tamoxifeno: é uma complicação ocular rara
causada pelo uso do medicamento usado no tratamento do câncer de mama, que se
manifesta como uma degeneração da mácula, a parte central da retina, e pode
causar alterações como depósitos cristalinos e inchaços. Existe o risco de
perda de visão se a doença não for detectada precocemente.
- Neuropatia óptica: quando o medicamento afeta o nervo
responsável por transmitir as informações visuais do olho ao cérebro. Se
nenhuma medida for adotada, o paciente poderá sofrer danos na visão ou ter
cegueira permanente.
“Ao identificar alterações sugestivas de retinopatia ou neuropatia óptica, o oftalmologista deverá discutir o caso com o oncologista responsável para avaliar a necessidade de ajuste da dose ou substituição do medicamento. A decisão será sempre individualizada, considerando o benefício do tamoxifeno no controle do câncer e o risco visual. Além disso, o acompanhamento com exames de imagem permitirá observar a evolução e minimizar danos à visão. O mais importante é a integração entre as equipes médica e oftalmológica”, esclarece a Dra. Lídia Guedes.
Alguns efeitos oculares do tamoxifeno podem surgir de forma
tardia, por isso ao concluir o tratamento é recomendado que além de manter o
acompanhamento com o oncologista a paciente passe por consultas oftalmológicas,
a fim de garantir a identificação de possíveis alterações na visão. Vale
lembrar que o câncer de mama é o tipo de câncer mais comum entre as mulheres no
Brasil, mas que pode ser vencido com os avanços no tratamento e,
principalmente, com a detecção precoce.

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