Qual a primeira coisa que vem na sua mente quando
pensa em aprender com a concorrência? Para a maioria, a resposta envolve evitar
os mesmos buracos em que outras empresas caíram. Mas, e se mudarmos a
perspectiva? E se o foco estiver em aprender com os acertos? Inspirar-se em
boas práticas que deram resultado pode ser uma das formas mais poderosas de
acelerar inovação, gerar impacto e reduzir riscos.
Durante anos, consolidou-se a premissa de “errar e
corrigir rápido”. Em uma comparação, é como se fosse um treinador que prepara
seus atletas, unicamente, assistindo a vídeos de times que perderam, focando em
cada passe errado, em cada defesa falha e em cada decisão equivocada. No mundo
dos negócios, essa mentalidade é muito presente, com empresas obcecadas em
aprender com os erros dos outros, como se evitar desastres fosse o único
caminho para a excelência.
Porém, em um estudo publicado na revista científica
MDPI
em que analisou fatores críticos para o crescimento de startups, foi
identificado que os principais pontos determinantes de sucesso não estavam
apenas em corrigir falhas, mas em aspectos positivos como: as ideias
(considerada a variável mais importante para prever o sucesso de uma startup);
liderança do CEO (reforçando a capacidade de execução, visão estratégica e
decisões do líder como cruciais para o sucesso) e modelo de negócios (no qual a
forma como a empresa gera receita e valor é o terceiro fator mais relevante).
E por que isso importa? Porque acertos encurtam
caminhos. Ao se inspirar em boas práticas de outras organizações, é possível
economizar tempo e recursos no planejamento estratégico, direcionando os times
a inovarem a partir de táticas já testadas, adaptadas à realidade e aos
objetivos da empresa.
Além de reduzir riscos que podem comprometer
operações, esse movimento gera eficiência comprovada: outro estudo da McKinsey
mostra que duas em cada três organizações redesenharam seus modelos
operacionais nos últimos dois anos, conquistando ganhos entre 10% e 30% em
eficiência, desempenho, satisfação de clientes e engajamento de colaboradores.
A confiança e a reputação são consequências diretas
desse processo. Segundo o Edelman Trust Barometer 2024, 71% dos clientes
compram de empresas em que confiam, 69% recomendam essas marcas e 42% chegam a
defendê-las publicamente em momentos de crise. Ou seja, aprender com os acertos
e transformá-los em cultura e prática fortalece também a relação com
consumidores.
No ambiente interno, os efeitos são igualmente
relevantes. O Great Place to Work 2023 mostra que empresas reconhecidas em
rankings de gestão de pessoas apresentam 50% menos turnover, recebem três vezes
mais candidatos por vaga e têm até seis vezes mais engajamento. Reconhecimentos
não são apenas marketing: são ativos estratégicos para atrair, reter talentos e
construir times de alta performance.
É importante destacar que aprender com os
acertos não significa copiar. O valor está em adaptar, aproveitando boas
práticas de forma crítica. Cada empresa tem cultura, contexto e objetivos
próprios. A inspiração precisa ser crítica, traduzindo boas práticas em ações
alinhadas ao seu negócio. É um benchmark inteligente, como um ecossistema onde
organizações crescem juntas, sofisticando o mercado e ampliando a inovação.
Quem inspira, vira referência. Precisamos dessa
maior maturidade na forma de enxergar as operações, e o quanto que cada um de
nós pode contribuir para o crescimento de outras empresas, melhorando toda a
economia e inovação nacional.
Mas, para transformar discurso em prática, é
preciso método: criar comitês internos de análise, mapear dores e
oportunidades, traduzir práticas externas para a realidade local e filtrar o
que realmente faz sentido adotar. Nesse processo, a inteligência artificial
surge como aliada para análises preditivas, ajudando a evitar investimentos em
iniciativas que não trarão os resultados esperados
Lembre-se, não é porque uma boa ideia deu certo em
outra organização, que trará os mesmos resultados para a sua. Não precisamos
mais focar nos erros dos outros para agir melhor. Podemos, ao invés disso, nos
basear no que alavancou os resultados de outros negócios, em seus acertos, para
que as outras empresas também possam acertar. Afinal, o sucesso não é a
ausência de fracasso, mas a presença de boas decisões que aprendam com os erros
e busquem caminhos melhores.
Acertos criam atalhos, reduzem riscos e constroem
legados. E, quando compartilhados, fortalecem todo o ecossistema de negócios.
Elis Rosa - Gestora do Prêmio Inovativos.
Plataforma Inovativos
https://inovativos.com.br/
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