quinta-feira, 28 de agosto de 2025

Ultraprocessados já representam quase 25% da dieta de crianças até 5 anos: pediatra explica os piores alimentos

Doces, biscoitos, farinhas instantâneas e bebidas lácteas estão entre os produtos mais consumidos e podem comprometer o desenvolvimento infantil, alerta especialista.

 

Um levantamento nacional revelou que 24,7% da alimentação de crianças de até cinco anos no Brasil é composta por alimentos ultraprocessados. Os dados são do Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (Enani-2019), conduzido pela UFRJ com 14.505 crianças em 123 municípios e no Distrito Federal. 

O consumo cresce conforme a idade: entre 2 e 5 anos, 30,4% da dieta diária das crianças já é formada por ultraprocessados. Entre bebês de seis meses a dois anos, a taxa é de 20,5%, um número preocupante, já que a recomendação oficial é evitar totalmente esse tipo de alimento nessa fase. O estudo também aponta que 60,6% das crianças menores de 2 anos consomem doces e açúcares, índice que chega a 80,4% entre as de 2 a 5 anos. 

Dra. Juliana Alves pediatra e neonatologista, especializada em Pediatria Integrativa e Funcional, explica que esses números revelam um risco grave. “Nem todo ‘lanche rápido’ é inofensivo. Muitos produtos comuns na rotina das famílias escondem aditivos químicos, excesso de açúcar, sódio, gorduras de baixa qualidade e até substâncias com potencial cancerígeno”, alerta. 

Os piores ultraprocessados para crianças, segundo a pediatra:
 

Bisnaguinhas: feitas com farinhas refinadas e com alto índice glicêmico, favorecem obesidade, resistência à insulina e alterações intestinais.

Requeijão: contém gorduras saturadas de baixa qualidade e aditivos artificiais, funcionando como alimento inflamatório e pobre em nutrientes.

Biscoito de água e sal: apesar de parecer “leve”, costuma conter pesticidas nos grãos, farinha refinada e óleos vegetais inflamatórios.

Bolacha recheada: mistura de açúcar, farinha branca e óleos refinados que gera vício alimentar, sobrecarga do fígado e prejuízo à microbiota intestinal.

Nuggets: preparados com carnes de baixa qualidade, amido, sódio e aditivos; podem conter nitrosaminas, substâncias associadas ao câncer.

Salsicha: rica em sódio e conservantes como nitrito e nitrato, que aumentam o risco de doenças metabólicas e até câncer quando consumida com frequência.

Além do impacto direto desses produtos, a médica lembra que a alimentação das crianças começa muito antes do prato delas. Durante a gestação e a amamentação, tudo o que a mãe ingere influencia a saúde do bebê, desde a formação da microbiota intestinal até a regulação da imunidade e do metabolismo. Já na introdução alimentar, o exemplo é determinante: se a criança vê frutas, legumes e comidas naturais na mesa da família, é muito mais provável que aceite e goste desses alimentos. 

Na infância e adolescência, os hábitos do ambiente familiar continuam moldando escolhas. “Crianças que crescem em lares onde há refrigerantes, ultraprocessados e ‘comidinhas de pacote’ à disposição tendem a repetir esse padrão na vida adulta. Alimentação é um hábito coletivo: quando os adultos escolhem com consciência, as crianças naturalmente seguem o exemplo”, reforça a pediatra.

Para Dra. Juliana, cada refeição é uma oportunidade de educar e fortalecer vínculos. “Escolher o que vem da feira, preparar junto, sentar à mesa, comer com calma… tudo isso ensina a criança sobre saúde e sobre convivência. Cuidar da sua alimentação é, na prática, cuidar também da saúde do seu filho.”

 

DRA . JULIANA ALVES BARRETO RIBEIRO - CRM 112646 @DRAJUALVES. Formada na Faculdade de Ciências Médicas de Santos. Residência médica em pediatria e neonatologia pela Faculdade de Medicina da USP. Título de Especialista em Pediatria ( TEP) pela SBP. Título de Especialista em neonatologia ( TEN) pela SBP. Pós graduação em neonatologia pelo Hospital Israelita Albert Einstein. Atuou como médica pediatra e neonatologista no Hospital das Clínicas ( HCFMUSP) de 2008-2012. Atuou como pediatra e neonatologista no Hospital São Luiz de 2009-2019.



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