sábado, 9 de agosto de 2025

Relacionar-se sem se anular: como cultivar a autonomia emocional


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Especialista explica como desenvolver esse recurso interno, fortalecer vínculos e identificar sinais de desequilíbrio nos relacionamentos 


Reconhecer e compreender os próprios sentimentos, tomar decisões com base em valores pessoais e manter vínculos afetivos sem abrir mão da própria identidade: esses são aspectos essenciais da autonomia emocional, uma habilidade cada vez mais valorizada em tempos de excesso de comparação e imediatismo nas relações. Desenvolver esse recurso é um caminho para relações mais saudáveis e para o fortalecimento da autoestima, tanto na vida pessoal quanto profissional.
 

De acordo com Talita Rocha, professora do curso de Psicologia da Una, a autonomia emocional é construída ao longo do tempo, com base no autoconhecimento, na capacidade de autorregulação e em vivências de vínculo seguro. “A pessoa emocionalmente autônoma não precisa que o outro diga quem ela é. Ela se conhece, sabe o que sente, entende suas necessidades e tem clareza do que está disposta a negociar ou não dentro de uma relação”, explica. 

A autonomia não anula a afetividade. Pelo contrário, segundo a especialista, ela permite conexões mais genuínas, baseadas na escolha consciente e na confiança. “Relações saudáveis não exigem que uma pessoa se anule pela outra. O vínculo se sustenta justamente quando cada um preserva a própria identidade e se sente livre para expressar suas emoções”, completa.

 

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Como reconhecer a falta de autonomia emocional 

Dificuldade em tomar decisões sem consultar alguém, necessidade constante de aprovação, medo de desagradar ou ser rejeitado, ciúme excessivo e sensação de esvaziamento quando está sozinho são sinais comuns de uma autonomia emocional fragilizada. “É como se a pessoa precisasse do outro para validar a própria existência. Ela vive em função de agradar ou manter o vínculo a qualquer custo, o que pode gerar sofrimento psíquico, baixa autoestima e dependência afetiva”, alerta Rocha. 

Esse padrão pode se manifestar em diferentes contextos, como nas relações familiares, nos relacionamentos amorosos e até no ambiente profissional. Ambientes de criação muito controladores ou superprotetores, traumas emocionais e experiências de abandono podem estar na origem desse comportamento.

 

Construção gradual e possível 

Segundo a especialista, desenvolver a autonomia emocional é um processo individual, mas que pode ser iniciado com atitudes simples no cotidiano. “O primeiro passo é olhar para dentro: reconhecer o que se sente, refletir sobre por que determinadas situações afetam tanto e perceber quais são os próprios limites. A partir disso, é possível começar a dizer ‘não’, fazer escolhas mais conscientes e buscar relações mais equilibradas”, orienta Rocha. 

Outros caminhos importantes incluem cultivar uma rede de apoio saudável, praticar o autocuidado e buscar espaços seguros de escuta e expressão emocional, como a psicoterapia. “A terapia ajuda a reorganizar experiências passadas, ressignificar crenças limitantes e desenvolver uma autoestima mais sólida. Isso fortalece a autonomia e permite que a pessoa se relacione com mais leveza e liberdade”, afirma.

 

Nas redes sociais e no cotidiano 

A pressão estética, a idealização de relacionamentos e o consumo constante de conteúdos nas redes sociais também impactam a autonomia emocional. “A comparação constante e a expectativa de corresponder a padrões irreais podem enfraquecer a percepção de si mesmo. É importante lembrar que cada pessoa tem um tempo e uma trajetória, e que validar suas emoções é fundamental para manter o equilíbrio”, ressalta Rocha. 

Ao compreender que autonomia emocional não significa frieza ou afastamento, mas sim maturidade afetiva e autoconfiança, é possível transformar a forma como nos conectamos com o outro, sem perder de vista quem somos.

 

Centro Universitário Una


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