Mesmo produtivos e
em posições de liderança, milhares de brasileiros convivem com sintomas
emocionais ignorados
Mesmo com rotinas ativas e cargos de liderança,
milhares de homens brasileiros convivem com sintomas depressivos que raramente
são identificados como tal, nem por eles mesmos. Dados da Organização Mundial
da Saúde (OMS) indicam que os homens representam cerca de 75% dos casos de
suicídio no país, revelando um padrão silencioso de sofrimento que se perpetua
sob a imagem de sucesso. A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) alerta para os
impactos da repressão emocional crônica, frequentemente associada a esse
perfil.
Jair Soares, psicólogo e fundador do Instituto Brasileiro de Formação de Terapeutas
(IBFT). Doutorando em Psicologia pela Universidade de Flores (UFLO), na
Argentina e criador da Terapia de Reprocessamento Generativo (TRG), método que
tem se difundido justamente por não exigir que o paciente verbalize seus
traumas,um fator relevante para o engajamento masculino no tratamento
emocional. “A hiperprodutividade, o isolamento e a necessidade constante de
controle são, muitas vezes, disfarces emocionais. O homem que parece inabalável
pode estar à beira de um colapso interno”, afirma Soares.
A dificuldade de expressar emoções é amplamente
observada entre homens adultos. “A cultura ainda impõe ao homem a ideia de que
sentir é sinal de fraqueza. Eles não procuram ajuda porque não querem parecer
vulneráveis. Por isso, desenvolvem estratégias de fuga sofisticadas, trabalham
demais, tentam controlar tudo ou se tornam emocionalmente ausentes”, explica o
psicólogo. Nesses casos, a depressão pode se manifestar de forma atípica, com
irritabilidade, insônia, perda de interesse por atividades antes prazerosas ou
fadiga persistente. Muitos continuam funcionando, mas deixam de viver com
plenitude.
Baseada em princípios da neuropsicologia, o método
da TRG propõe a reorganização de registros emocionais profundos, frequentemente
formados na infância e mantidos ao longo da vida. “O paciente não precisa
contar sua história nem reviver traumas verbalmente. A metodologia acessa, de
forma estruturada e segura, as memórias que sustentam o sofrimento. É um
processo que respeita o tempo e os limites de cada pessoa. Ela só verbaliza
aquilo que quiser e se sente confortável”, detalha Soares.
Essa característica tem se mostrado especialmente
eficaz para homens que, por resistência cultural ou pessoal, não se sentem à
vontade em terapias centradas na fala. “Não é preciso dizer o que aconteceu
para que o corpo processe a dor. E esse processamento, quando bem conduzido,
pode neutralizar os gatilhos que alimentam quadros de depressão, ansiedade e compulsões”,
complementa o especialista.
Para Soares, o estereótipo do homem forte e
bem-sucedido contribui para a invisibilidade emocional. “Eles não são
percebidos como pessoas que podem estar em sofrimento. E, por isso, demoram a
pedir ajuda, quando pedem.”
Com mais de 50 mil profissionais formados no Brasil
e no exterior, Jair identifica que a depressão masculina tende a surgir em
contextos de alta exigência, nos quais não há espaço para falhas ou pausas. “A
mente continua operando como se o fracasso fosse inaceitável. E, nesse esforço,
a saúde emocional entra em colapso”, alerta o psicólogo.
Mais do que aliviar sintomas, Soares define como
“reestruturação emocional profunda”. A metodologia é tema de estudos acadêmicos
na UFLO, incluindo uma pesquisa focada especificamente em casos de depressão e
ansiedade, que apresenta resultados promissores na redução de sintomas. Outros
dois doutorados também estão sendo desenvolvidos com base na técnica.
Para homens que não se identificam com abordagens
terapêuticas tradicionais, a TRG tem se mostrado uma alternativa possível.
“Trata-se de uma proposta voltada a quem já tentou de tudo e não se sentiu
compreendido”, explica o psicólogo. “É para o homem que quer melhorar, mas não
sabe por onde começar. Para muitos deles, o silêncio foi o único recurso emocional
durante anos. Nosso trabalho é oferecer um caminho que respeite esse histórico,
mas que não o aprisione mais.” Segundo o especialista, a metodologia já evitou
casos de suicídio e tem relatos documentados. “Tiramos diversas pessoas de
quadros críticos, e temos trabalhos publicados sobre esses atendimentos”,
conclui Soares.
Instituto Brasileiro de Formação de Terapeutas - IBFT
Para mais informações, visite o site ou o Instagram.
Jair Soares dos Santos - psicólogo, terapeuta, hipnólogo, pesquisador e professor, além de ser o fundador do Instituto Brasileiro de Formação de Terapeutas (IBFT). Criador da Terapia de Reprocessamento Generativo (TRG), sua trajetória é marcada por desafios pessoais que o motivaram a buscar soluções eficazes para o sofrimento emocional. Após enfrentar episódios de depressão e insatisfação com abordagens terapêuticas tradicionais, Jair dedicou-se ao desenvolvimento de uma metodologia que pudesse proporcionar alívio real e duradouro aos pacientes. Sua formação inclui graduação em Psicologia pela Faculdade Integrada do Recife e especializações em áreas como hipnoterapia e análise comportamental. Atualmente é doutorando em Psicologia pela Universidade de Flores (UFLO) na Argentina, onde desenvolve uma pesquisa com a TRG em pessoas com depressão e ansiedade, alcançando resultados promissores com a remissão dos sintomas nestes participantes. Há mais dois doutorados com a TRG a serem desenvolvidos neste momento.
Para mais informações, visite o Instagram.
Nenhum comentário:
Postar um comentário