No setor farmacêutico, onde os riscos regulatórios, éticos e operacionais são elevados e constantes, a estruturação de um processo de governança corporativa baseado em compliance é mais do que uma boa prática — é uma questão de sobrevivência e reputação.
Com
o aumento da complexidade normativa, da vigilância dos órgãos reguladores (como
ANVISA, FDA e EMA) e da cobrança por responsabilidade socioempresarial,
empresas farmacêuticas precisam incorporar o compliance à sua cultura
corporativa como instrumento de governança estratégica e diferencial
competitivo.
O papel do compliance na indústria farmacêutica.
Compliance, nesse contexto, não se limita à conformidade legal. Ele envolve o cumprimento rigoroso das normas que regulam o desenvolvimento, a fabricação, o registro, a promoção, a distribuição e até o descarte de medicamentos. Inclui também práticas éticas no relacionamento com médicos, pacientes, entidades públicas e privadas, além de assegurar a integridade da cadeia de valor.
É
o compliance que sustenta a credibilidade das decisões tomadas pelos conselhos
e diretores, e que permite à governança corporativa funcionar de maneira
eficaz, prevenindo escândalos, sanções administrativas, recall de produtos e
perda de licenças.
Estruturação eficiente: da cultura ao controle
A criação de uma cultura de integridade na indústria farmacêutica exige um sistema estruturado, com políticas claras, códigos de conduta específicos para o setor, mecanismos de due diligence com terceiros, monitoramento constante, e canais de denúncia que assegurem anonimato e não retaliação.
Adicionalmente,
é fundamental que o compliance officer tenha autonomia e reporte direto à alta
gestão, garantindo independência na atuação e força institucional para
implementar medidas corretivas, quando necessário.
Riscos específicos e medidas preventivas
Entre os riscos mais sensíveis do setor estão o off-label marketing, pagamentos indevidos a profissionais de saúde, violação de patentes, manipulação de dados clínicos, e descumprimento de normas sanitárias. Cada uma dessas vulnerabilidades pode comprometer não apenas a operação, mas também a licença social da empresa.
A
atuação do compliance deve, portanto, ser integrada à gestão de riscos
regulatórios, à análise de impacto regulatório e à construção de uma agenda de
transparência ativa junto aos órgãos fiscalizadores e à sociedade.
Governança para um setor de alta responsabilidade.
A boa governança, com base no compliance, fortalece a responsabilidade corporativa, promove decisões mais sustentáveis e assegura que a empresa atue com ética, eficiência e foco no bem-estar coletivo. Em um setor que lida diretamente com a vida humana, a credibilidade e a confiança não são ativos opcionais — são essenciais.
Empresas
que integram compliance à governança colhem os frutos da estabilidade
institucional, da atração de investimentos, da conformidade internacional e da
reputação sólida diante da sociedade e do mercado.
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