Nova pesquisa realizada pelo Pós PhD em neurociências, Dr. Fabiano de Abreu Agrela, em parceria com o especialista em neurociências Flávio Nunes, propõe que ambos fazem parte de um mesmo espectro neuroevolutivo, modulados por diferenças no desenvolvimento cerebral
Quando falamos em autismo e superdotação, a tendência é pensar em dois universos completamente distintos. Um, muitas vezes, carregado de estigmas sobre dificuldades de interação social e desafios sensoriais, já o outro, frequentemente romantizado pela ideia de inteligência acima da média e alta performance acadêmica.
Mas um novo estudo publicado
na Atena Editora pelo Pós PhD em neurociências, Dr. Fabiano de Abreu Agrela em
parceria com o especialista em neurociências Flávio Nunes, traz uma visão
surpreendente: Autismo e superdotação podem, na verdade, compartilhar uma
origem neuroevolutiva comum.
Dois
extremos de um mesmo espectro?
O estudo "Correlação entre Superdotação e Autismo: Um Modelo Evolutivo e de Neurodesenvolvimento", propõe que essas duas condições não devem ser vistas como opostas, mas sim como manifestações diferentes de um mesmo eixo de desenvolvimento cerebral.
“Ambos apresentam
características estruturais e funcionais do cérebro que se sobrepõem,
especialmente na conectividade sináptica e na plasticidade neural, em outras
palavras, a forma como certas áreas do cérebro amadurecem mais rápido, mais
devagar ou de forma assimétrica pode definir se aquele cérebro se manifesta
como autista, superdotado ou, em alguns casos, com traços dos dois”, explica o
Dr. Fabiano.
O
que a neurociência revela?
Superdotação:
Maior integração entre diferentes redes neurais. Isso permite mais
flexibilidade cognitiva, criatividade e capacidade de associar informações.
Autismo: Tendência à hiperconectividade local, ou seja, redes neurais muito fortes em áreas específicas, o que gera talentos muito focados (como matemática, música, padrões), mas também dificuldades na comunicação social ou na flexibilidade de pensamento.
Ambos exigem altíssimo
consumo energético cerebral e estão associados a alterações em genes
relacionados à plasticidade neural, como SHANK3, COMT e CNTNAP2.
Uma
questão de evolução
Do ponto de vista evolutivo, tanto o cérebro autista quanto o superdotado são, na verdade, estratégias adaptativas diferentes.
“O
autismo representa uma versão de alta especialização, voltada para padrões,
previsibilidade e análise profunda, a superdotação, por outro lado, expande o
repertório adaptativo, privilegiando criatividade, pensamento divergente e
flexibilidade social”, descreve o Dr. Fabiano de Abreu Agrela.
O
futuro do entendimento sobre o cérebro humano
O estudo defende que o caminho está na caracterização funcional precisa de cada indivíduo, observando como seu cérebro se organiza, aprende e interage e não apenas em rótulos.
“A
neurociência mostra que somos mais espectros do que caixa, e isso vale tanto
para quem é considerado superdotado quanto para quem está no espectro autista”,
conclui o Dr. Fabiano de Abreu Agrela.

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