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Com a popularização
de vídeos curtos sobre saúde mental nas redes sociais, cresce o número de
adolescentes que chegam aos consultórios médicos já se autodefinindo como
“bipolares”, “TDAH” ou “borderlines”, sem qualquer avaliação profissional. O
alerta é da Dra. Carla Vieira, psiquiatra do CAPS Infantojuvenil II M’Boi
Mirim, unidade gerenciada pelo CEJAM (Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João
Amorim”) em parceria com a Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo (SMS-SP),
que destaca os riscos do autodiagnóstico e o impacto do ambiente digital na
saúde emocional dos jovens.
“É
cada vez mais comum ver adolescentes buscando explicações para o que sentem com
base em vídeos virais. Isso pode mascarar transtornos reais, reforçar rótulos e
dificultar o acesso ao tratamento correto. O diagnóstico precoce é importante,
mas precisa ser feito com critério clínico, não por influência digital”, explica a médica.
Dados
da pesquisa TIC Kids Online Brasil 2024 mostram que 93% da população entre 9 e
17 anos no Brasil está conectada à internet, e 83% têm perfis em redes sociais
como WhatsApp, Instagram, TikTok e YouTube. No entanto, o uso excessivo vem
acompanhado de efeitos colaterais: 29% relatam ter passado por situações
desagradáveis nas redes, enquanto 22% afirmam que deixaram de passar tempo com
a família ou fazer tarefas escolares por conta do tempo online.
Segundo
a especialista do CEJAM, adolescentes com histórico de trauma, bullying ou
diagnóstico prévio de transtornos mentais são particularmente vulneráveis ao
impacto negativo das redes. O uso intenso pode interferir diretamente na
construção da autoestima e da identidade de crianças e adolescentes. “A
comparação constante com os outros fragiliza o senso de identidade, aumenta a
ansiedade e pode levar à depressão. A grama do vizinho sempre parece mais verde
e isso, que já é difícil na vida adulta, é ainda mais complexo na adolescência,
quando o cérebro ainda está em formação e a tomada de decisões é mais
impulsiva”, afirma.
Outro
fator preocupante é o cyberbullying, que está associado a riscos elevados de
depressão, automutilação e ideação suicida. Além disso, conteúdos violentos ou
autodestrutivos podem reforçar comportamentos de risco, especialmente em jovens
emocionalmente fragilizados.
Para
lidar com esse cenário, Dra. Carla reforça que é papel do profissional acolher
o jovem, validar seu sofrimento e promover informações com base em evidências
científicas. “É essencial explicar o que é informação confiável e estimular
senso crítico sobre conteúdo online. Cada indivíduo é único, e precisamos
reforçar a autoestima e a individualidade desses jovens.”
Vieira ressalta também que o uso consciente das redes pode ser um aliado na promoção da saúde mental “Campanhas educativas, comunidades de apoio, perfis com conteúdo sério e acessível podem ser ferramentas poderosas. Mas é fundamental que pais e responsáveis acompanhem de perto o que os jovens estão consumindo online, mesmo respeitando sua privacidade, isso deve ser feito com responsabilidade.”
CEJAM - Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim”
@cejamoficial

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