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Infectologista
da UNIFESP, Dr. Klinger Soares Faíco Filho faz alerta sobre os riscos da gripe
aviária.
Nesta última sexta-feira (13), a Agência Goiana de Defesa Agropecuária, a Agrodefesa, confirmou o primeiro foco de gripe aviária em aves domésticas, criadas em quintal, no município de Santo Antônio da Barra, em Goiás. A confirmação veio após a morte de cerca de 100 galinhas que apresentaram sintomas como asas caídas, secreção nasal, dificuldade respiratória, apatia, diarréia e edema facial. A gripe aviária não representa riscos à saúde humana por meio do consumo de carne de aves ou ovos, o risco existe apenas em casos de contato direto com aves doentes.
O infectologista Dr. Klinger Soares Faíco Filho, professor da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), alerta para os riscos associados à gripe aviária, especialmente quando o vírus circula em ambientes com alta densidade de aves e contato frequente com humanos:
“Embora a transmissão para humanos ainda seja rara e ocorra, em geral, por contato direto com aves infectadas, a presença do H5N1 em granjas aumenta as chances de mutações, especialmente em ambientes de alta densidade animal e contato frequente com humanos. Ainda não há transmissão sustentada entre humanos, mas o vírus da influenza tem um histórico de mutações rápidas e rearranjos genéticos. Por isso, todo surto em ambiente produtivo deve ser tratado com seriedade, responsabilidade técnica e coordenação entre saúde humana, animal e ambiental, dentro da perspectiva de saúde única”, comentou o médico.
De acordo com o infectologista, na fase inicial o quadro clínico pode ser praticamente indistinguível. O que muda são os contextos, o vírus H5N1 costuma estar associada a contatos direto com o animal, surtos locais ou exposição ocupacional, e apresenta uma progressão mais agressiva, muitas vezes com evolução rápida para Síndrome Respiratória Aguda Grave, a SRAG. Este vírus costuma apresentar sintomas clássicos de síndrome gripal como febre, tosse, cefaléia, dor de garganta e mialgia.
“O H5N1 tem alta letalidade nos casos confirmados. A suspeição precoce salva vidas, tanto do paciente, quanto da comunidade. Na prática clínica o vírus pode ter uma evolução precoce para dispneia e hipoxemia, infiltrados pulmonares extensos detectados em tomografia, hemoptise, diarreia e em alguns casos manifestações neurológicas.”, explicou Dr. Klinger Faíco.
A possibilidade de que o H5N1 sofra uma mutação que facilite a transmissão sustentada entre humanos não é apenas teórica. Desde 2023, a OMS alerta para variantes com maior tropismo por células humanas, e episódios de transmissão entre mamíferos foram documentados em criadouros de visons e focas. Com o vírus agora presente em granjas comerciais brasileiras, o alerta se intensifica. Profissionais de saúde devem estar preparados para identificar rapidamente casos suspeitos, contribuir com a rede de vigilância e orientar a população de forma segura e baseada em evidências.
“Esse é o tipo de ameaça que se
constrói em silêncio. O momento de agir é agora, não quando os casos se
multiplicarem. A experiência da Covid-19 não pode ser esquecida”, finaliza o
infectologista.
Klinger Faíco - médico infectologista com título de especialista pela Sociedade Brasileira de Infectologia. Doutor em Infectologia pela UNIFESP e MBA em Gestão em Saúde, atua com foco no diagnóstico e tratamento de doenças infecciosas, incluindo HIV, hepatites virais e IST’s. Além disso, o infectologista é CEO do InfectoCast, e professor universitário, fundador e consultor em controle de infecção hospitalar na Consultoria IRAS.

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