Colocar uma criança para dormir está longe de ser uma tarefa simples.
Sei disso por experiência própria. Como mãe de duas meninas, vivo o desafio noturno entre historinhas, copos d’água e o famoso “só mais um beijinho”. Foi assim que percebi: o sono é um aprendizado. E, como todo aprendizado, exige rotina, exemplo e paciência.
Em paralelo, na minha prática clínica como cirurgiã-dentista,
durante a minha pós-graduação em dor orofacial, comecei a estudar relação da má
qualidade do sono com dores crônicas. Sono, inclusive, tornou-se minha área de
pesquisa no mestrado. No âmbito clínico, passei a observar um outro lado:
pacientes jovens entre 20 e 30 anos, aparentemente saudáveis, relatando
dificuldades para dormir, ansiedade e uso de medicações indutoras do sono. São
adultos que nunca aprenderam a dormir — e agora tentam compensar com remédios o
que deveria ser hábito.
Enquanto ensinamos crianças a comer bem ou praticar
esportes, o sono segue ignorado. Poucos pais explicam aos seus filhos que é à
noite que o corpo cresce, o cérebro organiza memórias e as emoções se
estabilizam. Dormir vai muito além do descanso.
Pesquisas da Associação Brasileira do Sono (ABS) e
da Associação Brasileira de Medicina do Sono (ABMS) revelaram que 2 em cada 3
pessoas têm algum grau de comprometimento do sono. É um dado preocupante — mas
ainda possível de mudar.
Por isso, defendo que dormir bem é um hábito
construído desde a infância. Porque dormir também se aprende. E o momento de
ensinar é agora.
Há algumas dicas para um sono melhor, que podem ser
adotadas por todas as pessoas, desde as crianças e jovens, até os pais que
precisam colocar os filhos para dormir:
- Crie
uma rotina com atividades relaxantes;
- Mantenha
horários regulares para dormir e acordar mesmo aos finais de semana;
- Evite
telas pelo menos 30 minutos antes de dormir;
- Mantenha
o quarto escuro, silencioso e com uma temperatura agradável;
- Exponha-se
ao sol pela manhã por 30 minutos;
- Evite
cafeína e energéticos à tarde/noite;
- Use
o quarto apenas para dormir.
Adotar essas práticas — ou ao menos incorporá-las
gradualmente à rotina — pode ter um impacto significativo na qualidade do sono.
No caso das crianças, é fundamental ensiná-las desde cedo sobre a importância
do descanso para o crescimento e o bem-estar, apresentando o sono como um
verdadeiro superpoder que as ajuda a aprender, crescer e enfrentar melhor os
desafios do dia a dia. Ao cultivar essa consciência desde a infância, podemos
vislumbrar um futuro em que as pessoas não apenas dormem melhor, mas vivem de
forma mais saudável e equilibrada.
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