Especialista orienta sobre como a exposição luminosa influencia diretamente no equilíbrio emocional durante os meses frios
Com a chegada do outono e do inverno, é frequente a percepção de alteração no humor e desânimo sem causa aparente. Embora pareçam efeitos naturais da mudança climática, esses sinais podem indicar um quadro mais sério: a Depressão Sazonal, também conhecida como Transtorno Afetivo Sazonal (TAS).
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 5% da população mundial sofre com esse tipo de depressão, que tende a surgir com a redução da luz solar nos meses mais frios e escuros do ano. Os sintomas incluem tristeza persistente, falta de motivação, excesso de sono, ganho de peso, dificuldade de concentração e, em casos mais graves, pensamentos suicidas.
A depressão sazonal tem causas biológicas, ligadas à diminuição da luz solar, que afeta a produção de serotonina e melatonina — neurotransmissores que regulam o humor e o sono. Trata-se de uma condição clínica real que pode ser tratada. Esse tipo de depressão é mais comum em países de clima frio e invernos rigorosos, mas o transtorno também é registrado no Brasil, especialmente nas regiões Sul e Sudeste. A boa notícia é que há tratamento. A combinação de psicoterapia, fototerapia (exposição à luz artificial) e, em alguns casos, medicamentos antidepressivos pode trazer melhora significativa em poucas semanas.
E, além disso, algumas mudanças simples na rotina ajudam na prevenção:
- Manter
uma alimentação equilibrada
- Praticar
exercícios físicos regularmente
- Estabelecer
horários fixos para dormir e acordar
- Buscar exposição à luz natural sempre que possível
A especialista em iluminação saudável Adriana Tedesco reforça que a luz elétrica pode ser uma importante aliada na prevenção e no tratamento do transtorno: “Acredito que a luz, como uma das principais ferramentas dentro de um ambiente, cria condições que ajudam nos processos de cura, pois o ambiente é um fator determinante para o TAS. Projetar a luz com foco nesses aspectos, simulando cenários luminosos da natureza, resgata memórias e sensações biológicas, promovendo a cura naturalmente. Cuidar da luz a que ficamos expostos é tão importante quanto o tratamento médico”, orienta.
É possível adaptar ambientes internos, como escritórios ou casas, para melhorar os sintomas da depressão sazonal por meio da iluminação elétrica, que pode ser projetada para ser uma dose de energia ao acordar. Luzes mais brancas e intensas possuem espectro para estimular a produção do cortisol (hormônio esteroide que regula o humor) e dar mais ânimo e disposição às pessoas mais sensíveis à mudança de estações, além de ajudarem em um dos sintomas desse período, que é o isolamento social.
Adriana também recomenda o hábito de acordar cedo a fim de
regular o relógio biológico e minimizar os sintomas da depressão sazonal:
“Tentar se expor ao máximo à luz natural, intensa e branca, e, se o dia não
proporcionar essa situação, compensar com a luz elétrica simulando esse
cenário. Isso vai garantir que o próprio organismo regule seu biorritmo
natural”.
É importante lembrar que alguns cuidados precisam ser tomados. Uma ambiência de luz muito amarela durante o dia, difusa e sem contrastes, pode agravar os sintomas de depressão. A luz amarela é recomendável a partir das 20 horas, pois contribui na fisiologia noturna, mas, se utilizada durante o dia e sem a presença da luz natural, pode desencadear um processo de tristeza, fadiga e desânimo.
Segundo Tedesco, os ambientes noturnos também devem ter a
iluminação ideal para um melhor descanso durante o sono: “Cenários noturnos bem
projetados, com temperatura de cor abaixo de 2700 kelvin, ou âmbar, ajudam a
melhorar a qualidade e profundidade do sono. Desempenham um papel importante em
reduzir o desgaste emocional”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário