Apagões em larga escala, quedas de sistemas críticos, falhas no fornecimento de energia, interrupções em redes de telecomunicação, ataques cibernéticos, eventos climáticos extremos. Cada uma dessas situações, isoladamente, já representa um enorme desafio.
Mas a
realidade que se impõe é que, cada vez mais, a causa importa menos do que as
consequências. Seja uma falha técnica, um acidente, um ataque intencional ou um
efeito das mudanças climáticas, o resultado é sempre o mesmo: paralisação,
prejuízo, perda de confiança.
O recente
apagão em parte da Europa, que deixou países sem energia elétrica e interrompeu
comunicações e serviços essenciais, é apenas mais um alerta de como estamos
vulneráveis. E, como em tantos episódios similares, pouco importa se a origem
foi um erro técnico, um superaquecimento, uma falha humana ou um ataque
cibernético. O impacto para a sociedade e para os negócios é o mesmo, e é
avassalador.
Vivemos uma
era em que a conectividade é tão vital quanto a eletricidade. Empresas,
governos e sociedades inteiras operam em tempo real, sustentadas por sistemas
digitais, cadeias globais de suprimentos e infraestruturas críticas. E,
justamente por isso, seguimos alimentando uma ilusão perigosa: a de que estamos
seguros.
.
Em tempos de guerra híbrida, tensões geopolíticas e crises climáticas, nenhum
evento crítico pode ser analisado de forma isolada. Como destacou o secretário-geral
da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), todo incidente deve ser
tratado como potencialmente híbrido até que se prove o contrário. A linha que
separava acidente de ataque, falha técnica de sabotagem, simplesmente
desapareceu.
E o mais
duro: para a sociedade e para os negócios não faz diferença se o colapso foi
causado por uma sobrecarga técnica ou por uma ação maliciosa. O efeito é o
mesmo.
Hospitais
operam no limite, sustentados por geradores. Redes de telecomunicação colapsam.
Transportes urbanos param. Canais de abastecimento são comprometidos. Empresas
de todos os setores perdem horas, dias e, muitas vezes, perdem algo ainda mais
difícil de recuperar: a confiança.
Em um mundo
totalmente conectado, a linha entre o físico e o digital deixou de existir. E o
custo das falhas — financeiro, reputacional e estratégico — não é apenas alto:
é progressivo. A cada nova interrupção, a confiança nos sistemas que sustentam
a sociedade moderna se torna ainda mais frágil.
A principal
lição para os líderes empresariais é brutalmente simples:
se sua organização não está preparada para resistir a falhas sistêmicas, sejam
físicas, digitais ou híbridas, você está apenas comprando tempo até ser o
próximo a ser impactado.
Resiliência
não é uma escolha. Resiliência é uma exigência. É sobrevivência. Essa nova
realidade exige:
- Planos de continuidade de negócios vivos, testados e
atualizados.
- Redundância real em energia, comunicação e dados
críticos.
- Uma cultura organizacional preparada para agir sob
crise e pressão.
- Monitoramento constante de riscos físicos e digitais,
de forma integrada.
Porque, no
próximo colapso, poucos vão perguntar se foi acidente ou ataque.
Mas todos lembrarão de quem conseguiu permanecer de pé.
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